Sábado, 30 de novembro de 2024
Enquanto isso, as mulheres mineiras continuam mandando quando o assunto é beleza, Kitty Wanderley. Foto: Edy Fernandes
Tubarões e sardinhas
O bar “Ponto Savassi” abriga agradáveis, animadas e muitas vezes polêmicas tertúlias bem regadas. Lá, por exemplo, descobrimos que Minas Gerais chega à marca de 304 anos sem ataques de tubarões. Foi quando um gaiato acendeu a fogueira, perguntando: “com nossa riqueza mineral, dádiva e ao mesmo tempo maldição, precisamos de tubarão”?
Sardinhas em lata
A conversa evoluiu ou despencou sobre a fama de Minas como berço de raposas políticas e o mote de que, a “sucessão sempre passa por Minas”. Passa e dá um “tchau, querida”! Nossos políticos entraram para a História como mestres. Moderados, serenos, matreiros, inigualáveis na arte de fingir que almejavam um objetivo para conquistar o que realmente desejavam. Eram quase unanimidade na admiração nacional.
Sardinhas e tainhas
“Perdeu, mané”! Há quanto tempo não temos um presidente mineiro de verdade? O último foi JK! Por isso, o professor Francisco Iglesias, na contramão, achava exagerada essa fama. Dizia que a maioria dos nossos políticos não conhecia economia e, por isso, preferiam ocupar o Ministério da Justiça ao da Fazenda, o preferido dos paulistas.
Tainhas e traíras
Daí São Paulo disparar economicamente e Minas Gerais patinar. O café, força de Minas no Século 21, enriqueceu São Paulo no Século 19. Estamos 200 anos atrasados. Enquanto vivemos um ciclo econômico da época do Império, São Paulo vive sua Revolução Industrial sem fim.
Traíras e piranhas
Nosso ouro ficou a ver navios indo para Portugal e Inglaterra, no Século 18. O saque continua, com minério e Cia., em pleno Século 21. Os mineiros sofreram derrotas memoráveis, minimizadas, ou nem percebidas, eclipsadas pelo folclore político.
Enquanto isso, as mulheres mineiras continuam mandando bem quando o assunto é charme, Luciana Rennó. Foto: Edy Fernandes
Piranhas do Egito
Benedito Valadares, uma das raposas, era interventor em Minas, nomeado pelo presidente Getúlio Vargas. Apesar de próximos, Benedito perdeu duas grandes paradas, que nos destroçaram. A primeira ocorreu em 1941: a Companhia Siderúrgica Nacional - CSN foi construída no Rio de Janeiro, e não aqui como indicavam os pareceres técnicos.
Egito de Múmias
O almirante Amaral Peixoto fez prevalecer a “linda” e conflituosa condição de genro, pois era casado com Alzira, filha de Getúlio Vargas. A outra se deu em 1943. A sede administrativa da Vale, à época Vale do Rio Doce, em Itabira, foi simplesmente levada para o Rio de Janeiro, sede jurídica.
Areia de barro
No final dos anos 60, a fábrica Simca, que daria início à indústria automobilística em Minas e cuja terraplanagem em Vespasiano havia sido feita, foi levada para São José dos Campos, SP. Outra perda histórica: Delfim Netto, ministro da Fazenda, de 1967 a 1974, desmontou o sistema bancário mineiro, o principal do país.
Areia movediça
Assim, beneficiando os bancos paulistas. Na Assembleia Constituinte de 1988, o deputado José Serra, relator da reforma tributária, conseguiu lei determinando que o ICMS fosse recolhido pelo estado consumidor e não pelo produtor de energia elétrica. Minas e Paraná ficaram sem compensação para as imensas terras alagadas pelas usinas hidrelétricas.
Enquanto isso, as mulheres mineiras continuam mandando muito bem quando o assunto é elegância, Natália Leite. Foto: Edy Fernandes
Lança Perfume
*Com o caixa reforçado, o governador paulista Luiz Antônio Fleury Filho reduziu, em 1990, as alíquotas.
E concedeu créditos-prêmios de ICMS para atrair projetos industriais para São Paulo
Outra perda espetacular foi em 1996, com o então ministro do Planejamento, Antônio Kandir.
Ele conseguiu que o Congresso aprovasse a lei isentando do pagamento de ICMS as exportações de produtos primários.
Produtos como minério de ferro, ouro e outros insumos minerais, semielaborados ou serviços.
Minas Gerais perde bilhões com a conhecida “Lei Kandir”.
Os políticos mineiros merecem a fama de mestres matreiros, mas também a de alunos reprovados na defesa dos legítimos interesses do estado.
Se não fossem tantas derrotas políticas, a economia mineira não estaria distante da paulista.
E a enorme diferença entre os royalties do petróleo e do minério?
O royalty é cobrado sobre o faturamento bruto das empresas, cerca de 10%, e a CFEM, 3,5% sobre o faturamento líquido das mineradoras de ferro.
Ah! Onde fica mesmo a sede de Furnas, entre ostras e outras?
*Gaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalo!