Divertidos venceremos
Cintia Chagas para sábado.
Foto:Angelo Pastorello
A professora, com todas as letras, Cíntia Chagas, é um "ponto fora da curva"; uma estranha no ninho da educação séria, chata, sisuda e muitas vezes difícil, penosa. Cíntia ensina sem sofrimento, com humor. Por isso, em terra de cegos, abriu o próprio curso pré-vestibular, campeão de audiência, sucesso de público e crítica. O resultado? Resultados formidáveis, alunos que aprendem e vencem.
- Você é formada em Letras, mas a especialização é em coaching...
- Já trabalhei como coach de carreira, para ajudar estudantes na escolha do curso universitário. Entretanto, a administração do meu pré-vestibular, as aulas, as gravações para a Jovem Pan e as palestras tomaram meu tempo. Tive de escolher...
- Ser professora no Brasil é um castigo...
- Sou um ponto fora da curva, me sinto nos céus com a minha profissão. Mas a realidade da maior parte dos professores é muito triste, já que eles têm de lecionar em um contexto árido. Infelizmente, não sou uma otimista nessa questão. Na Alemanha, professores recebem mais do que médicos e engenheiros. No Brasil, não têm nem segurança para dar aula.
- É verdade que foi demitida várias vezes?
- Sim, de dez instituições de BH. Meu jeito irreverente e pouco ortodoxo de lecionar incomodava professores e coordenadores. Apesar de eu gerar resultados formidáveis para os alunos, eu gerava muitos conflitos pedagógicos. Os diretores me diziam que não queriam um Pachecão, amigo no qual eu sempre me inspirei e pelo qual tenho profundo respeito.
- Por isso abriu teu próprio curso preparatório para vestibular?
- Sim. Comecei com três alunos e hoje tenho fila de espera de dois anos. Essas demissões fizeram de mim uma pessoa muito forte. Criei meu nicho de mercado: alunos com a necessidade de notas altíssimas nas redações. Minha propaganda é o boca a boca. Não faço propaganda. Não é necessário.
- Mesmo sem bons empregos, boas faculdades e bons salários, o brasileiro ainda quer um diploma?
- Quer. A insegurança é ainda maior sem um diploma.
- Rede sociais como Instagram também educam?
- Educam desde que o professor consiga prender a atenção do jovem, falar a língua dele. Fugir das redes sociais é um retrocesso, já que os jovens são fascinados por elas. As redes sociais são aliadas, não inimigas da educação.
- O que é o "Aulão Solidário na Balada"?
- É uma aula de revisão para a redação do ENEM, mas realizada em baladas. Esse aulão conta com DJ, banda, luzes estroboscópicas, fumaça, etc. Mas não se engane, dou toda a matéria num quadro enorme e o uso de bebidas alcoólicas é proibido. O evento é beneficente (os participantes levam donativos para a ONG OPROAÇÃO), com muitos colaboradores, como a Woods, Forno de Minas, Faculdade Milton Campos.
- Fale sobre o "programa pedagógico" na televisão, para 2018...
- Humor e conhecimento. Aprender sem perceber, sem sofrimento. Também é o foco do meu livro, que será lançado pela editora Harper Collins.