Sábado, 27 de julho de 2024


Abrindo a linda “patota” de hoje, Flávia Soares. Foto: Edy Fernandes

Notas bacanas

Há coisa de um mês, numa mesa da Savassi, amigo de copo e garrafas, leu-nos mensagem deveras interessante sobre as gírias dos anos 1970. Tinha de tudo. Algumas ainda usadas, outras nunca ouvidas, algumas apenas raras e saudosas. Pedimos o texto, o amigo esqueceu, os dias voaram, mas finalmente as gírias aterrissaram. Curtam!

Notas legais

Os mesmos anos 1970 deixaram saudade em alguns e medo em outros brasileiros. Anos de chumbo ou dourados como ouro de tolo? Anos em que vivemos em perigo ou anos de nunca fomos tão felizes? Ecos de 1968, onde brotaram mudanças culturais, movimentos sociais e, claro, um vocabulário original?

Notas supimpas

Muitas gírias da época refletiam a juventude atormentada, transviada ou borbulhante como Champanhe. Sobras de Woodstock e de rebeldes com causa, calça boca de sino e longas melenas? Para os filhos do Século 21, são expressões gregas de Pequim. Revisitemos algumas, explicando ou confundindo ainda mais. Para lembrar um “disco” da época: saudade não tem idade.

Notas pesadas

“Barra pesada” era uma situação difícil ou perigosa ou alguém complicado de lidar. É usada até hoje, mas vai além. “Barra pesada”, hoje, serve também para problema e a correria nossa de cada dia. A “barra pesada” continua a mesma, apenas trocou de cor. A próxima, confessamos: desconhecida: “Arquibaldos”: torcedores que assistem aos jogos das arquibancadas.


O “borogodó” de Natália Queiroz. Foto: Edy Fernandes

Notas estranhas

“Arquibaldos” era a paixão dos fãs que acompanhavam de perto os eventos esportivos, especialmente o futebol. “Bicho-Grilo”! Sim, ninguém fala, mas todo mundo conhece: “hippie” e até um pouco “natureba” e chegado a uma “erva brava, forte”. Esta ficou mais engraçada: “Chuchu beleza”.

Notas bizarras

“Chuchu beleza”: tudo bem, legal, bacana, “sambarilove”. Mesma situação de “Grilado”: preocupado, tenso, desconfiado. Continua firme e forte, “talkey”? Passemos a “Patota”: grupo de amigos ou uma turma. Camaradagem, amizade. É a “galera” e o “pessoal”, “pessoas” de hoje. “Careta”: pessoa ultrapassada, conservadora, antiquada ou tradicional.

Notas sinistras

“Tutu”: grana, “dindin”, “faz-me rir”, dinheiro, capital. Outra novidade, pelo menos para nós: “Bidu”: pessoa esperta ou que adivinha as coisas com facilidade; antenada. Outra: “Chacrinha”. Não, não é o saudoso apresentador. Era conversa fiada ou sem objetivo, inútil, conversas prolongadas que não levavam a lugar algum, não davam “comissão”.


O broto legal, Thaysa Godoy. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Ops! Sobrou espaço. Que tal um pouco das gírias dos anos 1960?

“Boa pinta” e “borogodó”. A primeira, alguém de boa aparência, enquanto “borogodó”, pessoa charmosa ou sensual.

“Broto”: jovem atraente, tanto garoto quanto garota charmosa; “pão”, só para homens bonitos.

“Dar tábua” significava recusar-se a dançar. Quem não dançava era ruim da cabeça ou doente do pé.

“Lelé da cuca” a pessoa que estava ou parecia, se fazia de louca.

“Papo furado”, conversa boba, sem graça, sem sentido, outro tipo de “papo aranha”.

“Fogo na roupa”: situação ou criatura complicada, desafiadora; que agia de maneira intensa ou criando confusão.

É uma “brasa, mora”, Sérgio Moro?

*E as gírias de hoje, tirando “véio” e sinistro?

A melhor de todas, para quem trabalha, inspira até vídeos: “Sextou”: a chegada da santa e almejada sexta-feira.

“Treta”: confusão, briga, BO (Boletim de Ocorrência). “Zueira”: brincadeira, bagunça.

“Trocar uma ideia”: conversar. “Crush”: pessoa que desperta atração em outra. Serve também para paquera e caso, queda por alguém.

“Perrengue”: pessoa está adoentada ou enfraquecida. Dificuldade, aperto, sufoco.

“Firmeza”: não é tão atual ou usada, mas é pessoa gente boa ou algo positivo.

“Lacrou”: antes era arrasou, mas, hoje serve também para os “lacradores” que dispensam comentários. Como o presidente da França, Macron que virou “Lacron”.

“Abestado”: bobo, tolo, leso, pacóvio. “Ranço”: incômodo, desprezo.

Temos mais, mas nestes tempos cassetes (chatos); de censura do detestável e burro politicamente correto, não podemos mais escrever. Às vezes, nem falar perto de paredes.