Paulo Navarro | sábado, 20 de outubro de 2018
Foto: Rômulo Cruz
Tri Thiago
De BH para o mundo. Conheçam a trajetória de Thiago Vinhal. Por ser criança agitada, os pais o colocaram na natação e, daí, o caminho do triatleta mineiro estava traçado. Ainda com 18 anos de idade, começou a competir e, até hoje, aos 35, não parou mais. Em 2017, Thiago se classificou para o Mundial de Ironman, em Kona, Havaí, com o melhor tempo entre os brasileiros. E ele está lá, de novo.
Quando o esporte entrou na sua vida?
Aos três anos de idade. Natação. Um “empurrão” dos meus pais, mesmo sem querer, me tornou o que sou hoje.
E do “empurrão” ao profissionalismo, um pulo?
No triathlon, por acaso mesmo. Eu nadava, gostava de correr. Aos 18 anos, era modelo, quis o corpo mais definido, fazendo spinning. Assim, uni tudo. Fui campeão mineiro, brasileiro e pan-americano das modalidades mais curtas do triathlon. No primeiro Ironman, em 2011, fui campeão nacional na categoria de 25 a 29 anos, amador. Em 2012, competi como profissional. Hoje, estou entre os 50 melhores do mundo.
Triathon para Ironman, um salto?
Vários saltos, braçadas, corridas e pedaladas. Ser triatleta em qualquer lugar do mundo é difícil, mas no Brasil é mais ainda.
Quais foram as suas dificuldades para chegar ao topo?
A falta de incentivo, por parte da família e da sociedade. Apoio financeiro, patrocínio, então, não existia. No Brasil, é difícil. Hoje, treino em Mallorca, na Espanha, ao lado dos melhores do mundo.
Preconceitos e valorização são obstáculos para todos? Isso inclui a grana?
Preconceito não atinge a todos, mas também acho que todos podem tomar as rédeas da própria vida. Optei por ser o autor da minha história. O investimento financeiro para praticar o triathlon não foge disso.
Ano passado, em Kona, Havaí, você fez bonito. Destacou-se como o primeiro triatleta negro entre os profissionais no mundial. Muito orgulho?
Muita alegria, gratidão a Deus e a todas as pessoas que acreditaram no meu sonho. Fiquei em 13º lugar, numa das modalidades mais duras. Muito feliz por mostrar que, se você quer algo, é capaz.
De volta à competição lá, este mês, está em forma do mesmo jeito?
Este ano eu quero ficar entre os dez primeiros. Estou melhor.
Como é a preparação? É verdade que são 7.000 calorias/dia, levantar às 4h da matina?
Acordo às 6h. Como proteína, carboidrato e treino. Seis horas de bicicleta, uma de fisioterapia, uma de natação, 12 km de corrida. Sete, oito horas de treino por dia.
O que passa nas palestras e programa de TV?
Tento mostrar quem é Thiago. Procuro promover melhorias sociais por meio do esporte, em presídios; grupos de assistência profissionalizante que trabalham para futura inclusão de menores no mercado de trabalho. Também para equipes de grandes empresas que precisem de motivação. Nada é inatingível se temos sonhos, disciplina e foco, disposição para dialogar e para aprender em equipe, com humildade e vontade de fazer a diferença.