Paulo Navarro | segunda, 08 de fevereiro de 2021

A poderosa, linda, elegante e "Desbravadora dos Sete Mares", Tatyane Salvato. Foto: Javier Pons

A dona da tribo

Sábado, aqui mesmo, entrevistamos a designer de moda e de joias, a mineira Tatyane Salvato. A conversa foi tão boa que durou até hoje. Então, comecemos a semana com uma viagem no tempo, onde Taty resume seu sucesso de 30 anos na Europa, em particular, Barcelona, Espanha. Taty falava de sua primeira loja, a “Tribu”. Ela explica que “foi mais que uma loja ou uma galeria”.

A dona do espaço

“Um espaço com muita personalidade e um caráter inovador. Combinou diferentes atividades em seus 15 anos de existência. Na época, a moda urbana não era massificada como hoje. A Tribu era muito avançada e quem lá entrava respirava vanguarda em cada canto, das vitrines à sapataria, passando pelas conhecidas exposições de arte e música. Uma espécie de clube social”.

A dona do pedaço

“Um clube onde as celebrações das apresentações das novas coleções e exposições de arte eram animadas por DJ’s e regadas a champanhe. Tribu tinha uma clientela internacional como Lenny Kravitz, David Bowie, Steven Morrissey, David Bisbal, etc. Sem esquecer que era uma loja de roupas, seus protagonistas sempre foram as peças exclusivas de diferentes e prestigiosas marcas de moda”.

A dona de Barcelona

“Marcas como Dsquared2, Roberto Cavalli, Dolce Gabanna, Diesel Style Lab, Pinko, Tiger, Nike, Lecoq. Tribu vendia coleções de marcas muito valorizadas na época e o diferencial era que vendíamos as coleções mais exclusivas, com colaborações com artistas e outras marcas de moda”. De volta ao presente, Taty continua: “Moro entre Sitges, cidade do litoral sul de Barcelona e a ilha de Ibiza”.

No Empório, Paulo Navarro, Rony Resende e Wagner Espanha. Foto: Arquivo Pessoal

A dona da bola

“Depois de anos frequentando Ibiza, decidi fundar a Salvato Services, em 2012. A empresa nasceu da nossa experiência de mais de 30 anos de viagens ao redor do mundo e mais de 20 anos no sector do turismo. E também da experiência em lazer na ilha mais conhecida do Mediterrâneo. Oferecemos uma gama de apartamentos e mansões de alto ‘stand’ à uma clientela exclusiva, com uma seleção das melhores recomendações e serviços”.

A dona da hora

“Contamos com uma rede de colaboradores em todo o mundo, com larga experiência no setor e, com isso, buscamos ser uma referência em conforto, despreocupação e diversão dos nossos clientes. Esse é o nosso lema”. Aí, veio a tal da Covid-19, da qual Tatyane, a pedidos, fez um inventário, um prontuário, uma ficha corrida, quase um obituário de 2020: “Será lembrado como um dos anos mais catastróficos da história espanhola e o maior da era moderna”.

Na sombra e água de coco fresca, a estonteante Cira carvalho, de bem com a vida e bem na foto. Foto: Arquivo Pessoal

Curtas & Finas

*O depoimento de Tatyane continua: “O aparecimento da Covid-19 na Espanha, em março, levou ao confinamento domiciliar de todos os espanhóis por três meses, consequências em todas as áreas”.

“Após o confinamento em casa, restrições mais brandas foram aplicadas em face da temporada de verão, levando-nos à segunda onda, com novas e severas restrições de mobilidade até o Natal”.

“O que ocasionou a terceira onda, a mais prejudicial de todas até o momento e com a proposta de novas restrições”.

“Em termos estatísticos, a Espanha é responsável por quase metade das mortes na Guerra Civil Espanhola e está aumentando”.

“Economicamente, a Espanha é um país cuja principal fonte de receita é o turismo. A chegada da Covid significou o fechamento de todos os serviços de turismo como bares, restaurantes, hotéis”.

“Até hoje, continuamos praticamente fechados ao público, o que levou ao fim de três mil negócios diários, só na Catalunha”.

“Noutros setores, o teletrabalho está sendo implementado como forma de manter muitos empregos e empresas ativas. Parece que esta adaptação vai ser implementada no futuro”.

Agora, “no campo da educação, faculdades, universidades, escolas de negócios”.

“Eles alternam o ensino ‘online’ com o presencial, levando a setores da população com poucos recursos econômicos, cujos filhos não podem receber uma educação adequada”.

“No campo da cultura, museus, teatros e cinemas ainda estão todos fechados, com a crise que está causando grandes empresas ligadas ao mundo da arte e do entretenimento”.

“E, finalmente, o que dizer do mundo dos esportes, onde existe um vazio absoluto, em todos os estádios de futebol; quadras de tênis, basquete. O que está levando grandes clubes à falência”.

“Atualmente a Europa fechou as fronteiras de praticamente todos os países. No mais, as restrições que foram impostas tornam praticamente impossível o deslocamento dentro da União Europeia”.

“Pelo que parece, este 2021 será mais um ano de grandes perdas de empresas e empregos. E mais pobreza”.

“O que o futuro reserva? É a pergunta que todos nós fazemos, mas parece uma utopia, podermos recuperar tudo ou parte, nos próximos anos”.