Paulo Navarro | Entrevista com Mônica Araujo


Entrevista com a superintendente geral da CAPE Mônica Sales de Araújo. Foto: Carla Costa Fotografia

Muito Prazer

Amanhã, às 20h, quem puder, deve comemorar os primeiros dez anos do jantar “Chefs Contra o Câncer”, no “Complexo CentoeQuatro”, mais uma linda iniciativa da Casa de Acolhida Padre Eustáquio CAPE.

Para quem chegou de Plutão, anteontem, a CAPE confere, “a crianças, adolescentes e seus acompanhantes, acolhimento durante o tratamento de câncer e outras doenças não infecciosas”. Fazendo nossa parte, nosso prazeroso dever de casa, convidamos Mônica Sales de Araújo, superintendente geral da CAPE, para falar, explicar, pedir e convidar mais uma vez.

Antes, pedimos licença para, pela primeira vez, publicarmos dados bancários e afins, visando doações, afinal, a causa é mais que nobre. Estamos falando de generosidade para quem mais precisa, no momento mais urgente e delicado. Só enfatizamos o detalhe mágico desta “arte”, nas palavras da própria Mônica: “Acredito na lei do retorno, na conspiração do universo, na ação divina. É incrivelmente delicioso e prazeroso transformar a vida de uma pessoa, de uma família de uma comunidade”.

Leiam e mãos ao PIX!

Mônica, um breve perfil de Mônica Araújo, por favor!

Mônica Sales de Araújo: graduada em Ciências Contábeis; MBA em gestão e estratégia de negócios, pelo Centro Universitário Newton Paiva; pós-graduada em Gestão e Contabilidade em terceiro setor, pela Faculdade Batista de Minas Gerais; pós-graduada em gestão de custos, pelo Instituto de Educação Tecnológica ETEC. Superintendente Geral da Casa de Acolhida Padre Eustáquio CAPE. Maratonista.

Outro da CAPE, também brevemente.

A CAPE proporciona, a crianças, adolescentes e seus acompanhantes, acolhimento durante o tratamento de câncer e outras doenças não infecciosas. É uma extensão de seus lares: hospedagem, alimentação, transporte, atendimento multiprofissional, com acolhimento humanizado e individualizado. Longe de casa e fragilizados, os acolhidos são encaminhados pelos hospitais de Belo Horizonte, vindos de todo o Brasil, mas em sua maioria, de cidades do interior de Minas.

Em outras pouquíssimas palavras, uma corrente do bem?

Promovemos, numa rede de solidariedade eficiente, o amor, a alegria, a esperança e valores fundamentais sobre a vida! Necessidades são transformadas em esperança, através de doações financeiras e do comprometimento de parceiros, empresas e da sociedade civil, com trabalho, empatia, compromisso e transparência! Para todos nós, o que vale é a vida!

Tratar crianças e adolescentes. Mais fácil ou mais delicado?

Lidar diariamente com crianças em tratamento tem um enorme diferencial. Tanto pelo lado positivo, quanto pelo impacto emocional. As crianças nos deixam mais fragilizadas e envolvidas, simplesmente, por serem crianças. Elas já possuem, por si só, o encantamento e a leveza de não se preocuparem com as consequências.

Quase que brincando, pode-se dizer?

Simplesmente vivem e se deliciam com todos os momentos, mesmo diante tamanho desafio. Apenas vivem! Normalmente, quando demonstram alguma insatisfação, comportamento mais irritado e até mesmo desconforto físico, é em função dos efeitos de alguns medicamentos ou procedimentos realizados, mas não perdem a sua essência. O que traz um ganho enorme, para elas e para todos nós. Trabalhar com criança é uma oportunidade para crescimento e aprendizado. Um presente!

Gentileza gera gentileza. Generosidade também atrai generosidade?

Sim! Sem dúvida alguma! Acredito e presencio muitos resultados que alguns classificam como lei do retorno, outros como conspiração do universo e outros como ação divina. Acredito que a vida nos presenteia com oportunidades singulares e bem individuais. Enxergo as possibilidades de sermos generosos com o próximo e até com nós mesmos; uma destas oportunidades que não podemos deixar passar desapercebidos. Generosidade traz benefícios incomparáveis a muitas outras formas de nos sentirmos bem; nos conduz a caminhos diferenciados e únicos. Muitas vezes não imaginamos o tamanho dos benefícios que conquistamos com um ato de generosidade. Ela é poderosa!

Fale sobre a delícia e o prazer de ajudar quem mais precisa!

Usou as palavras corretas! É incrivelmente delicioso e prazeroso poder sentir e vivenciar o quanto podemos, em nossa insignificância, transformar a vida de uma pessoa, de uma família de uma comunidade. Receber um carinho sincero, poder ser esperada para cantar uma música, aparentemente boba, conseguir enxergar sorrisos em olhares e perceber gratidões em abraços é indescritível! Mas no mínimo, deliciosamente prazeroso!

