O Tempo | domingo, 9 de outubro de 2022

Na segunda edição da feijoada Instituto Café Solidário, Izabela e Ricardo Tavares, presidente Do grupo Montesanto Tavares.Foto: Edy Fernandes

Buraco de Minas

Primeiro, nossa ladainha de anos: BH não tem e nunca teve metrô. O que temos é um vagabundo trem de superfície. Metrô é subterrâneo, a melhor alternativa para o caótico trânsito no asfalto selvagem de todas as grandes cidades do mundo. Assim, a promessa de um metrô de verdade é uma velha canção em nossos ouvidos, como escreveria o poeta Vinicius de Moraes.

Buraco esburacado

A expansão do metrô de BH já foi anunciada por Aécio Neves, Dilma Roussef e até Michel Temer. Como podemos ver e padecer, anúncios que ficaram nas promessas eleitorais. O caso mais gritante, para variar, é o da “presidenta petista”, nascida em BH, em 2011. Em fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro se referiu à Dilma como "presidanta". Por quê, além dos motivos óbvios?

Buraco venezuelano

Falou Bolsonaro: "Era fácil mandar água para o Nordeste. Levou-se 10 anos, gastou-se um absurdo, desviaram muito dinheiro. O custo de R$ 14 bilhões, o gasto até agora, equivale a 100 vezes o endividamento da Petrobras e do BNDES. Isso foi roubo, desvio, projetos mal feitos, dinheiro para fora do Brasil ou alguém acha que (Nicolás) Maduro está pagando a dívida do metrô em Caracas (Venezuela)?”.

Buraco à vista

“Não tem metrô em BH, mas tem metrô em Caracas. Não querem voltar um cara para a cena do crime. Alguns querem voltar a quadrilha toda para a cena do crime", afirmou. Pouco antes do primeiro turno, Bolsonaro voltou ao tema: "Acredito que o metrô de BH saia, não vai ser para este ano, mas ele começa a sair do papel até o fim do ano para valer".

Buraco histórico

A expansão do metrô é papo furado de políticos há pelo menos 25 anos. Em agosto de 2021, Bolsonaro e o governador Romeu Zema anunciaram o acordo. O assunto voltou à tona, agora, logo depois do primeiro turno, quando Zema, em Brasília, declarou apoio a Bolsonaro. Ambos lembraram a “herança maldita” e desastrosa do PT em Minas e no Brasil. E o presidente não prometeu apenas o metrô, mas também recuperar as rodovias federais em Minas.

Buraco de verdade

Metrô é uma obra cara, demorada, provoca muita bagunça e sujeira, mas depois, resolve o problema do trânsito e é para sempre. Metrô é mais rápido e mais confortável, diminui o estresse e os acidentes; faz ganhar tempo e, mais que nunca, tempo é dinheiro. Mas, importante! Uma simples extensão não resolve, tem que ser sob a terra e com muitas, muitas estações.

Buraco e furadas

Por que toda esta introdução chovendo no molhado? Porque de passagem por BH, o quase feliz aniversariante de hoje, segundo as pesquisas, e colaborador da coluna, Walter Navarro, saudava a volta da "normalidade" a BH, salientando, no entanto, o pior lado da cidade: a péssima mobilidade urbana. Adianta nada a volta da normalidade, do comércio, da Economia, se continuamos perdendo tempo, saúde e dinheiro presos dentro de carros, escritórios, casas e apartamentos.

Buraco sem fim

Na mesma semana, seu olhar foi de encontro à matéria de capa do jornal Belvedere. "Mas, que nó foi este? - Moradores sem alternativa de mobilidade urbana na região". O nó foi um acidente com caminhão na Avenida Nossa Senhora do Carmo, no último mês, paralisando completamente o eixo sul de BH.

Buraco no asfalto

No editorial, o jornal de bairro ainda explicava o caos: o tráfego parado em ruas e avenidas teve consequências desastrosas para muitas pessoas. O acidente acendeu o alerta para a população, em especial moradores do Belvedere e Vila da Serra, na divisa de BH e Nova Lima, sobre a mesma nefasta mobilidade.

No mesmo evento, Leonardo Tavares e Patrícia Fonseca.Foto: Edy Fernandes

Curtas & Finas

*E o jornal concluiu: neste momento, não há alternativas para escoamento do tráfego, nem para desafogar as vias dos bairros.

Paralelo a este episódio, é público e notório, para os motoristas que transitam diariamente por estas regiões e Via Expressa, que estes nós só impactam, como também empacam.

Sabe-se que, informalmente, os prefeitos de BH e Nova Lima tentaram ver uma luz no fim do túnel para uma região que cada dia ganha mais habitantes. 

Não houve entendimento em forma de cifrão... São prédios e mais prédios que brotam como mato. 

Com eles, carros e mais carros, veias e artérias entupidas. Um colapso anunciado!

Sem viadutos, metrô e com pífios recursos da iniciativa privada, em breve a população estará presa em suas gaiolas de ouro. 

Ouro de tolo, claro! No lugar de montanhas os moradores ficarão a ver navios, ou melhor, engarrafamentos de carrões importados. 

Estelionato imobiliário! Prometem vista definitiva para o verde, entregam um horizonte cheio de concreto.

Para completar, outro problema no lugar de solução!
Tem muita gente desejando o Parque Linear.

Parques nunca são demais, pelo contrário, são bem-vindos. Mas, mais um parque sem vias de acesso e de saída, é mato sem cachorro.

Querem o parque? Ótimo, também queremos, mas que venha embalado em mobilidade urbana ou o lazer vai virar mais uma tortura, mais um nó. E nó de marinheiro.

*Mudando completamente de assunto. O Memorial Vale recebe hoje, às 11h, o baixista, pianista e compositor Enéias Xavier, no show "Os Coroas”.

O álbum “Os Coroas” foi gravado com recursos da Lei Aldir Blanc e disponibilizado digitalmente.

Integra o projeto Memorial Instrumental, com curadoria de Juliana Nogueira.

*Exposição Coletiva "Corpo, não corpo", com artistas convidados de Thereza Ürbieta, na Gilda Queiroz Galeria de Arte, Santa Efigênia.

Abertura, ontem, visitação de hoje ao dia 31. Mais detalhes na coluna de terça-feira.