Paulo Navarro | Entrevista com José Ribeiro
Entrevista com o jornalista José Aparecido Ribeiro. Foto: arquivo pessoal
AJOIA Rara
O assunto de hoje é Jornalismo, com “v” de Verdade! Com “j” de José ou com “z” de Zé. Mas poderia ser sobre Turismo, com “g” de grana; de geração de renda, emprego e sustentabilidade. Poderia também morar na Filosofia e até citar Platão, vá saber. Poderia ser ainda mais, porque nosso entrevistado de hoje é bacharel em Jornalismo, bacharel em Turismo, licenciado em Filosofia, MBA em Marketing e pós-graduado em Gestão de Recursos de Defesa. É por fim, mas com enormes horizontes à vista, editor do portal “Minas Conexão” e âncora do canal “Médicos pela Vida”. Estamos falando e apresentando uma das melhores conversas do Planeta Minas, pena afiada, talentosa, competente, comprometida com a ética e a independência, sem morte. Vamos conversar com José Aparecido Ribeiro, ou simplesmente, Zé, que tem nada de Mané. É, em suma, dono de ótimo humor e apreciador das boas e belas coisas da vida. Claro que ele nos deu pinceladas em outros muitos assuntos, mas o principal deles é a Associação Brasileira de Jornalistas Independentes e Afiliados - AJOIA Brasil, da qual é, naturalmente, o presidente, já que também é um dos idealizadores e fundadores desta perolar AJOIA que guarda e oferece a mesma Verdade, numa caixa de veludo. Diz, Aparecido!
Zé, apareça para o nosso respeitável público de O TEMPO.
Um jornalista extemporâneo, às vezes ingênuo, mas comprometido com a verdade, ainda que ela possa ser apenas uma, mas com duas versões. Se têm, é dever do jornalista ouvi-las e deixar o público decidir em qual vai ser agarrar...
Brevemente, como começou o jornalista José Aparecido Ribeiro?
Da sensação de impotência diante da realidade e do desejo de mostrar a minha verdade para quem parecia adormecido. Na verdade, foi a Filosofia que me empurrou para o Jornalismo.
E hoje, quem é ele? Você não é “apenas” jornalista...
Um inconformado. Aí de mim se vivesse do Jornalismo. Aproximando-me dos 60, aprendi a me virar sem esperar muito dos que me cercam. Me sinto ungido pelas mãos de Deus e pratico o bem. O que vem é retorno disso. Semeadura livre, colheita obrigatória.
Você se interessa muito pelo urbanismo e mobilidade. São os grandes problemas das cidades brasileiras, em especial, Belo Horizonte?
Passamos por aqui uma única vez e a cidade interfere na nossa felicidade. Tento contribuir, utilizando apenas a memória do que deu certo fora de BH. Lamentavelmente a cidade estagnou. Possui um passivo de 50 anos que precisa ser atualizado. É possível fazer, precisamos apenas de políticos decentes.
O Turismo é outra praia que você frequenta. Outra solução para este “Brasil grande e bobo”, como dizia o saudoso Eduardo Almeida Reis?
O dia em que conseguirmos ter políticos vocacionados no comando do país, das cidades e dos estados, o turismo vai deslanchar, ainda que isso leve mil anos. Turismo sem organização e compromisso estético não existe, mesmo com todo o potencial que o país possui.
E, se pudermos falar sobre política, com “p” minúsculo mesmo?
Vou recorrer a Platão e a resposta será dele: A Democracia permite a qualquer um, o que não é para "qualquer um". O exercício da política é para os melhores cidadãos, e não para os mais carismáticos e "expertos". Sou a favor dos filósofos comandando a política.
Misturando tudo isso a outros caldos e pimentas, você acaba de fundar a AJOIA Brasil. O que é e a que veio?
Aprendi na faculdade que o princípio basilar do Jornalismo é o contraditório, ainda que ele incomode. Onde foi parar? O Jornalismo não acabou, mas está exercendo apenas uma de suas funções, a de assessoria de imprensa. Isso no campo da política é uma tragédia. O pacto tácito existente entre o jornalista e a sociedade está sendo desrespeitado e a credibilidade do profissional está na berlinda. Foi pensando nisso que fundamos a Associação Brasileira de Jornalistas Independentes e Afiliados - AJOIA Brasil. Precisamos voltar a fazer Jornalismo e deixar assessoria de imprensa para a iniciativa privada. Jornalismo responsável exige compromisso com o contraditório.
Ela já está ativa e operante?
A AJOIA está com 25 associados e ativa. Existe de fato e de direito. E qualquer jornalista que enxerga o que está acontecendo, e não concorda, será bem-vindo. Queremos resgatar a deontologia do Jornalismo. Apenas isso.
Se pudermos falar, a AJOIA é um antídoto?
AJOIA é uma tentativa de devolver autonomia para o jornalista. Chega de militantes autômatos usando o título de jornalista de forma escancarada. Ideologia e Jornalismo não combinam.
Se puder responder, como vê o Jornalismo, hoje? Em extinção ou nas trincheiras? Agoniza, mas não morre?
O Jornalismo virou partido político de esquerda. Isso não é Jornalismo, é bajulação, assessoria de imprensa. Em troca de jabá. O pior é que o jabá vai parar no bolso da emissora, lindo veículo de comunicação. O jornalista está sendo usado para projetos ideológicos e não ganha nada com isso, se não a pecha de prostituto da notícia.
A meta é ter 50 jornalistas associados, de todo o Brasil, até novembro próximo. Atualmente são quantos guerreiros?
São 25 e mais cinco que devem entrar na próxima semana.
Por que jornalista de direita nasce morto no Brasil, mas de quando em vez ressuscita?
O jornalista não deve ser nem de direita e nem de esquerda. Deve tomar partido pelas notícias, ouvindo as partes envolvidas nela. No caderno opinião, aí sim ele pode ter lado, mas sempre lembrando que no exercício da profissão, precisa manter o distanciamento. É o mesmo drama do ginecologista. Me entende?
Entendo, e como! A AJOIA aceita anunciantes, publicidade?
Sim, aceita, mas não vende a alma. Todos os jornalistas da AJOIA já passaram da fase do jabá, trabalham por necessidade, mas antes por compromisso e ética.
Pode a AJOIA afirmar sobre confiança e imparcialidade: "La garantía soy yo"?
Sim, garantimos que o associado da AJOIA é do bem e tem compromisso com o contraditório, ainda que este o desagrade eventualmente.
Faltou alguma pergunta, se você puder responder?
É uma honra, para nós, ter no grupo figuras humanas e inteligências brilhantes.
Merci.