Domingo, 20 de abril de 2025


A artista plástica, Zélia Mendonça, com uma de suas obras, na exposição, “Segunda Instância – Estórias de Violência, Abandono e Perdão”, em Guimarães, Portugal. Foto: Saulo Santiago

Histórias de estórias

Até dia 15 de julho, Zélia Mendonça está com a peculiar exposição, “Segunda Instância – Estórias de Violência, Abandono e Perdão”, no Tribunal da Relação de Guimarães, em Portugal. No texto de apresentação, uma leitura da mostra: “Eco de Resiliência, Chegamos em silêncio, como quem pisa num território de adormecida”.

Estórias de violência

“Um lugar sem nome, mas cheio de histórias que gritam sem dizer palavra. Elas nos olharam com desconfiança - não por falta de coragem, mas por excesso de cicatrizes. A princípio, havia sombra nos gestos. Olhos baixos, vozes curtas, mãos inquietas. Como quem não sabe mais se pode confiar no tempo, ou em si mesmo”.

Estórias de abandono

“Mas o trabalho começou, tímido como semente na terra seca. E, entre uma fala e outra, entre um gesto e um olhar, brotou algo que ninguém esperava: confiança. Ali, naquela sala protegida do mundo, desabrocharam mulheres inteiras, mesmo que partidas. Criamos juntas, costurando histórias com o fio fino da coragem”.

Estórias de perdão

“Não negamos os abismos - apenas aprendemos a pisar perto deles com mais firmeza. Era arte, era troca, era alento. Cada expressão é uma fresta de luz. Cada palavra, um espelho limpo devolvendo dignidade. Não apagamos o lado sombrio - ele estava ali, como parte do todo”.

Estórias de vida

“Mas por um instante, o que brilhou mais forte foi a centelha de existir sem medo. Naquele anonimato de endereço protegido, elas foram vistas. E ser vista, às vezes, é o primeiro passo para se lembrar que ainda está vivo”. O texto é da própria Zélia Mendonça e a arte exibida são “torsos na técnica ‘assemblage’”. Parabéns!


“Quatro personagens e um autor” à procura de um patrocinador: Gláucia Vandeveld, Adyr Assumpção, Cláudio Dias e Camila Felix, na peça, “Quando tudo desaparecer”, de Raphael Vidigal Aroeira. Crédito: Felipe Canêdo/Divulgação

Queremos estrear

Vamos direto ao assunto: Peça com grandes atores do teatro mineiro aguarda patrocínio para estrear. Obstáculo revela um cenário de dificuldade que se estende a outras produções cênicas. Agora, vamos aos detalhes! Com invejável currículo, recheado de premiações e papéis marcantes, o elenco de “Quando tudo desaparecer” é formado por Gláucia Vandeveld, Adyr Assumpção, Cláudio Dias e Camila Felix.

Queremos incentivo

A peça tenta, desde 2020, estrear nos palcos mineiros. Aprovado na Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e na Lei Rouanet, o projeto emperrou na dificuldade em conseguir captar os recursos para colocar a caravana no mundo. Tal obstáculo revela um cenário complexo, que se estende a outras produções cênicas, afetando toda uma cadeia produtiva relacionada ao meio teatral do Estado.

Queremos arte

Com trajetórias que contemplam cinema e teatro, Gláucia, Adyr, Cláudio e Camila viram na dramaturgia do jornalista Raphael Vidigal Aroeira a possibilidade de acessarem um tema sensível por meio de uma escrita poética e de trabalharem juntos pela primeira vez. É de se supor, com certa dose de certeza, que uma reunião desse quilate seja inédita nos palcos do teatro mineiro, tão afeito a coletivos.

Queremos trabalho 

“Quando tudo desaparecer” versa sobre a dor da perda. Na trama, uma mãe precisa lidar com a ausência da filha, enquanto um amor que nunca se deu por inteiro debate-se com os fantasmas de tudo que poderia ter sido, mas não foi. Vandeveld, Felix, Dias e Assumpção encarnam as personagens, que caminham entre a angústia e o lirismo, sempre com uma linguagem poética. Os ensaios, que começaram em 2020, de forma remota, em razão da pandemia, terminaram em 2024 na sede do Galpão Cine Horto.

Lança Perfume

*Pronta, a peça aguarda apenas o financiamento para acontecer. A seguir, um resumo da trajetória dos artistas. 

Atriz, diretora e professora de teatro, Gláucia Vandeveld integra a Zula Cia de Teatro e tem entre seus trabalhos os espetáculos “Banho de Sol” e “CASA”.

Ator, diretor e membro-fundador da Cia. de Teatro Luna Lunera, Cláudio Dias é formado em História pela UFMG, com formação em Artes Cênicas pelo Palácio das Artes/Cefart.

Ator, diretor, dramaturgo e produtor, Adyr Assumpção adaptou e dirigiu recentemente o “Sortilégio”, de Abdias Nascimento.

E está em turnê nacional com o espetáculo “Leão Rosário”, uma adaptação sua do “Rei Lear”, de Shakespeare.

Atriz, bailarina e coreógrafa, Camila Felix é formada em Teatro pela UFMG.

Foi dançarina do Grupo Primeiro Ato e integrou, em 2023, o elenco da premiada versão do Grupo Oficcina Multimédia para “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues. 

Ainda estão no projeto a iluminadora Marina Arthuzzi, o cenografista e figurinista Alê Tavera.

O diretor de projeções Felipe Canêdo, o produtor executivo Alexandre Toledo e a criadora de trilha sonora Patrícia Bizzotto.