Paulo Navarro | Entrevista com Maria Flávia Cardoso Máximo
Entrevista com Maria Flávia Cardoso Máximo. Foto: Felipe Vilaça
Ela é o Máximo
Linda, talentosa e vice-versa. Filha orgulhosa, grata e fiel à herança bendita. Sorriso fácil e sincero; gestos largos e generosos; comunicativa e cativante como exige sua profissão de advogada e professora. A entrevista com Maria Flávia Cardoso Máximo está repleta de frases e palavras como ética, integridade e amor ao próximo. Legado e vida com propósito, humildade e gratidão. Para não deixarmos o clichê de protetora dos fracos e oprimidos no ar, ela confessa ser apaixonada pelo Direito e comprometida com a Justiça. Sim, fracos e oprimidos, como uma capa de amianto ou as mãos castigadas de uma lavadeira. Como Santo Agostinho ao defender o pecador e não o pecado, ou como nosso saudoso amigo, mineiro e professor criminalista, Ariosvaldo Campos Pires, que defendia a nobre advocacia como aquela que anda sobre a lama sem sujar os pés.
Além dos valores, do pai e “colega”, Jacob Lopes de Castro Máximo, Maria Flávia herdou também a gargalhada inesquecível e a seriedade quando pensa no futuro, principalmente, o de seus alunos: busco a autoconfiança dos jovens, busco a esperança e descanso de milhares que sofrem, busco uma irmandade sem guerra, sem animal abandonado e com o planeta preservado. Ou como diria o poeta Drummond: “Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças”. Como avisamos; Maria Flávia, no mínimo, é o Máximo!
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Maria, quem é Maria Flávia Cardoso Máximo?
Sou única, mas não mais que qualquer outra pessoa nesse mundo de oito bilhões.
Quem foi/é Jacob Lopes de Castro Máximo?
Jacob, meu pai, era um homem de princípios robustos. Como ética, integridade e amor ao próximo. Seu legado transcende sua ausência física, refletido em cada pessoa que teve o privilégio de conhecê-lo. Amigo de gargalhada inesquecível era bom de garfo e de contar histórias, “Naquela Mesa”, o personagem principal era todo ele, ainda que não tocasse bandolim. Fotógrafo por convicção, em punho, a maquininha pronta para a ação. Advogado independente e destemido, inteligente e muito bem vivido. Jacob, Papai, meu eterno Mestre, que ainda me ensina por seus exemplos, escritos e registros a importância de viver com propósito, humildade e gratidão.
Um pequeno resumo de tua trajetória, por favor...
Desde a infância, vivi intensamente, me lançando em cada nova experiência. Profissionalmente, mergulhei no Direito, influenciada e inspirada por meu pai, mas também buscando meu próprio caminho. Hoje, continuo seu legado em nosso escritório, prezando pela Ética, apaixonada com o Direito e comprometida com a Justiça.
Quais são tuas especialidades?
Guiada pela versatilidade que meu pai valorizava, sou dedicada ao Direito Civil. Essa noção do todo é fundamental para qualquer especialidade que for buscar. Amo o Direito em sua totalidade, mas minha paixão pelo aprendizado ultrapassa os limites de qualquer especialidade, atuo sempre em busca de mais conhecimento que ainda vai muito além do Direito.
Com quem aprendeu mais? Com Jacob, com a faculdade ou com a vida, a experiência?
Dos ancestrais que trago como referência da família de minha mãe há uma máxima: “Viver é Lutar! E ninguém falou que seria fácil!”. Vivenciando as lutas da vida, vamos adquirindo aprendizado. Sem dúvida alguma, nossos pais nos dão as bases, mas sem luta, sem enfiarmos o dedo na tomada, pai Jacob nenhum adianta dizer. Assim, a vida, a faculdade, e pai Jacob – todos meus mestres em seu próprio direito.
Por falar no teu pai, de novo e sempre, em uma linda carta para você, o que ele quis dizer com: “muitas vezes, o Advogado é comparado ao amianto”?
