Sábado, 16 de novembro de 2024


As belas "coisas" da vida, com Camila Daflon, Kátia dos Nascimento Constâncio e Carolina Daflon. Foto: Edy Fernandes

O melhor francês

Jean Bruno Wladimir François-de-Paule Lefèvre d’Ormesson (1925-2017) ou “simplesmente” Jean d’Ormesson, foi mais que um grande e prolífico escritor, cronista, editor, e filósofo francês. Em 92 anos de doce vida, escreveu 43 livros! "Ele era o melhor do espírito francês, mistura única de inteligência, elegância e malícia, um príncipe das letras que sabia nunca se levar a sério", escreveu o presidente Emmanuel Macron, sobre a morte de d'Ormesson.

O melhor no Brasil

Filho do diplomata e embaixador francês no Brasil, André Lefèvre, Marquês de Ormesson, Jean morou no Rio de Janeiro na sua infância, nos anos 30, e guardou por toda a vida a paixão pelo Brasil e pelos brasileiros. Por incrível que pareça, tinha gente que não gostava dele e de seu trabalho, gritando que literatura boa é um parto e só nasce de muito sofrimento.

O melhor da lucidez

Ainda bem que o próprio Jean dizia que ninguém deve e pode ter apenas amigos, que é bom ter desafetos, que é saudável não agradar a todos. Jean não era um “Candide de Voltaire” e muito menos uma Poliana. Ele sabia que o mundo é cruel e povoado pelo Mal. Que a vida é um vale de lágrimas, mas também de rosas. Contra a corrente, sempre, Jean optou pelas rosas e fez muito sucesso, como “escritor da felicidade”.

O melhor da vida

Seu antepenúltimo livro explica melhor: “Eu diria apesar de tudo que essa vida foi bela”, de 2016 e ganhou o prêmio Jean-Jacques-Rousseau. Homem de Direita, mas sempre aberto às diferenças, às novas ideias e ao diálogo, tem ótimas frases: “A mais dura tarefa da tradição é dar ao progresso a boa educação que lhe deve e permitir ao progresso de nascer da tradição, como a tradição surgiu do progresso”.

O melhor do passado

Rezam as redes sociais que, “em discurso pronunciado na Academia Brasileira de Letras - ABL, Jean d’Ormesson recordou, com carinho, os tempos em que aqui residiu: ‘Lembro-me, com fascinação, o dia em que cheguei ao Rio de Janeiro, uma das cidades mais belas do mundo com o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, o Corcovado...’".

O melhor do francês

Pois foi d'Ormesson, deslumbrado pelo Brasil, o autor da palavra "ineptocracia" para a democracia de vários países, entre eles, o nosso. O neologismo, com o significado de inepto, ineficiente, desqualificado, incompetente... seria “o sistema de governo no qual os menos preparados para governar seriam eleitos pelos menos preparados para produzir e no qual os menos capazes de se auto sustentar são agraciados com bens e serviços pagos com os impostos e confiscos sobre o trabalho e riqueza de um número decrescente de produtores".

O melhor do pior

Completa o raciocínio, o advogado, professor universitário e jornalista, Bernardo Filho: “Resumindo, os que nada sabem e pouco produzem, põem no poder os que pouco sabem e nada produzem, para que estes administrem as riquezas, os bens e os serviços confiscados daqueles que algo sabem e produzem”.


A vida fica mais bela com Gabriela Guimarães. Foto: Edy Fernandes


A decoração e a embalagem da vida, com Larissa Procópio. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*“É o que vivemos neste momento”. Jean “foi de uma felicidade ímpar neste neologismo, que à época, foi premonitório”. 

“O negacionismo econômico (do Brasil atual) joga contra toda melhora nas contas do país e na qualidade de vida do povo”.

“A equipe fraca e despreparada, submete o país a uma piora quando ataca e assusta o mercado”.

“O presidente desqualifica a meta fiscal, porque sabe que este equilíbrio não acontecerá. A inépcia está no poder”.

“A dívida só aumentará, um caminho assustador, em um futuro não tão distante”.

“Inacreditavelmente, um editorial da Folha de S. Paulo, jornal que, há alguns anos combate a direita, lê-se: ‘O presidente, com suas falas, sabota o país’”.

“A ele faltam quadros que confrontem sem medo; e que lhe apresentem ideias e programas com consistência”.

“Mas sabemos que ele escuta ninguém e, por conseguinte, teremos que viver este momento de ineptocracia”.