Paulo Navarro | segunda, 4 de setembro de 2023

Entrevista com Marcelo de Souza e Silva. Foto: Alessandro Carvalho

Progresso na Veia

Sim, a entrevista de hoje está longa, mas vale cada centímetro, muito interessante. Isso porque quem fala é Marcelo de Souza e Silva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte - CDL/BH e do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas. É como se entrevistássemos duas pessoas, em duas grandes funções. A verdade é que sozinho, mas com ótimas equipes, Marcelo dá conta dos mil e um recados. E muito bem.

Convidamos vocês a conhecer estas duas forças, a CDL/BH, a maior do Brasil, sabiam? E o Sebrae Minas, fonte de produtos, serviços e educação. Conheçam também a fértil parceria das duas entidades com o poder público, “buscando fortalecer o ambiente de negócios nos municípios mineiros”.

Vejam que CDL e Sebrae são “usinas” de emprego e renda, valorizando a Cultura, sempre fundamental e o Turismo, o “novo ouro de Minas”. Depois, “tim-tim”, com uma deliciosa Caipiblue.

Marcelo, o que é a CDL/BH?

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, mais conhecida como CDL/BH, é uma entidade privada que, há 63 anos, é a principal representante do setor de comércio e serviços na cidade, o pulmão da nossa economia, responsável por 72% do PIB e mais de um milhão de empregos. Nossa organização, orgulhosamente, carrega o título de maior CDL do país. E, quando digo maior, refiro-me não apenas à estrutura física, mas também ao capital humano, representatividade social, econômica e política, além de ser uma entidade inovadora e pioneira em diversas iniciativas que foram replicadas em todo o país. Foi na CDL/BH, quando ainda era o Clube de Dirigentes Lojistas, que nasceu um dos serviços mais importantes e significativos do país: o Serviço de Proteção ao Crédito, o SPC Brasil. Uma excelente ferramenta tanto para quem vende quanto para quem compra. Atualmente, somos porta-voz de mais de 13 mil associados, distribuídos em diversos segmentos, entre eles: instituições financeiras, telecomunicações, instituições de ensino, hipermercados e supermercados, construção, imobiliário, serviços e varejo.

Como vai o comércio em Belo Horizonte? Recuperado?

Nos últimos anos fomos muito penalizados com as consequências da pandemia e ainda sentimos esses reflexos. Infelizmente, muitas lojas encerraram as atividades de forma definitiva. Por outro lado, muitos se reinventaram, adotaram novos hábitos e seguem na ativa. As últimas datas comemorativas foram muito positivas. Neste mês, o Dia dos Pais, por exemplo, ganha força a cada ano. Encerramos o primeiro semestre com crescimento de 0,77% e todos os segmentos apresentaram desempenho positivo. Ainda há muito o que avançar para alcançarmos plena recuperação, mas acredito que fatores como desaceleração da inflação, redução da taxa de juros e programas de renegociação de dívidas, como o Desenrola Brasil, irão contribuir para uma melhora neste semestre e também no próximo ano.

O que é o Sebrae Minas?

O Sebrae Minas é uma entidade associativa de direito privado, sem fins lucrativos, instituída sob a forma de serviço social autônomo. No Sebrae oferecemos produtos e serviços para empreendedores em diversos estágios de desenvolvimento. Aqui ajudamos a iniciar, diversificar ou ampliar a atuação dos pequenos negócios do estado. Atualmente, temos dois pilares de atuação. O apoio ao empreendedor e o desenvolvimento econômico local e regional. Temos como propósito impulsionar o empreendedorismo para transformar vidas. Hoje, o Sebrae tem uma atuação determinante junto às prefeituras na construção de um ambiente propício aos negócios e à geração de riquezas. Apoiamos os municípios mineiros com soluções para o planejamento de políticas e estratégias de desenvolvimento local e regional, visando a construção de um ambiente econômico favorável à atividade empreendedora e ao crescimento dos pequenos negócios. Outro aspecto que ganha muita força no Sebrae Minas é a educação. Trabalhamos para fortalecer a cultura empreendedora, por meio da capacitação de professores e da educação de jovens, apoiando as novas gerações em suas decisões e sonhos de vida. Esse é o Sebrae, que está à disposição para transformar a vida dos mineiros. É uma das poucas instituições presentes em todos os municípios do Estado.

Micro e Pequenas empresas são realmente os pilares da economia mineira?

Sem dúvidas. Somente em Belo Horizonte, para se ter ideia, das quase 410 mil empresas em atividade, mais de 350 são microempresas e mais de 22 mil empresas de pequeno porte. Em Minas Gerais, das mais de 2,3 milhões de empresas ativas, 2,08 milhões são micro e mais 93 mil são de pequeno porte. São empresas que geram renda, emprego e movimentação social em nosso estado.

O que CDL/BH e o Sebrae têm em comum além do presidente?

As duas organizações têm como propósito tornar nosso estado e nossa capital um ambiente acolhedor para aqueles que desejam empreender. Acreditamos no empreendedorismo como um dos movimentos econômicos e sociais mais poderosos e transformadores. Frequentemente ouço relatos de pessoas que mudaram suas vidas e a de suas famílias ao serem encorajadas a empreender, seja por ações da CDL/BH ou do Sebrae Minas. Acho que esta é a principal característica comum entre CDL/BH e Sebrae: apoiar quem deseja empreender e gerar desenvolvimento econômico e social.

Como consegue conciliar o comando destas duas “instituições”?

De fato não é tarefa fácil conciliar as agendas e compromissos. Mas o desafio é o que nos move. Quando vejo os resultados de nossas ações impactando tantos negócios e transformando a vida de milhares de pessoas, contribuindo para o desenvolvimento de nossa cidade e estado, sinto-me mais motivado a entregar um trabalho de qualidade. Além disso, conto com excelentes equipes, tanto na CDL/BH quanto no Sebrae Minas, que dão o suporte fundamental para conciliar as gestões. Tenho também o apoio de uma família incrível, que compreende minha ausência em alguns momentos, mas sabe que isso faz parte de compromisso pessoal em prol do desenvolvimento econômico e social de Minas Gerais. Sempre tive o associativismo na veia.

E a recente parceria com a Fundação Clóvis Salgado e Secretaria de Estado de Cultura e Turismo – Secult/MG, na exposição “Jequitinhonha: Origem e Gesto”? Quais os frutos?

Foi a primeira vez que o artesanato do Jequitinhonha ocupa o Palácio das Artes. É importante ressaltar que o apoio do Sebrae ao artesanato do Jequitinhonha é um projeto robusto, que transformou a vida de várias pessoas na região, principalmente com a criação da marca território, em 2021. Além de preservar a identidade cultural do território, gera renda não apenas para os artesãos, que são 99% mulheres, mas para empreendedores que atuam em outras atividades, relacionadas ou não ao artesanato. Alguns números já impressionam. De acordo com o Centro de Artesanato Mineiro, entidade responsável pela comercialização das peças da Ocupação Vale do Jequitinhonha, desde a abertura da exposição houve um aumento significativo pela procura e comercialização da cerâmica do Vale do Jequitinhonha. Atualmente, a demanda pelas peças de Artesanato do Vale se destaca na loja do centro de artesanato, e supera mais de 50% das vendas do artesanato mineiro em geral. A visitação na exposição também está além das expectativas, com número expressivo de visitantes. Tudo isso valoriza e dá visibilidade ao trabalho dessas pessoas e ao Vale.

O programa “Minas Criativa” é sinônimo de emprego e renda?

Se entendermos que os programas representam qualificação de toda a cadeia da cultura e turismo de Minas Gerais, aliado com ações de acesso ao mercado, é claro que sim. Temos convicção de que o programa é sinônimo de emprego e renda. A partir das qualificações ofertadas pelo Sebrae Minas a este público, temos a profissionalização de toda a cadeia da economia criativa, trazendo informações, cursos e, principalmente, fazendo com que estes empresários possam acessar novos mercados, participando de eventos, ações culturais e demais atividades de fomento do segmento. Enxergamos as potencialidades de cada região, trabalhamos os aspectos tradicionais e possibilitamos o ganho e o desenvolvimento de toda uma cadeia produtiva.

“Mais Turistas e Secult no Município” também?

O Sebrae Minas tem fortalecido cada vez mais as parcerias com o poder público, em busca de fortalecer o ambiente de negócios nos municípios mineiros. O Mais Turistas tem como objetivo qualificar os destinos e empresas relacionadas ao trade turístico, bem como criar novos produtos e experiências turísticas; promover e posicionar o estado de uma forma mais competitiva no mercado, por meio da participação de eventos, realização de rodadas de negócios, entre outras ações. Estamos vivendo em Minas uma nova descoberta do ouro. Só que esse novo ouro de Minas atende pelo nome de turismo. Definitivamente, o Estado despertou para esse grande promotor de desenvolvimento econômico, social e cultural do nosso Estado.

Por falar em frutos e parcerias, temos o Sebrae e a CDL/BH também com o Governo de Minas, a mesma Secult e a ilha de Curaçao, no Caribe. Nova “praia de mineiro”, mais chique ou muito além disso? O que é e o que pode gerar?

Com essa parceria abrimos um grande destino internacional para os mineiros. Além de uma troca turística é também econômica e cultural. Essa parceria pode gerar frutos econômicos, como a Missão Minas Para o Mundo, em Portugal, que já trouxe o complexo hoteleiro Villa Gallé para Ouro Preto. Temos um imenso potencial turístico a ser explorado e acredito que o intercâmbio é uma das formas mais eficientes para se fazer. Com essa parceria iremos colocar Minas Gerais em mais uma rota internacional e atrair os olhares de possíveis investidores.

Já brindou a tudo isso com a “Caipiblue”?

Sim! Tive o privilégio de experimentar em primeira mão o drinque em um jantar na Casa Floresta. O mixologista Honório Gonçalves foi muito feliz nesta criação. Tenho certeza que vai cair no gosto dos mineiros que sabem apreciar uma boa bebida.

Mais alguma ótima novidade para 2023?

Disse que o Sebrae Minas atua em dois pilares principais, mas uma atividade que vem ganhando cada vez mais força dentro do Sebrae Minas é a Educação Empreendedora. O Sebrae acredita muito no potencial transformador de uma educação voltada ao empreendedorismo e educação financeira. A escola do Sebrae vem crescendo muito a cada ano e já conta com mais de 550 jovens em formação técnica. Além disso, realizamos a capacitação de professores da rede pública na educação empreendedora, acreditando no efeito que essa medida pode proporcionar para os alunos. Esse ano, outro projeto de educação que cresceu muito e tende a se expandir ainda mais é o NEJ, o nosso Núcleo de Empreendedorismo Juvenil, que capacita e desenvolve competências empreendedoras em jovens de baixa renda e dissemina a formação de cidadãos para o mercado de trabalho. Esse projeto já se expandiu para várias cidades do interior e chegará em mais municípios, transformando a realidade de diversas pessoas e do mercado de trabalho, que contará com pessoas capacitadas e com mentalidade empreendedora.