Paulo Navarro | segunda, 1 de maio de 2023

Entrevista com o oftalmologista Luis Antonio de Assis. Foto: divulgação

O Aluno de Michelangelo

Nosso entrevistado, Luis Antônio de Assis, é um esteta, com longo currículo e muitas atividades que não cabem nesta introdução. Médico oftalmologista, pós-graduado em oculoplástica, atua de forma integrativa e personalizada no rejuvenescimento e envelhecimento saudável, tanto facial como corporal, na Clínica CEO em Timóteo/MG e no Hospital de Olhos Vale do Aço em Ipatinga/MG. Criador do Protocolo Face Bela: imersão de técnicas de rejuvenescimento periocular baseado na anatomia e evidências científicas, além de toda experiência acumulada ao longo de mais de 20 anos de profissão. Atualmente, é professor e monitor oficial da pós-graduação na Academia Latino-Americana da Face – ALFA, em Belo Horizonte, da colega Dra. Patrícia Leite, com a qual também compartilha o projeto MesoAcademy. É um “sonhador em constante evolução que busca desenvolver uma metodologia inovadora baseada na individualidade de cada paciente, o que proporciona tratamentos seguros, elegantes e naturais”.

Luis, qual a sua especialidade?

Esta pergunta vem carregada de muita história. Sou registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM, com o título de oftalmologista, mas nosso conselho não nos permite ir muito além. Depois da residência, fiz três pós-graduações: uma em cirurgia plástica ocular e duas em medicina estética facial e corporal. E estou fazendo mais duas. Uma, focada em implantes corporais injetáveis para glúteos, panturrilha, peitoral, bíceps e outra voltada para fisiologia e metabologia humana. Sou um médico estético integrativo clínico e cirúrgico, especialista na área dos olhos.

Não existe alquimia, muito menos fonte da juventude, mas temos técnicas de rejuvenescimento, concorda?

O processo de envelhecimento é claramente relacionado à genética e ao estilo de vida. O anti-envelhecimento e o rejuvenescimento estão ligados diretamente aos nossos hábitos. Claro que podemos driblar o tempo com medicina de alto nível e tecnologia. As melhores dicas são a hidratação, proteção solar, boa alimentação, sono adequado, meditação, exercício físico regular, boas companhias e um excelente médico que possa gerir o envelhecimento saudável.

A tecnologia avança. O que temos de ponta?

O conhecimento do processo de envelhecimento como estruturas moleculares e o epigenoma. Podemos prescrever agentes tópicos, orais ou injetáveis, saudáveis e sustentáveis. A terapia sem exageros, sem conservantes associada a tecnologias, entrega resultados cada vez mais naturais e menos agressivos.

Com a entrada do bioestimulador, você acha que o ácido hialurônico vai ser menos usado?

O ácido hialurônico sempre será usado e reinventado. O seu uso de forma reticulada para preenchimentos gerou uma comoção e muitos exageros. Hoje utilizo mais na estruturação dos pilares ósseos faciais ou em casos de embelezamento do perfil para preenchimento de nariz, boca, queixo e mandíbula. Por outro lado, chegou com tudo a era do ácido hialurônico não reticulado para hidratar, revitalizar e regenerar tecidos: nova tecnologia baseada em conhecimento molecular.

Os bioestimuladores têm muita história?

Já existem no mercado há algum tempo e ganham muito espaço por entregar resultados de formação de colágeno que restaura o viço e firmeza do rosto e corpo. Alguns também podem gerar efeito preenchedor, alguns são híbridos. O amplo conhecimento de como se usa cada um e corretas indicações são imprescindíveis ao médico, não se esquecendo que além dos injetáveis, também podemos estimular colágeno sem agulhas.

O leque é grande.

O ultrassom focado de alta intensidade a baixa profundidade, a radiofrequência, os láseres e os clássicos “peelings” também são excelentes bioestimuladores. O ideal é saber associar o melhor de cada produto. Hoje menos é mais. Fazemos pouco de muitas técnicas para individualizar, ao invés de muito de uma técnica apenas. Isso demonstra o nível de aprendizado e experiência do especialista ao dominar diferentes abordagens.

Agora a “bola da vez” são os procedimentos corporais. Quais são?

Praticamente todo tratamento que se faz na face pode ser feito no corpo, inclusive nas áreas íntimas masculinas e femininas. A grande tendência é ter uma pele saudável, com boas proporções. O tratamento em camadas é o mais natural e inteligente. Podemos tratar flacidez muscular com campo eletromagnético, excelente para pacientes que estão se recuperando de lesões, com perda de massa ou para aqueles que têm preguiça de academia. O tratamento da gordura localizada sempre dependerá de uma boa dieta, exercícios e equilíbrio hormonal.

E a “bola da vez” na tecnologia?

O ultrassom focado de alta intensidade, a radiofrequência microagulhada e a criolipólise, além da mesoterapia. Em relação à flacidez cutânea e celulite: a subincisão associada aos esvaziadores injetáveis aliados aos bioestimuladores injetáveis e/ou tecnológicos promovem lindos resultados. Mas também e não menos importantes, os preenchimentos permanentes - PMMA ou absorvíveis (ácido hialurônico) têm um papel imprescindível no restabelecimento de volumes e proporções de qualquer área: glúteo, deitoide, panturrilha e íntimo.

