Paulo Navarro | Entrevista com Daniel Miranda


Entrevista com o CEO do BH Airport, Daniel Miranda. Foto: BH Airport/Divulgação

Daniel Airport

Daniel Miranda é o CEO do BH Airport. Juntos enfrentaram desafios que foram transformados em conquistas. Esta coluna, neste jornal, O TEMPO é testemunha e voz de como o executivo e o terminal compartilham um compromisso com a inovação e a excelência. Praticamente, “todo dia”, o BH Airport quebra um recorde, ganha uma certificação e outro reconhecimento. Ele que, durante “séculos” era a “porta de saída” das montanhas, para São Paulo e Rio, agora é o caminho para o mundo, mas também porta de “entradas e bandeiras”.

Aeroportos são termômetros. Quanto mais pousos e decolagens, mais turistas, negócios e divisas. Quanto mais movimento, mais infraestrutura e lojas no aeroporto e, claro, em Belo Horizonte que, “distraída, vence” e está cada vez mais cosmopolita. Ele é, um porto seguro e feliz, sem rio ou mar.  É o primeiro aeroporto carbono neutro e o mais sustentável do Brasil. Segundo dados de 2023, é o melhor em satisfação dos passageiros e, como “mineiro não perde trem”, o BH Airport foi reconhecido como o melhor e o mais pontual aeroporto do Brasil na categoria dos maiores aeroportos pelo Prêmio Aviação + Brasil, da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC).

Daniel, quais foram os principais desafios e conquistas desses 10 anos de concessão BH Airport?

A primeira década de gestão da concessionária foi também uma das mais desafiadoras do setor aeroportuário por conta da pandemia. A necessidade do isolamento social afetou de forma estrutural o turismo: as pessoas não saíam de casa para a rua, quanto mais viajar de avião. Tivemos que alterar toda a logística da operação para garantir a segurança dos passageiros no meio de uma crise sanitária global. Por outro lado, como toda crise oferece desafios e oportunidades, foi também no meio da pandemia que o BH Airport exerceu com toda a potência sua missão de encurtar distâncias e conectar destinos, trazendo para o Brasil vacinas e testes de Covid. Mais de 22 milhões de doses de vacinas da Covid-19 foram transportadas a partir da nossa logística, assim como 60% dos testes de Covid do Brasil. 

Mas, apesar dos desafios, o BH Airport não para de se superar...

Apesar dos desafios, não há dúvidas que nossas conquistas se destacam mais. Essa foi uma década de crescimento para o BH Airport, que ampliou sua capacidade de operação e elevou os padrões de qualidade e eficiência na prestação de serviços. Recebemos da Secretaria de Aviação Civil, o reconhecimento como o melhor e mais pontual aeroporto do Brasil, entre os maiores. Também estamos entre os 20 melhores aeroportos do mundo em 2024, segundo o “AirHelp Score 2024”. No primeiro semestre deste ano, recebemos cerca de 5,6 milhões de passageiros, o melhor resultado do período na história do aeroporto. Além disso, estamos atentos ao nosso legado, sendo reconhecidos como o aeroporto mais sustentável do Brasil pela Anac, além de sermos o primeiro aeroporto carbono neutro do país.

Nesses 10 anos também vimos chegar muitos destinos para o BH Airport, inclusive internacionais.

Sim, nos últimos 10 anos o BH Airport inaugurou 28 novos destinos, consolidando o aeroporto como o 2° maior no Brasil em destinos domésticos. Hoje, são mais de 70 destinos, sendo sete internacionais. Este ano, o BH Airport também anunciou uma nova companhia aérea: a ultra low cost Sky, que faz a rota BH – Santiago, um destino cada vez mais procurado pelos mineiros.

Você pode comentar sobre esse crescimento de conectividade?

Outra novidade recente é a ampliação da frequência da rota BH – Curaçao, operada pela Azul Linhas Aéreas e que ganhou o dobro de voos. O BH Airport é o único aeroporto no Brasil com um voo direto para a ilha caribenha. Também chegamos a cinco capitais atendidas no Norte do País com a inauguração do voo para Manaus. Essa é uma região muito importante, tanto para o turismo de lazer, quanto de negócios, e estamos felizes por aumentar essa conectividade.

Logo, o aeroporto precisou investir em infraestrutura. Quanto o BH Airport investiu em melhoria?