Lembrando que a carta é de 2004, praticamente 15 anos antes de o amianto ser declarado tóxico pelo STF e ter seu comércio proibido no Brasil, papai comparava a Advocacia ao amianto, por ser um elemento com a capacidade de suportar o frio e o calor sem perder sua característica. Assim é a advocacia, que defende o cliente, sem perder jamais seus valores éticos e sua honra, sua verdade, sua independência e sua liberdade como as lições de Santo Agostinho ao defender o pecador e não o pecado, ou do mineiro professor criminalista Ariosvaldo Campos Pires, que defendia a nobre advocacia como aquela que anda sobre a lama sem sujar os pés.
E com outra frase dele, o advogado, “muitas vezes, tem o trabalho de uma lavadeira”?
Meu pai comparava o advogado a uma lavadeira porque ambos pegam algo complicado e entregam de volta limpo, resolvido. Ele detestava fofocas e sempre prezou pela discrição e respeito na nossa profissão. Cabe à advocacia ter a habilidade de tratar os problemas dos clientes com discrição, mantendo a dignidade de todos. Roupa suja todos temos, não é possível vida em sociedade sem contratempos, pontos de vistas distintos, erros, dificuldades, falta de sorte, escolhas erradas ou lutas inglórias, exposição de roupa suja alheia é crueldade, e por vezes, essa exposição leva a fins trágicos.
O cliente tem sempre razão, mesmo sendo um nobre ou um pária?
Honestidade, lealdade e boa-fé, são princípios fundamentais na defesa de qualquer cidadão, independentemente de seu status social. Ao zelar pelo relacionamento da advocacia com o cliente, reconhecemos o valor intrínseco da confiança que recebemos. Mas isso não significa endossar a qualquer custo e/ou a qualquer causa. Como os primeiros julgadores da causa, temos o dever de esclarecer o cidadão, não o iludindo ou incentivando às aventuras jurídicas. É sobre equilibrar a defesa apaixonada com a integridade, garantindo que a busca por Justiça e Paz sejam os nortes de nossas ações.
Como vê o tão polêmico e discutido Judiciário brasileiro, hoje?
Vejo com lamento, com preocupação, mas, acima de tudo, vejo também como minha missão! Afinal, a advocacia é também Judiciário, e todos devemos fazer a nossa parte. Os “justiceiros”, as arbitrariedades e os abusos de poder são perturbantes. Ainda, o sistema está sobrecarregado e isso afeta a qualidade da Justiça. Enquanto o CNJ cobra a prestação da tutela jurisdicional baseado por números, a advocacia lida com a dor individual de cada cidadão. Advocacia é resistência. Eu acredito na Justiça, tenho Fé, sigo os mandamentos de Couture (consagrado jurista uruguaio). Há muito a ser feito, e a colaboração de todos os profissionais do direito é fundamental. É lecionando que sigo renovando minha esperança – na jovem advocacia se despontam orgulhos de madrinha.
O Advogado, sempre busca a paz?
Sem dúvida, a Paz é o alicerce sobre o qual a Justiça se constrói. Como advogadas e advogados, nosso papel é mediar conflitos e buscar soluções que harmonizem interesses, visando um bem maior que é a convivência pacífica e justa na sociedade.
O que busca a Dra. Maria Flávia Cardoso Máximo?
Busco a felicidade, busco meu propósito, almejo ser um canal de Paz e Justiça, busco contribuir para um mundo onde a dignidade e a equidade não sejam apenas ideais, mas realidades vivenciadas por todos. Realizo-me com as trocas vividas com cada pessoa que minha vida se cruza, busco por sorrisos largos na rua, busco pelos olhos brilhantes de minhas alunas e meus alunos, busco a autoconfiança dos jovens com respeito e perdão aos que aqui vivem há mais tempo, busco a esperança e descanso de milhares que sofrem, busco uma irmandade sem guerra, sem animal abandonado e com o planeta preservado.