Por falar nisso, em ajuda e generosidade, amanhã, dia 26, é uma data querida, concorda?

Sim! Uma grande oportunidade de unir o útil e o agradável ao necessário e compensador! Amanhã acontece o “Chefs Contra o Câncer”. Em cada edição reunimos um grupo importante da gastronomia nacional para preparar um jantar inédito que é sempre surpreendente. Esta edição é ainda mais especial porque reverencia a cultura do nosso estado e propõe essa mistura de tradição e inovação que sempre foi a cara de Minas. E o mais importante: é um momento inesquecível de solidariedade, amor ao próximo e que tem 100% da renda para a continuidade de um acolhimento digno para nossas crianças.

Como e com quem começou o projeto ou programa, “Chefs Contra o Câncer”?

O “Chefs contra o Câncer” surgiu da nossa vontade e necessidade de criar um evento para arrecadar fundos para a CAPE. Em uma reunião do grupo voluntário de gestão, surgiu a ideia do evento e então fomos ao encontro do chef Leo Paixão, convidá-lo a fazer o nosso jantar, onde o mesmo propôs convidar chefs amigos e tornar o evento ainda mais especial. 

Esse Leo é realmente uma paixão nacional!

Leo tornou-se embaixador da CAPE. Ele abraçou a causa e nos ajudou durante todos esses anos, encabeçando os chefs. Nós contamos também com parceria importante junto ao produtor Marcelo Wanderley e à revista “Prazeres da Mesa”, onde nosso evento integrava a programação do “Mesa BH”.

E agora completa 10 anos!

Agora, na décima edição, o “Chefs contra o Câncer” amadureceu e ficou mais independente. Nossa ideia é trazer novos chefs, ter sempre um tema, como o desse ano, que é "Homenagem à Cozinha Mineira". Inclusive estamos preparando surpresas para o próximo ano...

Quais são os “Santos” chefs e o “Santo” cardápio?

Caio Soter, Elzinha Nunes, Flávio Trombino, Henrique Gilberto, Leonardo Paixão, claro; Márcia Nunes e Victor Zuliani. O cardápio ainda está em elaboração

Essa é nossa terceira entrevista, desde 2012. Como vai a CAPE? Sempre lutando ou as batalhas estão sendo vencidas?

A CAPE é um presente para todos nós que temos a oportunidade de vivê-la de forma intensa e constante, como para toda a comunidade, especialmente quem vivencia a dor e a insegurança da luta contra doenças tão graves e com consequências tão assustadoras. A CAPE nos possibilita ofertar acolhimento digno, humano e com maiores possibilidades de cura.

Nota 10 para o acolhimento, mas boas notícias em termos de cura?

A CAPE também cresce, de forma muito especial, no que diz respeito a maiores chances de cura, além do acolhimento, com projetos grandiosos, como a “Carreta da Família” que já está em municípios carentes, para diagnósticos oncológicos, não apenas em crianças, mas em toda a família e ainda ampliando, como projeto em elaboração, para atendimento a crianças autistas, ambos numa parceria com a Santa Casa BH. As batalhas são diárias e recorrentes, mas com a ajuda da comunidade e de parceiros temos vencido! A luta é sempre grande e precisamos de mais adesões à nossa causa e à nossa casa.

Quem não for ou não puder ir ao jantar, amanhã, como pode colaborar, doar?

A CAPE é mantida 100% através de doações. As doações podem ocorrer de diversas formas: PIX ou transferência bancária. Banco Sicoob 756. Agência 4149. C/C 100.584.001-6. Casa de Acolhida Padre Eustáquio 06.305.317/0001-12. Chave PIX 06.305.317/0001-12. Cartão de crédito, sendo doação pontual  ou se tornando mensalista, o que pode ser feito direto em nosso site: https://cape-mg.org.br/seja-um-doador-cape/. Boletos bancários por e-mail: financeiro@cape-mg.org.br. Doações de produtos de higiene pessoal, limpeza, alimentos, roupas, brinquedos, direto na instituição: alameda do Ipê Branco, 28, Bairro São Luiz, telefone 3134018000. Voluntariado, agendar visita e entrevista com a psicóloga através do telefone 313401-8000 ou pelo Instagram @capebh

O que você e a CAPE esperam de 2025?

A CAPE acredita que 2025 será um ano de conquistas e de crescimento para todos nós, especialmente na luta contra o câncer e outras doenças não infecciosas. Sabemos que as lutas acontecerão, mas que nossa vontade de vencer e de salvar vidas, seja infinitamente maior, mais forte e poderosa! Que sejamos transformadores em todos os sentidos, em nossas vidas e na vida daqueles que mais necessitam!