Paulo Navarro | Entrevista com Oliver Weder


Entrevista com o maestro Oliver Weder. Foto: Arquivo Pessoal

Multiplicação de Brioches

Oliver Weder é maestro titular de uma das orquestras mais antigas da Alemanha, a Sinfônica de Thüringen (cuja história remonta ao Século 17). Também é diretor geral de Música do Teatro de Rudolstadt, na mesma cidade. “Sou um maestro de ópera, e vocês têm um grande coral, então foi uma escolha natural colocar trechos de coros de óperas célebres de Giacomo Puccini. Acho que o público reconhecerá a música e espero que goste. E como precisávamos de uma parte igualmente popular, o que poderia ser melhor do que a ‘Sinfonia do Novo Mundo’, de Antonín Dvořák?”. A sinfonia pode parecer um “pavão misterioso”, mas está presente na trilha sonora de filmes como “Os Infiltrados” (2006), “Quarteto Fantástico” (2005) e “Barbie como Rapunzel” (2002). Onde, como, por quê? A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Lírico de Minas Gerais, sob a batuta de Weder, preparam concertos memoráveis. Amanhã, parte do programa, ao meio-dia, com entrada gratuita. Dia 8, o “banquete completo” a preços mais que populares, um “presente”.

O concerto apresentará ainda trechos de óperas célebres de Puccini, com a participação da soprano Melina Peixoto e do barítono Pedro Viana. Para completar, um concerto comemorativo do Dia das Mães. A apresentação acontecerá, dia 12 (domingo), às 10h30, no Parque Municipal Américo Reneé Giannetti, Centro. A entrada é gratuita e a classificação do evento é livre. Querem mais? Basta lerem a entrevista, que Weder nos concedeu, por e-mail, em inglês. E com mil perdões, por algum deslize na tradução.

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Oliver, primeira vez no Brasil? Se sim, qual a sensação de reger uma orquestra em outro país, outro continente?

Sim, é minha primeira viagem a este grande Brasil, o que me deixa muito animado. Sempre é uma aventura fazer amigos em uma nova orquestra, mas nós, músicos, dividimos a mesma linguagem. Mesmo eu não falando português, espero que os músicos me entendam. No final das contas, a arte de um maestro é uma comunicação não verbal, e acredito neste milagre muito especial entre a orquestra e o regente.

Quais as diferenças entre reger num teatro, numa sala e num parque? Como cada formato melhora a experiência da plateia e/ou desafia os artistas?

Ao ar livre sempre é um desafio: perdemos algumas nuances sutis na música amplificada e com os ruídos no entorno. Por outro lado, ganhamos uma atmosfera, um clima muito especial, o público fica mais relaxado, tornando o ambiente mais festivo. Aprecio estas oportunidades, mas para os músicos, claro, um parque é muito mais exigente e desafiador. Para a equipe técnica também.

Com o programa foi pensado e planejado? Quais as principais razões para a escolha do repertório que será apresentado? 

Sou um regente de ópera e vocês têm um maravilhoso coro. Assim foi fácil escolher famosos trechos de óperas na primeira parte do programa. E como precisávamos de peças mais populares para a apresentação no parque, nada melhor que a famosa “Sinfonia do Novo Mundo”, a nº 9 de Antonín Dvořák.

Fale-nos, por favor, um pouco sobre os destaques da programação. 

O programa completo será apresentado no Palácio das Artes e, claro, o segundo movimento da 9ª Sinfonia de Dvořák, com o maravilhoso solo de corne inglês (um primo do oboé, em nossa livre e cruel tradução) será uma das grandes atrações da noite. Para o programa no Parque Municipal, apresentaremos principalmente os coros com trechos mais populares das óperas de Giacomo Puccini: “Turandot”, “Madama Butterfly” e “La Rondine” também estarão no programa. Penso que o público a reconhecerá e espero que também ame.

Qual a maior dificuldade ou desafio deste repertório, para o maestro e os músicos?

Na sinfonia estamos em nosso mundo, nosso habitat e somos livres para fazer o que gostamos e o que conseguimos. Mas, nos trechos operísticos mudamos a mentalidade. Queremos apresentar o coro da melhor forma, da forma mais bonita possível. E a orquestra ficará um pouco “em segundo plano” para atingir este objetivo. 

Você já conhecia a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais antes do convite para regê-la? O que você espera da orquestra e dos solistas?

Chego realmente, “cru, ingênuo” ao Brasil. Só conheço a maravilhosa regente titular da orquestra, maestra Ligia Amadio. Ela me convidou e confiou em mim para guiar seus maravilhosos músicos. Acho que com esta bela programação vamos nos divertir e ter um ótimo evento apresentando os compositores e nosso público.

Por falar em público, o que ele pode esperar das três apresentações?

Momentos de grande entretenimento. Com uma das mais encantadoras sinfonias do repertório romântico – muito conhecida, mas ainda assim sempre uma descoberta. É realmente um “novo mundo”, próprio, e nunca me cansarei de mergulhar em sua música.  Por outro lado, teremos um compilado das mais lindas cenas de Puccini. Estamos entrando no coração da tradicional ópera italiana; uma grande oportunidade para a exibição dos coros e solistas. Recomendo a todas as idades e gostos. Sejam extrema e calorosamente bem-vindos.