Paulo Navarro | segunda, 2 de outubro de 2023

Entrevista com a fotógrafa Thaís Weick. Foto: autorretrato

10X15 = 5101

Bela, talentosa e sensível, a fotógrafa Thaís Weick, “peixinha” do “peixe” Carlos Weick, está emocionada e orgulhosa de sua primeira exposição, “10x15 BrasilCaribe/Territorialidade.Arte.Loucura”, até dia 23, no Espaço Comum Luiz Estrela, Santa Efigênia. Calma, ela vai explicar o título e de como chegou lá. Thaís não é turista, é viajante. Seu diário de bordo é feito de imagens, no caso, casando Brasil e Caribe. Casamento que tem e terá muitos filhos, literalmente, nascidos de Tiradentes até o Japão. Thaís nasceu e cresceu observando o mundo pelas lentes e traduzindo o resultado em imagens delicadas como uma cerejeira, não apenas rosa ou branca, mas de todas as cores: o verde da Amazônia, o ocre das areias, o sol e o sal da vida. No mais, podem entrar nos territórios de sua arte, porque loucura pouca é bobagem. Boa primavera, principalmente dentro das grutas de Thaís.

Thais, primeiro, apresente-se rapidamente às nossas leitoras e nossos leitores.

Sou Thais Weick, amante da hospitalidade, da qualidade, da cultura e sustentabilidade. Dediquei minha formação a transformar a experiência das pessoas.

Desde quando a fotografia te habita?

Nasci no Studio Weick de fotografia, cresci observando o mundo das ideias serem materializados em realidade fotográfica por meu pai e fotógrafo Carlos Weick, descobrindo sobre a luz vermelha a revelação das ideias, passando o tempo livre escorregando no fundo infinito. Sempre fui assistente de meu pai, até sua aposentadoria em 2015. Em um hiato, que durou até 2021, tive a experiência da fotografia de outra maneira e descobri que a luz do “flash” me recompõe. Nas férias deste mesmo ano, montei meus canais digitais, na paz da cidade de Tiradentes.

Você tem um grande e variado arquivo. É a primeira Exposição?

Sim (risos).

Por que demorou tanto?

Pois, é.... Sempre foi um sonho, uma construção, passei a vida junto dos “bão”. Aprendi enquadramento com o pintor Luiz Fernando Borgerth, fotografando projetos culturais, observando os experimentos de montagem orgânica da Silvia Herval, sendo lanterninha do Palácio das Artes, assistente no Inhotim; enfim, estava cuidando do jardim, até que Elisa Neiva, umas das idealizadoras e produtoras do Festival de Primavera do Espaço Comum Luiz Estrela, me fez o convite.

Como foi a abertura da exposição, dia 23?

Que realização ver o planejamento pronto. Estou muito grata a todos e a tudo que aconteceu para que tornasse a “10x15 BRASILCARIBE/TERRITORIALIDADE.ARTE.LOUCURA” uma realidade. Grata pela presença de cada um de vocês! Deixei um “release” com as informações abordando e contextualizando esta inovação social para vocês, lá!

Por que Brasil e Caribe?

Uai, viajando em família ano passado, tive o prazer de conhecer melhor o Norte do Brasil. Convidada por um amigo dos tempos da hotelaria, participei do lançamento de seu vinho @wineroom e estive no sul do Caribe, no meio deste ano. Então uni as similaridades das viagens e pronto, pude organizar um material riquíssimo.

Explique esse enigmático título, Territorialidade – Arte - Loucura

Territorialidade. Território é uma das premissas do festival. Neste trabalho, apresento capturas de locais que embora possam se parecer enquanto imagens, diferem muito em sua territorialidade, ou seja a apropriação e os usos que são feitos de cada território. Arte? Um canal para concretizar a territorialidade, esse uso do espaço como uma percepção curiosa e quase genuína da Fotografia e assim me posicionar como artista. Loucura! Sou assim, penso diferente. E o espaço onde exponho tem referências nesses aspectos, tendo sido hospital militar e psiquiátrico na época de JK. Atualmente relê o seu próprio uso espacial desse território como um locus de criação e expressão e restauração artística.

Quem é Luiz Estrela?

Luiz Otávio da Silva, transitava entre artistas do teatro. Foi poeta, ativista e lutou pelos direitos da população de rua.

E o Espaço Comum Luiz Estrela?

É um centro cultural autogerenciado, um museu de território, lugar vivo, onde as pessoas trabalham de forma orgânica para restaurar o espaço, a cultura e a soberania alimentar, através da educação e da arte, de forma horizontal. A história de lá lembra a minissérie “Anos Rebeldes”, em que artistas e pesquisadores lutam pelo bem comum, porém com um final feliz que reconhece a qualidade do trabalho e nobreza da ação. Vale a pena conhecer.

Outros territórios e loucuras à vista?

Mas é claro! Comecei a me aventurar no subterrâneo, fotografando o universo complexo das grutas e iniciando um projeto de espeleologia.

Uma dica de viagem no Brasil e outra sobre que país gostaria de fotografar.

A viagem de trem de BH para o Espírito Santo é um deleite aos olhos e a comida de Santa Tereza (ES) um presente ao paladar. Eu ainda vou ao Japão, fotografar as cerejeiras próximas ao Monte Fuji.