Enfim a verdade

O anfitrião Helinho Brum ao lado de Duane Gomes na 7ª edição da sua White Party
Foto: Edy Fernandes

Enfim a verdade
Nossos problemas acabaram? Era tudo verdade? Levamos puxões de orelha e sermões à toa? Instintivamente estávamos certos? Parece piada, mas é verdade e, modéstia às favas, já sabíamos há muito tempo! Estudo da universidade de Oxford dá receita para a saúde. A recuperação mais rápida de doenças e prevenção da depressão está nesta constatação: "os homens precisam sair para beber com os amigos ao menos duas vezes por semana".

A doce verdade
A prova é que a pesquisa também é valida para os que saem apenas para praticar esporte, confraternizar, etc; O importante é a companhia, "o abraço da galera", o papo furado e não a bebedeira. Quatro amigos são suficientes para boas risadas. Outra grande verdade: risadas liberam as endorfinas necessárias para tirar o estresse acumulado.

A doce vida
Já diziam os antigos: rir é o melhor remédio. E nós desenvolvemos: rir é o melhor tédio. Ainda segundo a pesquisa, a maioria dos homens por mais que queiram, não conseguem conciliar seus casamentos e seus empregos com a vida noturna. 40% conseguem a liberação de suas esposas para saírem uma vez por semana. Outros 20% saem pouco ou nunca. Os restantes 40%, os felizes que saem, mostraram-se mais saudáveis. Já pra rua!

Pesadelo anunciado
Leitor com o "estranho e elitista" hábito de se locomover apenas em automóvel ou avião - o que no Brasil também não é nenhuma "Brastemp" - cometeu, no último feriadão, a insensata penitência de uma viagem, não para Aparecida do Norte a pé, mas em ônibus, Belo Horizonte/Rio de Janeiro/Belo Horizonte. Na ida, tudo divino e maravilhoso, num leito da Cometa, a volta é que foi triste, num Executivo da Útil!

Pesadelo de comédia
O apelo era respeitável: leito beleza por R$ 230, em vez do bilhete aéreo a R$ 1500. O primeiro choque é a jurássica rodoviária de BH. Pior, talvez, só La Paz, com chuva! Em termos civilizatórios, escapam os toiletes porque, claro, são terceirizados. Como nossas estradas. Estradas transitáveis apenas quando privatizadas, explorando infinitos e caros pedágios.

Comédia trágica
Escadas rolantes não existem na rodoviária. Já a esteira rolante, para o mezanino, há séculos não funciona. Restam as "escadas da Penha" e os elevadores, um para cada quatro plataformas. Idosos, mulheres e crianças têm elevadores, mas, lá embaixo, precisam arrastar imensas e pesadas bagagens; atravessar, descer e subir plataformas até encontrar a certa. Uma delícia!

Comédia amarela
Ar condicionado? No único restaurante (sic), naquele mezanino, via aquela esteira rolante que não funciona? Nem pensar! O charme da rodoviária é fazer o usuário sofrer! O cardápio? Self a quilo ou PF. Experiência para toda vida, no caso de sobreviventes, claro! Nos bares, a “prata da casa" de BH, a quarta cidade mais rica do Brasil“: pastel frito!

Risada amarela
Continuando o suplício, que nem cristão de Coliseu aguentaria: faltam cadeiras, lojas decentes e doses de "Simancol" nos responsáveis!  Agora, o prato principal: a volta! Insalubre! O ar condicionado central, transbordando impurezas visíveis, rimava com o mau humor do motorista (feitor de escravos frustrado).

Amarela e desesperada
Querem mais sobre a viagem de horrores? É pedir muito, toaletes limpos? Faltou até água para os passageiros brincarem de Pilatos! Aliás, nem torneira tinha! As mulheres rebelaram-se em Juiz de Fora e o ônibus foi trocado horas depois.

Emprestando sua beleza na mesma noite, Julia Garcia
Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

* Continuando a via crucis. Agora, o capítulo Balança, Mas Não Cai. No ônibus de trem fantasma de parque de diversões; parafusos frouxos nas estruturas, janelas e bagageiros rangeram a noite toda. Nosso infeliz amigo foi obrigado a calçá-los com papelão!

Missão Impossível: dormir, cochilar. Nem com mil caixas de Rivotril, como faz nossa amiga - nos aviões da vida - Narcisa Tamborideguy.

Cereja do bolo: o cheiro de desinfetante barato no toilete. Acendam um vulgar cigarro no banheiro e será expulso, abandonado na estrada. Todos os outros cheiros, odores, suores e fedores são tolerados.

Imoral da história, resumo da ópera bufa: Saudades da Civilização! Como podem tratar cidadãos assim, isso, no Sul Maravilha?

Como podem os mesmos cidadãos aceitarem estas afrontas diárias e seculares? Os brasileiros, infelizmente, acostumaram-se e aceitaram os maus tratos.

Estradas assassinas, aviões caríssimos, ônibus como navios negreiros! Quanta falta do básico obrigatório, quanta falta de direitos; de metrô, de trem, de respeito, de vida, de vergonha na cara!

No Brasil é pecado ser rico e castigo ser pobre: Nunca verás um "Paris" como este!