Paulo Navarro | segunda, 31 de julho de 2023
Entrevista com o verador Gabriel Azevedo. Foto: Wéber de Pádua
“Tenho Pressa”
Os desafios do presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Gabriel Azevedo, são do tamanho de um bonde. Melhor, de mil bondes, mil monotrilhos, mil vagões e milhões de bicicletas. Se conseguir resolver ou amenizar o sério problema da mobilidade em BH, outras montanhas o aguardam. Por exemplo, como tornar nossa capital uma cidade do mundo? Como torná-la mais habitável e turística, interessante, atraente, inclusive para investimentos? Como transformá-la em Londres, com o Arrudas no lugar do Tâmisa? Planos para 2024? No “Café Nice”? Como canta Chico Buarque, não no álbum “As Cidades”, mas na canção “Dueto”, eles “constam nos astros, nos signos, nos búzios; eu li num anúncio, eu vi no espelho, tão lá no evangelho, garantem os orixás; estão computados nos dados oficiais”. Vamos aguardar!
Gabriel, nossa primeira, e até agora, única entrevista, data de 9 de outubro de 2021. Na foto, você estava em frente ao famoso número 10 Downing Street, Londres. Continua viajando ou Belo Horizonte não te dá tempo?
Nesse primeiro semestre foram apenas quatro viagens: duas vezes para Brasília, uma vez para São Paulo, buscando recursos para Belo Horizonte e uma vez para Ouro Preto, recebendo a Medalha da Inconfidência. Iria receber meu diploma em “Cidades” na London School of Economics em julho, mas mudei o tema da dissertação sobre mobilidade de “sistema por quilômetro” (que implementei com um projeto de lei) para “passe livre total” (que é uma próxima meta). A formatura será no ano que vem, em Londres.
No mesmo ano de 2021, você era “apenas” mais um vereador, hoje é o presidente de todos. O que significa? Gostando?
Saboreando. Tem sido bom colocar em prática muitas ideias que sempre defendi. Uma delas é acabar com a perda de tempo em inúmeros projetos de lei sem sentido. Eram 687 tramitando no início do ano e agora são 72. Tenho pressa. O ritmo é acelerado. A cidade precisa avançar com soluções, pois se a comparamos com outras vemos que estamos ficando para trás.
Como foi, brevemente, teu primeiro mandato e como vai o segundo?
O primeiro mandato serviu para cumprir 31 ideias prometidas em campanha. A principal era a criação de um aplicativo, que ainda segue em uso, onde o cidadão, dentre várias funcionalidades, envia as demandas da cidade e participa das votações na Câmara Municipal. Nesse segundo mandato, há seis eixos. O que mais tem contado com minha dedicação é a mobilidade.
Mesmo presidente, o contato pessoal com o povo continua? E devidamente postado no Instagram?
Esse se intensificou. Há dias em que visito cinco bairros, dos 487 que temos. Todo tipo de gente. E as mídias sociais vão se enchendo com as cenas registradas. Podem seguir o @gsma1986 para acompanhar.
Você está satisfeito com as muitas e diárias conquistas ou “cabem mais”?
Os desafios de Belo Horizonte são muitos e sempre há espaço para achar soluções para os problemas. Fazer uma requalificação verdadeira do Centro, onde moro, é um avanço para a Capital inteira.
A maior delas é a cifra R$ 4,50?
O prefeito queria a tarifa do ônibus custando algo entre R$5,00 e R5,50. Um absurdo. Atuar para o valor voltar ao patamar de R4,50 depois do aumento para R$6,00 fez diferença. Há pessoas que me encontram e agradecem muito. Esse dinheiro poupado significa a possibilidade de não deixar de comer. Foi uma conquista importante.
Sem falar de BHTrans e milagre, como podemos dar um jeito no cada vez mais caótico trânsito de BH?
Mudando a lógica de planejamento urbano que está expulsando as pessoas para a Região Metropolitana, que aumentou, enquanto Belo Horizonte diminuiu, de acordo com o IBGE. É preciso aumentar a densidade com residências sem garagem para fazer as pessoas morarem mais perto de onde trabalham. O carro não pode ser uma opção para esse percurso residência-trabalho.
Você continua com lenço e documento, mas Sem Partido?
Sem partido, mas com ideais e princípios.
2024 está na esquina. Quais teus planos, lembrando que nenhuma pergunta é indiscreta. Algumas respostas costumam ser...
Acho que já se comenta no Café Nice quais são os meus planos.
Qual tua palavra favorita? Vereador, prefeito, deputado estadual, federal, senador ou presidente da República?
Vereador, a função mais importante. O que existem são as cidades. É nelas que vivemos.