Dolce Vita | sábado, 9 de setembro de 2023

Saudável e bela, Isa Ribeiro. Foto: Edy Fernandes

O vício digital

Hoje, convidamos à reflexão sobre um texto da psicoterapeuta, Liliane da Costa Val Dabien, “O Álcool Digital: Será mesmo que os jovens estão realmente bebendo menos? Diversas pesquisas por todo o mundo apontaram essa tendência curiosa, ou seja: os adolescentes entre (12-18 anos) na América do Norte estão realmente mudando os hábitos etílicos e bebendo menos?”.

O vício vilão

“Essas pesquisas apontaram os jovens adultos, de (18-24) anos que, com um menor nível de abstenção e maior frequência de consumo, bebendo mais. E o álcool? Provoca um tsunami em diferentes neurotransmissores e o primeiro é a dopamina, muito indicada para quem sofre do mal de Parkinson”.

O vício transmissor

“A dopamina, ‘neurotransmissor da alegria’ faz com que os muito ou apenas tímidos se soltem. Pergunta-se: o consumo seguro de álcool existe? O posicionamento mudou. A Organização Mundial de Saúde - OMS afirma que nenhum nível de álcool é seguro”.

O vício moderado

Pausa para nossa humilde opinião, a começar com o bordão publicitário: “Beba com Moderação”. Ora, equilíbrio é o segredo da própria vida. Todo excesso é condenável, com exceção talvez da água, tesouro, cada vez mais raro. No mais, beber socialmente sempre foi saudável hábito cultural, agregador, de confraternização e festa, “um descanso na loucura”.

O vício santo

Voltemos ao texto de Liliane: “Aquela história de que uma taça diária de vinho é saudável caiu por terra. O mais instigante é que esse hábito, jovens bebendo menos, e o motivo aferido pelas pesquisas evidenciam o império da vida saudável”. O que lembra uma música de Zeca Pagodinho: “Amigo eu nunca fiz bebendo leite. Amigo eu não criei bebendo chá”.  Como a seguir.

O vício salutar

Assim, gostaríamos de lembrar o consumo de vinho, por exemplo, em países como França e Itália. Com moderação, sempre, é servido no almoço e jantar como a nobre bebida que é, uma tradição “milenar”, inclusive entre as crianças, como um suco de uva, misturado à água, com açúcar. Se a prática vira um exagero, um vício, aí sim é um problema.

Saudável e linda, Jéssica LaTorre. Foto: Edy Fernandes

O vício moderno

Continua Liliane. “Esse comportamento nos relata uma releitura da afirmação da identidade desses jovens ou de uma geração. Os adolescentes estão menos susceptíveis à opinião do grupo, porque estão mais preocupados com o futuro, uma vez que são cada vez mais absorvidos pelos seus ofícios ou profissões, principalmente em tempos de teletrabalho e trabalho hibrido”.

Lança Perfume

*Ainda com Liliane. “Ou seja, aquele tipo de trabalho que está em todo lugar e a qualquer hora e como uma cortina de fumaça de liberdade nos aprisiona mais que liberta de horários e lazeres da vida”. 

“Não que os valores não tenham mudado; não que a geração atual não ache “cool” ser saudável e consequentemente beber cada vez menos”.

“Mas isso se intensifica pela falta de tempo e preocupação com o futuro, gerando uma constante necessidade de produzir cada vez mais, por tempo muito maior e fatalmente ter menos tempo para qualquer tipo de lazer”.

“O que esses jovens ainda não perceberam é que o ‘smartphone’, fonte do teletrabalho, também é uma fonte de vício”.

“Vício que também gera a mesma dopamina no cérebro que o velho álcool, sem falar nos que adeririam aos ‘inofensivos’ jogos de celular e computador”.

Saudável e maravilhosa, Malu Albuquerque. Foto: Edy Fernandes

“Assim fica a dica e o alerta aos pais, os jogos, computadores e smartphones são o álcool digital”.

“Ou melhor, a cocaína digital; jogando ou vidrados na tela do smartphone”.

Ou ainda melhor, o cigarro digital, que já tem um exemplo, quase literal, o cigarro eletrônico, em “sabores sedutores”, nova febre e com nicotina, entre os jovens.

O cigarro “normal”, hoje, é sinônimo, no mínimo, de mau gosto. Fumantes são tratados como “bandidos ou leprosos”, perseguidos por mil e uma leis.

Isso, enquanto ônibus, caminhões e automóveis, impunemente, despejam “toneladas” da fumaça mais nociva em “fumantes passivos”. Para estes, não há lei, nem perseguição. Dois pesos, duas medidas.

Para terminar, no mínimo em termos de mobilidade, uma profecia do arquiteto, urbanista e político, Jaime Lerner: “o carro é o cigarro do futuro”.