Leal, legal e capital


DuLeal

Foto: Henrique Gaultieri


Leal, legal e capital

A B&L Arquitetura é dirigida por Eduardo Beggiato e Edwiges Leal que assinam, entre muitos outros projetos, a restauração da Biblioteca Pública e seu anexo, as bilheterias do MOVE, as estações do BRT e a Praça da Estação, além da quarta participação do escritório na Casa Cor Minas. No capítulo Casa Cor, Edwiges trata do restauro e ocupação do edifício da rua Sapucaí, patrimônio da cidade.


- Em que contexto se insere a edificação?
Na extinta Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA). Foi a primeira sede da Rede Mineira de Viação, anos 20 do século passado. Testemunha o processo de ocupação do centro e a complexidade administrativa desse sistema em Minas. O acesso ferroviário foi imprescindível para a chegada de equipamentos e matérias-primas da construção da cidade.


- O estilo arquitetônico deve ser valioso...
Com as transformações no antigo arraial veio a arquitetura eclética da Europa, símbolo da república nascente. Um padrão imposto ao palácio do governo, às secretarias, ao casario do funcionalismo, aos casarões, às edificações da rede ferroviária. A estação central, construída em 1895 foi demolida para dar lugar à atual inaugurada em 1922. O edifício da rua Sapucaí 383, seguiu o estilo predominante. Nos anos 40 ganhou o anexo em estilo  art-decó vertical, do Arquiteto Rafaello Berti. O espaço da mostra ocupará os módulos construtivos.


- O que você chama, em poucas palavras, se possível, de arquitetura eclética?
Ela defende a livre utilização dos estilos arquitetônicos disponíveis, buscando uma configuração que privilegiasse a higiene, o conforto e o luxo. O estilo é contemporâneo e ilustrativo do início do período republicano no Brasil, uma marca da capital mineira.


- Você também usa a expressão "implantação privilegiada"...
O prédio ocupa situação de destaque na cena urbana de Belo Horizonte em razão da riqueza arquitetônica que ele exibe, do patamar elevado que ocupa em relação à via. O edifício se mantém em abertura receptiva para a cidade que se dinamiza para além da ferrovia.


- Pode-se falar em valor cultural?
Sim, claro, enquanto testemunho histórico e monumento artístico, sendo reconhecido como patrimônio cultural pelo Município de Belo Horizonte, por tombamento municipal em 1996, estadual em 1988; como parte do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Praça da Estação.


- E a Casa Cor 2017?
Pela quarta vez a B&L Arquitetura é convidada a elaborar critérios e diretrizes da Casa Cor. A curadoria; parceria com a organização do evento e profissionais envolvidos, resultará em uma riqueza de experiência para os visitantes. Queremos que a edificação seja lida e absorvida, em oportunidade única, acrescentando, com as intervenções e o bom design, o suficiente para a sua fruição, sem competição ou obstrução da arquitetura.


- E o legado? Pode-se falar disso?
No futuro será absorvido para funções culturais da memória ferroviária  de Minas e sua capital.