Paulo Navarro | Entrevista com Sérgio Roberto Belisário



Sérgio Roberto Belisário, presidente da Associação Mineira de Reabilitação. Foto: Arquivo AMR

Transformando vidas

O economista Sérgio Roberto Belisário começou sua vida profissional na Construtora Mendes e, em seguida, foi para a Cemig, onde trabalhou durante 33 anos. Construiu carreira respeitada como executivo, tornou-se empreendedor, principalmente no segmento de startups de tecnologia, e há 11 anos ocupa o cargo de presidente voluntário da Associação Mineira de Reabilitação – AMR.

Nesta entrevista, ele destaca as principais realizações de sua gestão e fala sobre os impactos sociais do trabalho da AMR, que foi fundada em 1964 pelo médico fisiatra Márcio de Lima Castro, com o apoio do empresário José Mendes Júnior, e se tornou referência nacional na reabilitação neuromotora de crianças e adolescentes com deficiência física e em situação de vulnerabilidade social.

Leia a entrevista completa!

Nesses 11 anos da sua gestão, o que mudou na AMR?

Há muitas mudanças positivas e não consigo detalhar todas aqui. Ao longo desses anos, executamos muitos projetos e transformamos vidas por meio da inclusão. A AMR foi agraciada em editais importantes da ABRINQ, Criança Esperança e Mart Minas, reafirmando o reconhecimento e a confiança no impacto da nossa atuação. Também conseguimos implementar um prontuário eletrônico, que propiciou um avanço significativo no gerenciamento de informações dos pacientes. Concluímos a instalação do Laboratório de Análise do Movimento (LAM), com o apoio do DVG Grupo, que beneficia não apenas nossos pacientes, mas também o público externo. E o fato mais marcante dos 60 anos é a estruturação de um planejamento estratégico, bem relevante para a sustentabilidade da AMR, que é o que miramos. A Fundação Dom Cabral foi um grande parceiro nesse processo.

Como a AMR nasceu?

Em 1964, o médico fisiatra Márcio de Lima Castro, especialista em medicina de Reabilitação, após retornar de cursos de especialização no exterior, trouxe consigo uma nova visão do processo de reabilitação neuromotora para crianças e adolescentes com deficiências físicas. Naquela época, havia muitas crianças com sequelas da poliomielite (paralisia infantil) e aquelas com menos condições financeiras quase não tinham acesso a tratamentos adequados. Foi a partir dessa realidade que o Dr. Márcio idealizou a AMR e formou uma equipe de grandes médicos fisiatras, com destaque para o Dr. Gilberto de Almeida Fonseca, o Dr. Armando Pereira Carneiro e o Dr. Theobaldo Rodrigues de Oliveira. Com apoio do empresário José Mendes Junior, que era, naquele período, presidente da Construtora Mendes Junior, nasceu a AMR.

Qual é o impacto social da AMR?

Desde sua fundação, a AMR tem se destacado como referência em reabilitação neuromotora de crianças e adolescentes com deficiência física. Nos últimos cinco anos, a instituição contabilizou mais de 260 mil atendimentos, beneficiando mais de 20 mil pacientes; realizou mais de 690 procedimentos cirúrgicos; investiu mais de R$ 50 milhões em reabilitação e inclusão; entregou mais de 15 mil equipamentos como órteses, cadeiras de rodas, cadeiras de banho e outros para adaptações.

Como a AMR se mantém?

A AMR é mantida com doações, recursos de parcerias em projetos aprovados em leis de incentivo, doações de contribuintes do imposto de renda e destinação de emendas parlamentares. Também contamos, há mais de quatro décadas, com um Corpo de Voluntários, atualmente formado por mais de 310 membros, que toma a frente na realização de atividades sociais, como campanhas de arrecadação, apadrinhamentos, eventos beneficentes internos e externos, além de gerir uma fábrica de fraldas, bazar, brechó, produção e loja de artesanato.

Os resultados da atuação do Corpo de Voluntários são satisfatórios?

Extremamente! As iniciativas do Corpo de Voluntários contribuem significativamente para o financiamento dos serviços de reabilitação da AMR, representando cerca de 21% dos recursos anuais arrecadados. Em 2023, as atividades do Corpo de Voluntários geraram arrecadação de R$ 2,2 milhões para a instituição.

Como a excelência da atuação da AMR é reconhecida no mercado?

A AMR foi contemplada, em 2024, com o prêmio do Thedotgood, um dos mais prestigiados rankings internacionais de avaliação dos impactos de ONGs, organizado por uma mídia independente sediada em Genebra, na Suíça, que destaca práticas inovadoras no Terceiro Setor. A AMR foi posicionada como uma das 45 melhores organizações sociais do Brasil.

Durante quanto tempo, a AMR acompanha um paciente?

Após ingressarem na Instituição, os pacientes são acompanhados até os 17 anos e 11 meses. Em média, cada criança/adolescente permanece sob os cuidados da AMR por aproximadamente 15 anos, recebendo atendimento especializado e integral voltado para a reabilitação neuromotora e social. Esse longo período de acompanhamento reflete o compromisso da AMR em promover a inclusão e a qualidade de vida de seus pacientes, desde os primeiros anos de vida até a adolescência.

Quais são os planos para o futuro da AMR?

A AMR sempre acompanhou o desenvolvimento da sociedade e, principalmente, as necessidades de seus pacientes. Por isso, desde fevereiro de 2020, participa do PILARIS - Programa de Gestão para Organizações Sociais, desenvolvido pela Fundação Dom Cabral. A proposta é ampliarmos nossa área de atuação geograficamente e, consequentemente, no número de atendimentos. Estamos seguindo um planejamento estratégico que aumentará a eficiência da instituição.