Paulo Navarro | Entrevista com Fred Lanna


Entrevista com Fred Lanna. Foto: Divulgação/Projeto Trilhas

Entradas e Bandeiras

Queijo, café, cachaça, vinho, azeite, gastronomia, cachoeiras, rios, montanhas, parques, bares, igrejas, História, clubes, esquinas e trilhas, claro. Essa coleção e muito mais provam que Minas são várias, muitas e múltiplas a perder de vista. Hoje, com Fred Lanna, ficaremos com as trilhas e suas paisagens. Sem esquecer que, percorrer trilhas não impede um cafezinho, uma lasca de queijo, enfim, Minas Gerais. E trilhas não servem apenas para atletas. Fred oferece também “Trilha para Todos”. Sigam a trilha dessa entrevista e vocês vão chegar lá. Mas antes, vão passar pelo início da paixão, o esporte, a contemplação, a consciência, a sustentabilidade e a proteção de tudo que faz Minas ser Gerais.

Aprendemos que trilhas servem para tudo o que é bom e que são quase infinitas entre nós. A região que habitam, incluindo Brumadinho, Rio Acima, Itabirito e Nova Lima, tem mais de 2.500 km de trilhas. Então fica assim, idolatradas leitoras e caros leitores, desliguem a TV, usem celulares só para fotos e pé na estrada, quer dizer, pés nas trilhas. Depois, com moderação, a cervejinha está liberada para relembrar cada centímetro da aventura. Vamos?

Fred, resumidamente, tua trajetória, por favor... 

Moro, desde novo, na região de Nova Lima e Brumadinho, e sempre estive envolvido com a bicicleta e atividades ao ar livre. Com o tempo, esse estilo de vida foi despertando em mim um senso de responsabilidade com a natureza. Fui entendendo a importância de preservar, especialmente a Serra da Calçada, que é um lugar muito especial para mim.

O “hobby” casou-se com a luta?

Foi aí que comecei a me envolver de verdade na luta pela preservação, acreditando que a melhor forma de proteger e preservar é através do uso. Em 2006, participei do movimento para que a Serra da Calçada se tornasse um patrimônio tombado e isso tornou-se realidade em 2008, com o tombamento por parte do IEPHA. Em 2013, a Serra da Calçada se tornou um momento natural criado pelo município de Nova Lima, protegendo-a de maneira definitiva.

Como chegou ao “Projeto Trilhas” e o que é? 

O Projeto Trilhas nasceu dessa vontade minha e do Christian Wagner, cofundador do Projeto Trilhas, de proteger a Serra da Calçada e outros parques e trilhas da região de Nova Lima e Brumadinho. Acreditamos que a melhor forma de preservar é através do uso consciente. Começamos então a mapear as trilhas, levantar atributos históricos e entender melhor o território.

E nasce uma estrela...

E foi aí que surgiu o Projeto Trilhas, com o lema: “Só preserva quem conhece”. Porque acreditamos que, para proteger, é preciso entender e se envolver; só assim as pessoas se tornam realmente guardiãs desses lugares. Levamos essa iniciativa ao poder público de Nova Lima com o intuito de que as trilhas do município fossem reconhecidas como um patrimônio cultural. E como a cidade é conhecida por sua quantidade e variedade de trilhas tradicionais para atividades ao ar livre como trekking, caminhadas, mountain bike, entre outros...

Veio o reconhecimento!

O poder público reconheceu essa importância e criou o decreto de preservação de trilhas e caminhos (Decreto n° 6.773), que tombou mais de 380 km de trilhas no município. Esse movimento foi fruto de parceria com outras associações e com o poder público. Feito extremamente importante para garantir que essas áreas continuem acessíveis e protegidas.

O que é uma trilha e para que serve? Turismo? Exercício?

A trilha é uma forma de acesso à natureza, às nossas unidades de conservação e aos ativos culturais e naturais. Serve para promover o ecoturismo, estimular o exercício físico, conectar pessoas e até cidades — através das ciclorrotas, por exemplo. E também tem um lado terapêutico…

Trilhas infinitas como montanhas e cachoeiras? 

A posição geográfica de Nova Lima é muito privilegiada! A região, incluindo Brumadinho, Rio Acima, Itabirito e Nova Lima, tem mais de 2.500 km de trilhas. Desse total, 380 km já são tombados oficialmente pelo município de Nova Lima. É muita coisa linda: montanhas, cachoeiras, parques... tem trilha para todos os gostos e níveis.


Entrevista com Fred Lanna. Foto: Divulgação/Projeto Trilhas

E o “Trilha para Todos”? Qual o diferencial? 

O "Trilha para Todos" é uma iniciativa idealizada pelo “Projeto Trilhas”, em parceria com o Mountain Bike BH e o Centro de Arte Armatrux e Suspensa C.A.S.A, para proporcionar o acesso às trilhas para deficientes, através de equipamentos como a Julietti, handbikes e triciclos adaptados.

Como foi o passeio inaugural? Deu certo? Vai continuar? 

Foi um sucesso! Fizemos o passeio inaugural na Serra da Calçada e tudo correu como planejado. Os convidados PCDs adoraram a experiência, uma conexão com a natureza, aquela vista maravilhosa no final. E claro, o projeto continua e em maio será aberto ao público em geral.

 Onde e quando acontecerão os próximos passeios? 

Os próximos passeios estão programados para as regiões do Vale do Sol e de Macacos, em Nova Lima.

Que trilhas pretende percorrer em 2025?

Quero continuar andando nas trilhas da região da Lagoa dos Ingleses, do Parque Estadual do Rola Moça, da Serra da Calçada, Vale do Sol, Macacos... E ter a oportunidade de conhecer outras regiões.

Existe “a melhor de todas”? 

Uma trilha obrigatória e imperdível? Não sei se existe a melhor de todas, mas posso dizer qual é a minha preferida: as trilhas da Serra da Calçada. Ela une tudo o que gosto, clima agradável, vegetação diversa, trilhas para todos os níveis e aquele visual incrível. Então, se eu tivesse que indicar uma para conhecerem, com certeza seria lá.

Quem trilha mais? Homens, mulheres, jovens?

Antigamente, a gente via mais homens nas trilhas, sim. Mas isso vem mudando bastante! Hoje o público é bem diverso, tem mulheres, jovens, idosos… A chegada da bike elétrica também ajudou muito a democratizar o acesso. Agora todo mundo pode pedalar, explorar e se apaixonar pelas trilhas.