Cirurgia é coisa do passado ou ainda tem muito espaço?

A cirurgia também foi repaginada com técnicas cada vez menos agressivas associadas a tecnologias cada vez mais impressionantes. De mais a mais, existem casos de flacidez e excessos de pele, músculo e gordura que sem intervenção cirúrgica não obterão uma solução estética desejável. A cirurgia sempre terá um papel importante quando bem indicada e bem realizada.

Como você explica o “exagero” de procedimentos que até deformam rosto e corpo?

Acontece em duas situações. Dismorfismo tanto por parte do profissional, quanto do paciente, que é uma doença em que o indivíduo não se reconhece frente ao espelho. Estudos mostram que, cerca de 12% dos profissionais que trabalham com estética, são dismórficos. A segunda questão é a falta de conhecimento e apuro artístico que gera replicação de fórmulas prontas. Por isso, vemos tantas pessoas muito parecidas e sem identidade própria. O domínio das técnicas, uma boa avaliação e planejamento pensando no tratamento individualizado resultam em obras de arte estéticas belíssimas e personalizadas.

Estes “exageros” só quem está de fora percebe?

Os exageros às vezes são até mesmo modismos ou culturais, mas os mais belos tratamentos são aqueles que parecem que você não faz nada e não lhe deixam com o rosto ou corpo com aspectos de “bonecos, plastificados”.

Com esta “moda”, as pessoas tendem a ficar com a aparência visivelmente padronizada?

A formação de caricaturas e cópias provém da falta de conhecimento técnico e artístico do profissional. O belo é muito mais que fórmulas prontas ou matemática. Claro que existe o belo na “proporção áurea” descrita há mais de 2.000 anos por Euclides, mas a maior beleza está na individualização. Avaliar qual a beleza de cada um, levando-se em conta aspectos étnicos e de gênero garantem soluções estéticas individualizadas e realmente belas. Isso leva tempo, experiência, estudo e muito bom-gosto.

Como vê, trata e aconselha sobre a natural passagem do tempo, o envelhecimento?

Tenho 43 anos, me sinto mais saudável que com 30 anos, com muito mais juízo e sabedoria (naquela época não treinava e ainda fumava). O envelhecimento cronológico é algo inevitável, o que conta é a forma como investimos nisso. Sou adepto à longevidade saudável. Precisamos investir na saúde da alma (meditação, terapia e fé) e do corpo (sono, exercícios, dieta e medicina estética integrativa) para que a idade chegue mais suave.

É a cabeça ajudando o corpo?

É importante também não criar neuras ou tentar viver em uma década que não lhe pertence. Aceitar que ficamos mais velhos faz parte do amadurecimento, mas podemos fazer isso de forma que nos sintamos bem com nossas funções e de bem com o espelho. Sou de uma linhagem de médicos que unimos a fisiologia com a beleza. Ficar bonito, mas, antes disso, deve estar funcionando bem!

O que é o Protocolo Face Bela?

Meu curso de formação em medicina estética facial com enfoque na anatomia, fisiologia do envelhecimento aliadas à avaliação sistemática para planejamento dos tratamentos. A formação teórica é feita online por uma plataforma com conteúdos desde o skin care, mesoterapia, procedimentos menos invasivos, passando pelas cirurgias das pálpebras com todos seus tips and tricks.

E a prática?

Os cursos práticos são essenciais para alcançar a excelência e são feitos tanto em pequenos grupos como em sistema VIP (Masterclass) com um ou dois médicos apenas. A formação é voltada para o profissional médico que inicia ou quer aprimorar ainda mais seu conhecimento e expertise. Lembrando que o tema é individualizado de cada turma de acordo com a área de interesse.

Todos em BH?

Os cursos hands-on já foram realizados em BH, Franca, Aracaju e Belém. Deveremos nos instalar também em São Paulo. Mas também vamos à cidade dos interessados nos cursos VIP. É um divisor de águas para quem quer saber o que há de mais novo nesse mundo da estética baseado nos meus 20 anos de experiência e alicerçados nos artigos científicos.

E o ALFA?

ALFA é o acrônimo para Academia Latino Americana da Face que é a pós-graduação Latu Sensu com diploma do MEC, da equipe da Dra. Patrícia Leite em Belo Horizonte. Eu fiz parte como graduando na primeira turma ano passado e posso dizer que é a melhor pós-graduação do Brasil.

Por quê?

Além do aprendizado, o contato com profissionais de todo mundo cria uma nova família que cresce junto com amor ao que faz e gera notoriedade. Atualmente tenho o imenso orgulho de dizer que nesta turma 2023 de duração de um ano, sou professor e monitor. Sem dizer que o ALFA criou um filho que é o MesoAcademy.

E quem é este filho?

Nossa plataforma de ensino de mesoterapia que faz parte da maior rede de ensino de medicina estética online do mundo: o FAC do Meta Institute. No MesoAcademy, ensino os fundamentos da mesoterapia com protocolos consolidados e inéditos e diversos convidados de renome. Subimos pelo menos uma aula por semana (teórica ou prática), sendo que o conteúdo é acumulativo e a assinatura é única para um ano inteiro: indispensável.