Paulo Navarro | segunda, 24 de julho de 2023
Entrevista com o cirurgião Sérgio Furtado. Foto: Agência Salt
Médico e Escultor
Sérgio Furtado é filho de médicos que deixaram Belo Horizonte rumo à Itabira para trabalhar na Vale. Nasceu “ontem”, em 1984, e morou na terra de Carlos Drummond de Andrade, até os 16 anos, quando veio para a capital. Terminou o segundo grau no Colégio Santo Antônio e ficou. Cursou Medicina na UFMG, com residência em Cirurgia Geral, no Hospital Vera Cruz. Depois, uma segunda residência médica, em Cirurgia Plástica, pela Santa Casa. Foram 11 anos de formação médica até o cirurgião plástico de hoje. “O trabalho enobrece o homem e devemos sempre buscar por evolução, para sermos melhores a cada dia”. Então, se é assim, Sérgio é um nobre e não para de evoluir. Sorte nossa!
Sérgio, o que é a Rinoplastia?
Etimologicamente, um procedimento que muda o formato do nariz. Ela pode ser corretiva ou reparadora - quando um trauma ou um procedimento, como uma retirada de tumor de pele, cria um defeito no nariz e esse defeito necessita ser corrigido para restaurar o formato das unidades anatômicas do nariz.
A Rinoplastia é corretiva, plástica ou ambas?
O procedimento pode ser funcional, quando o objetivo é apenas melhorar a passagem de ar pelo nariz, tratando causas obstrutivas. A Rinoplastia pode ser ainda estética, quando o paciente não tem queixa funcional e deseja apenas mudar o formato indesejado do nariz. Na maioria das vezes, a Rinoplastia utiliza as duas funções, porque, geralmente, defeitos estéticos também causam alterações funcionais no nariz.
Quais os males mais comuns do nariz?
As queixas mais comuns são relacionadas ao formato do nariz: giba dorsal (que é aquele dorso mais alto no perfil); ponta nasal caída; base larga e falta de definição, que muitos pacientes referem como “nariz de batata”.
Como foi o recente 3º Encontro Internacional Conjunto de Sociedades de Rinoplastia da Europa e dos EUA, em Berlim, Alemanha?
Um épico. Inclusive, o evento teve o nome alterado para “The Global Masters Rhinoplasty Meeting”, exatamente por ser o único a reunir todos os grandes nomes da Rinoplastia moderna em um só encontro. Me orgulho de ser o único cirurgião de Belo Horizonte a participar das três edições: em Versalhes, França (2016); em Miami, Estados Unidos (2018) e a terceira em Berlim, Alemanha, este ano.
Já conhecia a bela Berlim? Stuttgart é uma velha conhecida?
A Alemanha é minha segunda casa. Tive a honra de fazer minha especialização em Rinoplastia em Stuttgart em 2017, em um dos maiores serviços da Europa: o Marienhospital. Lá, fui aluno de dois grandes nomes da Cirurgia Plástica: o professor Dr. Wolfgang Gubisch e o Dr. Sebastian Haack. Nesse período, tive a oportunidade de conhecer Berlim, uma das cidades mais impressionantes do mundo, por toda beleza e história que ela carrega em cada esquina.
Qual a boa nova que você trouxe da aula de um dos maiores especialistas do mundo, o cirurgião plástico italiano Enrico Robotti?
Dr. Enrico Robotti é um dos maiores nomes da Rinoplastia mundial. Ele defende resultados estéticos e funcionais mais duradouros. Foi uma honra ter meu nome citado por Robotti durante três de suas aulas. Inclusive, ao vivo em um cadáver, no Charité, um dos maiores hospitais universitários da Europa.
Que técnica você desenvolveu para esse destaque tão importante?
Na verdade, fiz uma modificação na técnica do Dr.Robotti, que expandiu sua indicação para uma gama maior de pacientes. Quando a apresentei ao Dr. Robotti, ele se impressionou com a versatilidade e reprodutibilidade da mesma e me convidou para apresentá-la em um congresso em Bergamo, Itália, ano passado. Desde então, trabalhamos juntos e redigimos um artigo científico, que deverá ser publicado ainda este ano.
Qual a maior vantagem para o paciente?
A grande vantagem é para aquele paciente com uma giba dorsal alta, dorso nasal largo, ou mesmo irregular. Conseguimos aprimorar as linhas estéticas dorsais e o perfil do paciente com muita precisão. Ela reduz a chance de irregularidades dorsais e ainda facilita manobras para correção de desvios de septo, fortalecendo a válvula nasal interna.
Você ensinou. O que aprendeu? Trouxe novidades do encontro?
O manejo psicológico do paciente. E o Dr. Robotti acabou me colocando muito em evidência. Vários colegas vieram saber detalhes sobre a minha técnica. Nesses eventos, o mais importante é a construção de networking, é aquele bate papo durante o “coffee break”, almoço e nos jantares, quando a gente consegue trocar experiências.
E em tecnologia?
Alguns instrumentais cirúrgicos para melhorar a prática. Uma lupa cirúrgica alemã. Sua grande diferença é o campo de visão expansivo, sua leveza, o conjunto de óculos e a luz frontal que, juntas, pesam apenas 13 gramas. Esse acessório é muito confortável para o cirurgião, que, em alguns casos, fica até seis horas em uma cirurgia.
No mais, seus nortes são dedicação e comprometimento?
Sim, certamente! Acredito muito que o trabalho enobrece o homem e que devemos sempre buscar por evolução, para sermos melhores a cada dia. Se tem algo que prometo aos meus pacientes é que eu sempre me esforçarei ao máximo para entregar o melhor resultado possível!