Paulo Navarro | Entrevista com Wellington Queiroz
Entrevista com o chef Wellington Queiroz. Foto: Arquivo Pessoal
Baiano Incansável
O chef Wellington Queiroz é baiano. Isso dispensaria demais apresentações, mas ele merece mais porque é uma figura! Bom de papo e de xodó, ele nunca fica só e, depois do trabalho, não vai para casa. Fica flanando pela cidade que, para vele, ainda é uma bela desconhecida que vai decifrando e do jeito certo, a bordo de uma “gelada” e de uma quentinha, a cachaça mineira, par perfeito para suas picantes delícias.
Recomendamos o Instagram dele, @wellingtonqueirozssa, com vários exemplos em fotos e vídeos de sua “gastronomia do mar na serra”. Como todo baiano, o homem é meio filósofo, fala de tudo e tem mais histórias para contar que o Forrest Gump. E como poderão ler, também é meio alquimista, íntimo de ervas, temperos e aprecia um bom rapé. Com forte sotaque de Todos os Santos, ele é paciente, assíduo e perseverante. Executa segundo as regras herméticas, desde a trituração, a fixação, a destilação e a coagulação. Traz consigo cadinhos, vasos de vidro, potes de louça e, com “jeitinho”, conta até o maior segredo de sua Terra: “o que é que a baiana tem”.
Feliz mesmo ele será quando descobrir o que as mineiras têm. Fala, Mestre!
Wellington, você é farmacêutico de formação e chef por vocação. Tudo alquimia?
Rsrsrs. Farmácia era um negócio de família e todos trabalhavam lá. Tive nove matérias que envolviam botânica e ali me apaixonei por plantas, ervas e todos fitoterápicos. Fiz a fusão com a gastronomia porque enxergava tudo com outro olhar. Mas, sim, tudo alquimia, cada óleo essencial pode mudar seu humor, estado de espírito, acelerar seu metabolismo ou acalmar e relaxar. Dependendo da combinação. Fiz gastronomia, mas também gestão ambiental. Me graduei achando que iria trabalhar aqui com isso... O que me fez entender outros mecanismos que fazem parte do sistema, tudo está ligado.
Por que você trocou a Bahia de todos os santos por Minas de todos os profetas?
Conheci Minas em 2010 e me apaixonei por essa terra maravilhosa, amo a Bahia e seus encantos, mas Minas usou seu magnetismo e me arrebatou, desde então decidi mudar para BH.
“Ai, ai que saudade eu tenho da Bahia” ou já se adaptou?
Sinto saudade todos os dias, mergulho desde criança, o mar é minha paixão, inclusive fundamental na minha gastronomia. Sim, estou me adaptando, com esta quantidade de bares não é difícil.
Do que mais sente falta em Salvador, do que mais gosta em BH?
Família, amigos, o mar, “ahhhh o marrrrrr”! A gastronomia daqui é muito forte como a da Bahia, ambas com muita personalidade, amo isso.
Como começou na cozinha, culinária ou gastronomia?
Fui administrar um restaurante na década de 90, ele era australiano, lá iniciei o curso e minha vida na cozinha, de gerente para chef. Os aprimoramentos me guiaram para o caminho certo.
Você passou pelo restaurante Rizoma. Onde mora o teu tempo agora?
Verdade, ainda continuo na empresa, só mudei de unidade, agora na avenida Carandaí.
Qual a tua especialidade? Os sabores e perfumes do mundo?
Na caminhada conheci muitas gastronomias, oriental, asiática, europeia, sul americana, e a da Península Ibérica, responsável por minha paixão pela paella.
É fácil agradar ao paladar do mineiro, dono de uma cozinha tão tradicional, forte e famosa?
O novo sempre vem e o mineiro é aberto para experimentar o diferente, se fizer uma entrega com tempero e combinação de sabores ele gosta e aprova, coloque amor e vai dar certo.
Dá para casar a cozinha baiana com a mineira?
Com certeza! Existem várias influências em ambos os lados e nós somos vizinhos, isso ajuda muito, acho uma fusão perfeita! Comida “baianeira”, rsrsrs.
Planos para 2025? Um restaurante para chamar de teu?
Sim! Vou montar aqui uma casa com minhas assinatura e personalidade, um misto de tudo que aprendi nesta jornada, com temperos, ervas e especiarias para levar o público a uma experiência. Extrair sentimentos que precisam ser aflorados, afinal o alimento também cura. Todo homem deve ter seu propósito de vida. Obrigado a Minas Gerais por me receber de forma tão graciosa, podem aguardar pois, a dedicação é grande e está sendo muito salutar para mim. Abraço forte deste chef que ama “Belzonte”.