Paulo Navarro | segunda, 6 de novembro de 2023

Entrevista com Carol Saletti. Foto: Henrique Mourão

Baila Comigo

Se ela dança, eu danço! Se a psicóloga especialista em Psicomotricidade, mestre em Psicologia da Saúde e do Desenvolvimento, Carol Saletti, dança, todos podemos ou deveríamos dançar, principalmente mulheres maduras, com corpos, músculos e elasticidade que conheceram outros carnavais. Para isso, Carol oferece uma metamorfose muito mais que ambulante, um casulo! O Casulo, no Santo Antônio, é um estúdio, um “Espaço e Tempo de Dança” destinado a mulheres maduras que têm como sonho aprender a dançar. “As aulas levam em consideração as transformações dos corpos das vidas de nossas alunas no decorrer do tempo”. Carol promete paixão, prazer e música boa, sem obrigação ou sofrimento. Carol oferece “O Penúltimo Tango em Paris”, para a vida toda valer a pena viver.

Carol, você é psicóloga especialista em Psicomotricidade? O que é?

Um campo de estudo e de práticas que tem como foco o sujeito, seu corpo, seus movimentos e a relação deles com o mundo interno e externo. Meu instrumento de trabalho é a dança. Através dela eu ajudo as pessoas a terem maior consciência corporal, a se estruturarem melhor com relação ao tempo e ao espaço, a melhorarem sua coordenação motora e a se sentirem melhor consigo mesmas, com os outros e com o mundo à sua volta.

E também mestre em Psicologia da Saúde e do Desenvolvimento (FR)?

Sim! Em 2010, me mudei para a França para fazer este mestrado no qual a minha pesquisa foi sobre dança, autoestima e competência socioemocional.

Há 26 anos você usa a dança não apenas para dançar, mas para viver melhor?

Isso! A dança, além de ser a minha paixão e estar presente há 41 anos na minha vida (eu tenho 45 e comecei a fazer aula aos quatro), também é minha missão. Há 26 anos dou aulas, inicialmente para crianças e, desde 2010, também para mulheres maduras.

Aulas para Mulheres Maduros são lazer, ginástica, terapia, o que?

É tudo isso e mais um pouco. A mulher madura precisa fazer atividade física porque o corpo dela necessita de movimento, de reforço muscular, de alongamentos e de atividades aeróbicas. Contudo, ela não quer mais fazer nada por obrigação, com sofrimento. Ela busca prazeres na vida. Então, fazer uma aula que trabalhe isso tudo, com música boa e bem dançante faz todo o sentido para ela. E sendo bem conduzida e rodeada de mulheres que vibram com a mesma energia, isso tudo pode ser muito terapêutico!

Em uma palavra, “Casulo”?

Metamorfose.

Saudade e idade não têm idade?

Todo corpo pode dançar, não importa a forma, a destreza e a idade. Somos seres dançantes em uma cultura muito dançante também, então, bora dançar!

Quais os tipos de dança?

Oferecemos vários estilos de dança no Casulo, desde samba para iniciantes, aulas de ballet clássico, “Dança&Expressão”, “DançAtiva” (que é uma aula do beabá da dança para as mulheres que se sentem desengonçadas, sem ritmo e sem coordenação motora. Uma aula para manter ativos corpo e mente; aula de “WakeUp!”, nosso “carro chefe”, uma metodologia que eu criei que leva em consideração as transformações do corpo das mulheres ao longo dos anos, trabalhando tônus, flexibilidade, expressão proporcionando muitos “acordares” no corpo e na vida como um todo.

Onde dançam?

O Casulo fica no bairro Santo Antônio, mas possuímos escolas parceiras em outros bairros: Cidade Jardim, Santa Efigênia, Prado, Dona Clara e até em Nova Lima. Todas as nossas turmas acolhem mulheres com seus corpos diversos e com experiências diferentes com relação à dança. Podemos unir numa mesma turma, uma mulher de 40 anos com mais de 20 anos de experiência em dança fazendo aula com uma mulher de 65 anos sedentária e iniciante. Isso para nós é uma grande riqueza!

E o clube de leitura e os grupos terapêuticos? Outro tipo de dança, dança para o cérebro?

O nosso trabalho vai para além da dança. Assim, promovemos encontros para confraternização dessas mulheres. Fazemos aulões gratuitos em praças de BH aos domingos, temos Clube do Livro uma vez por mês com temas que abordam alguma questão relacionada ao universo feminino e grupos terapêuticos para as mulheres que buscam encontros consigo mesmas.

Como foi a experiência do espetáculo “É Vida”, em pleno Finados, no Teatro Sesiminas?

Simplesmente maravilhosa, difícil de ser descrita. Reunimos 180 mulheres que ficaram 1h20 em cena, mulheres que dançaram temas relacionados à vida. No processo de criação do espetáculo eu fiz um convite a todas elas a pensarmos o que é a vida para a gente, mulheres maduras, com toda a bagagem de vida que carregamos. Surgiram temas riquíssimos e dançá-los nos ajudou a elaborar muitas questões que tínhamos relacionadas à vida e à morte. Vocês poderão ver um pouco desse trabalho no documentário que estamos produzindo sobre todo esse processo e o produto lindo que foi este espetáculo que, assim como muitos bons momentos da nossa vida, foi fugaz, mas digno de um belo registro.