Desde 2014, cerca de R$ 1,3 bilhão foram investidos em obras de melhorias no BH Airport. Uma das mais importantes foi a construção de um novo terminal de passageiros, que ampliou a capacidade do aeroporto de 10 milhões para 32 milhões de pessoas por ano, elevando a qualidade do atendimento aos passageiros.

E quais foram as principais obras realizadas nessa última década?

A extensão e homologação da Pista de Pouso e Decolagem, que tem 3.600 metros e é uma das maiores entre os aeroportos no Brasil. Também posso citar a implementação de um sistema de captação de águas pluviais e utilização de águas cinzas, a construção de 17 pontes de embarque e a ampliação de áreas de pátios de circulação e parada de aeronaves, trazendo maior eficiência para as operações.

Essas melhorias também incluem a atração de mais lojas para a área comercial?

Sim. O mix comercial é estratégico para o BH Airport, tanto do ponto de vista de negócios, quanto de estratégia para melhorar a experiência do passageiro. Sabemos a importância de ter uma oferta diversificada de lojas, restaurantes e serviços para conveniência e entretenimento dos viajantes. Por isso temos trabalhado para trazer cada vez mais marcas, que atendem os diferentes gostos e bolsos. Desde que assumimos a gestão em 2014 já inauguramos 80 novas lojas e, hoje, são mais de 100, entre estabelecimentos de varejo e alimentação, além de serviços à população, como Correios e posto UAI para emissão de documentos.

O BH Airport também tem uma operação importante no transporte de cargas.

Na última década, o BH Airport se consolidou como o único aeroporto a oferecer operações multimodais para carga, transportando cerca de 260 mil toneladas de produtos, entre 2014 e 2024. Hoje, somos o principal Hub Logístico Internacional de Minas Gerais e oferecemos conexões estaduais e interestaduais, além de uma série de facilidades logísticas que entregam uma solução completa aos clientes, atraindo empresas do Brasil todo para o nosso estado.

Pode comentar sobre esses serviços logísticos e como isso tem atraído negócios para Minas Gerais?

Somos como um porto de Minas Gerais, pois conectamos os principais portos do Brasil ao Hub Logístico Multimodal do BH Airport. Operamos no modelo de Corredor de Importação, transferindo as cargas com celeridade e segurança, com recebimento, deslacre e armazenamento de cargas marítimas, sendo o único recinto alfandegado de MG com fiscalização disponível 24 horas para esse serviço. Temos 12 mil m² de área alfandegada que são usadas por diversos setores. Entre os mais representativos estão: Ciências da Vida, Mineração, Tecnologia e Automobilística.

A sustentabilidade também é um tema importante para essa gestão, certo?

Sem dúvidas, esse é um tema estratégico para o BH Airport. Desde sempre, os conceitos ESG estão atrelados à nossa operação, mas nos últimos anos avançamos no planejamento dessa área, incorporando o tema à nossa cultura. Criamos um Mapa Estratégico ESG e uma área dedicada, que integra os times responsáveis pelas boas práticas ambientais, sociais e de governança.

Alguns exemplos?

Em 2022, assinamos o Pacto Global da ONU e, em 2023, o BH Airport se tornou o primeiro aeroporto carbono neutro do Brasil, por meio da certificação do “Airport Carbon Accreditation”. Também temos o orgulho de ser considerado o aeroporto mais sustentável do Brasil pela Anac. E um “aeroporto verde” pelo “Green Airport Recognition”.

Você pode comentar a estratégia do BH Airport nesse campo?

Posso citar o Projeto 400HZ + PCA, que visa a substituição do uso de combustíveis fósseis por energia elétrica certificada como de fonte renovável durante as atividades de apoio para aeronaves em solo. Antes, esse processo acontecia por meio de abastecimento de querosene e geradores a diesel. Com a eletrificação, as companhias ganham em eficiência financeira, mitigação de ruído e diminuição de gases de efeito estufa.

Mas pelo que lemos e ouvimos tem mais...

Também investimos na substituição de equipamentos. As motocicletas de Ronda dos estacionamentos, que eram movidas a gasolina, por exemplo, foram trocadas por elétricas. No nosso Terminal de Cargas, substituímos as empilhadeiras convencionais, que utilizam gás liquefeito de petróleo, por equipamentos elétricos. Desde 2017 até agora reduzimos 48% das nossas emissões de carbono na atmosfera. Ou seja, cinco mil toneladas a menos de gases poluentes na atmosfera.