Sábado, 14 de setembro de 2024
Walter Navarro, Maurício Campos e Celso Lotaif, no concerto, "As Quatro Estações", de Vivaldi, na extraordinária e milenar Sainte-Chapelle, em Paris, França. Foto: Arquivo Pessoal
Os Três Mosqueteiros
Notícias do primo Walter Navarro, direto de Paris, na França. “No inverno de 1982, três despreocupados jovens participaram de um intercâmbio em Paris. Pelo “Experimento”, Celso Lotaif vinha de São Paulo (SP); eu, de Campinas, onde morava com a família, também em São Paulo e, pela Aliança Francesa, Maurício Campos, de Belo Horizonte. Nenhum conhecia os outros”.
Os Três e os outros
“O grupo do “Experimento” era formado por mais oito estudantes, incluindo moças oriundas de Sorocaba (SP), BH e Rio de Janeiro (RJ). Curso na Aliança Francesa, de Paris e, nos fins de semana, viagens pela Europa. Foi na fila do trem para Amsterdam, Holanda, que Maurício foi ‘adotado’ pela festiva turma. Na volta, estava formada a trinca de amigos, para sempre”.
Os Três e o Dois
“O mais que clássico filme, Casablanca (1942), é famoso por seus diálogos, principalmente os do ator principal, Humphrey Bogart. Para consolar a mulher amada, ‘Ilsa’, Ingrid Bergman, que ‘perdia’, pela segunda vez ele diz a ela: ‘Nós sempre teremos Paris’. Fechando o filme, ‘Rick’ (Bogart) declara ao ‘Capitão Renault’, que o ajuda na fuga dela, perseguida pelos nazistas: ‘acho que este é o começo de uma bela amizade’. Pronto, temos Paris, 1942; Paris, 1982 e Paris, 42 anos depois”.
Os Três de novo
“Paris 42 anos depois porque, no início de setembro, Celso, Maurício e eu, depois de muitos encontros em São Paulo e BH, finalmente voltamos a Paris. Só os três e, assim, Paris voltou a ser uma festa, como a definiu Ernest Hemingway. Sim, 42 anos não são 42 dias. Estamos bem diferentes, mais velhos e sábios, mas, por uma semana, eles voltaram a ter 17 anos; eu, 19”.
"Los tres amigos", em "Paris, 42 Anos Depois", Maurício Campos, Walter Navarro, imitando o surrealista Dali e Celso Lotaif, em exposição, na mágica "Bourse de Commerce - Pinault Collection", em Paris. Foto: Arquivo Pessoal
Os Três para sempre
“‘Um por todos e todos por um’ foi o tema da viagem. Relembramos casos, piadas e revisitamos lugares mágicos, na cidade mais linda do mundo. Ignoramos solenemente os Jogos Olímpicos e tentamos esquecer o Brasil e suas mazelas que nos perseguiam, via tecnologia que, em 1982, nem existia. Mas nos divertimos sem moderação, não com programas pós-adolescentes, mas de homens rejuvenescidos por Paris”.
Paris para sempre
“Sempre juntos, visitamos o vizinho – e atalho para o metrô - cemitério de Montparnasse, onde descansam ilustres franceses, como o casal, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, o ex-presidente da França, Jacques Chirac; o compositor e cantor Serge Gainsbourg; sua Jane Birkin, entre dezenas de outros. O bom e velho metrô, com trens novos, mas alguns ainda de 1982. Metrô para monumentos, os mais charmosos bairros, restaurantes, pubs, bistrôs e várias exposições de arte”.
No bom, velho, perfumado e inesquecível metrô de Paris, com barulhinho típico e bom, o "Reencontro Marcado" de Maurício Campos, Walter Navarro e Celso Lotaif. Foto: Arquivo Pessoal
Curtas & Finas
“Em 1982, depois de dois meses, Celso e Maurício voltaram para o Brasil e eu fiquei mais dois meses viajando de trem pela Europa”.
“Em 2024, a mesma coisa, em dias. Celso voltou para São Paulo; Maurício, para Lisboa, antes de BH. Eu fiquei mais cinco dias, sozinho, com Paris inteira, menos divertida e amiga, mas só para mim”.
“Dicas? Claro! Pela ordem: a linda e escondida Place Sainte-Catherine, no bairro Marais, repleto de galerias de arte, chopes na calçada dos 1001 bistrôs e cafés, jantar num vietnamita, que também são vários”.
“Apesar de tudo, ou por causa das Olimpíadas, Paris está mais linda que nunca: Bastilha e sua ópera, ruas incríveis e o fantástico Museu Picasso. Jantar, com reserva, no ‘Au 35’, arrabaldes do imbatível Saint-Germain de Prés”.
“A exposição, ‘100 anos do Surrealismo’, no Pompidou e almoço lá mesmo, no restaurante panorâmico, ‘Georges’”.
“E porque o espaço acabou; um resumo e muitas faltas: o novo ‘Les Halles’. Na falta de Notre Dame, infinitas outras lindas igrejas”.
Rua de Rivoli, Louvre e sua pirâmide, a tocha olímpica, Place Vêndome, Ritz, Ópera Garnier, Café da La Paix, L’Olympia, Madeleine, Bourse de Commerce”.
“A fantástica Fondation Louis Vuitton, com Matisse; o estrelado restaurante ‘Benoit’ e o clássico ‘Le Procope’”.
“Concerto de Vivaldi, na sem igual ‘Sainte Chapelle’! No mais, da bagunça do ‘Mercado das Pulgas’ ao luxo das ‘Galerias Lafayette’”.
“Fim da aventura, nós sempre teremos Paris, começo da mais bela amizade. ‘Au revoir’!”.