Paulo Navarro | Entrevista com Antônio Augusto Marcellini
Entrevista com Antônio Augusto Marcellini. Foto: Arquivo Pessoal
O Senhor do Castelo
A história de Antônio Augusto Marcellini, no inverno, de saudosa memória, rende boa conversa em torno de um café, chocolate quente, vinho e fondue. No verão, anima um ótimo bate-papo com cerveja ou vinho branco gelado. Nas quatro estações, daria bons livros, não de aventuras, mas de empreendedorismo. Aliás, o livro, que ele já escreveu, inspiraria um filme ou até uma série. Para começar e, afinal de contas, há 45 anos o nome desse engenheiro, descendente de italianos, está ligado ao entretenimento em Belo Horizonte. Ele é o Senhor do Castelo! Do Chalé ou dos Chalezinhos! Promove as noites mais animadas, durante todo o ano. Vive nas “trevas”, mas sempre irradiando luz, alegria e animação. Nunca foi de fazer pouca coisa ou deixar pela metade. Da “Casa Rústica”, à fundação da Abrasel nacional, em 1986, nada é mais marcante na trajetória de Antônio Augusto do que o “Chalezinho” e seus desdobramentos, em Minas e fora das Gerais. A casa começou como restaurante na Savassi e se transformou em marca incontornável. A novidade mais recente é o “Era uma vez um Chalezinho!”, em Gramado, exatamente onde nasceu a inspiração para o império de chalezinhos. Fala, Antônio Augusto!
Antônio Augusto, Marcelini vem de que região na Itália?
Sou da região da Toscana, perto de Siena e minha família é de Rapolano. Minha avó era rural e meu avô, comerciante em Turim. Eles vieram para o Brasil no final do século 19 e se estabeleceram em Minas, na região de Paraguaçu e Machado.
Consegue resumir 45 anos de “Chalezinho”?
Começou com minhas viagens para Campos do Jordão e Gramado, onde me apaixonei pela cultura, comida e estilo. Isso evoluiu para o “Era Uma Vez um Chalezinho”, que começou como um chalé pré-fabricado e se expandiu para várias cidades como São Paulo. A paixão e a determinação sempre foram o motor de tudo.
E antes do “Chalezinho”?
Sou formado em engenharia mecânica e econômica e trabalhei em empresas como a IBM. Acabei me envolvendo com comércio, começando com a “Casa Rústica” e, mais tarde, com as lojas de Gramado, que deram origem ao “Chalezinho”.
E agora, além do “Chalezinho”?
Estamos expandindo o licenciamento da marca e das franquias. Contratamos uma empresa nacional para ajudar no desenvolvimento do projeto e temos grandes planos para o futuro.
Você ainda teve tempo de fundar a Abrasel Nacional?
Sim, fundei a Abrasel ao perceber a necessidade de unir os profissionais de bares e restaurantes, como alternativa ao sindicato. Fui presidente por 20 anos e, hoje, a associação está presente em 50 localidades do Brasil.
O “Era Uma Vez um Chalezinho” tem alguma relação com São Paulo, Campos do Jordão e Gramado?
Sim, expandimos para São Paulo e Gramado, depois de iniciar em Belo Horizonte. O primeiro “Chalezinho” foi em uma propriedade própria em Minas e, ao longo dos anos, ampliamos o negócio para outras cidades, sempre com muito esforço e resiliência.
O “Vila Chalezinho” é parte da família?
Sim, é um projeto que surgiu em Belo Horizonte, na região das Seis Pistas e, após 20 anos, expandimos para o Vila da Serra, através de uma parceria com a construtora Caparaó.
Como a perda da visão, há 11 anos, impactou sua vida?
Foi um desafio, mas também me deu mais força e determinação. Acredito que foi uma oportunidade de recomeçar e, com o apoio da família e de amigos, continuei a acreditar nos meus sonhos. Inclusive, escrevi um livro sobre minha história.
Como você “vê” o trabalho e a vida hoje?
Vejo com resiliência. O setor de entretenimento, como shows e eventos corporativos, exige uma grande profissionalização. Com altos custos e margens menores, é necessário estar preparado e cercado de uma boa equipe para ter sucesso.
Sua trajetória é uma lição de vida. Algum conselho?
O conselho é acreditar nos sonhos, trabalhar com paixão e determinação. Enfrentar desafios de frente, sempre buscando a verdade e cercado de pessoas competentes e dignas, como meus filhos, Ralph e Ricky, que continuam o sonho e o trabalho.
Planos para 2025? O Brasil ainda tem espaço e clima para mais diversão e alegria?
Sim, acredito no Brasil e em seu potencial. Mesmo com as adversidades, aqui nascemos, trabalhamos e vivemos. Vamos continuar buscando realizar nossos sonhos e explorar as maravilhosas oportunidades que o país oferece.