Dolce Vita | sábado, 9 de dezembro de 2023

Dia 20 de novembro, no evento da marca, Chilli Beans, “Superdose de Natal”, no Espaço Meet, Caroline Adlung. Foto: Edy Fernandes

Hélio fez

Deve ter sido natural chegar ao nome e à arte de Hélio Faria (1929-2020) para um encontro marcado do público com sua pintura sacra, dentro da programação do Natal da Mineiridade, em dezembro de 2023, no Palácio da Liberdade, até 7 de janeiro de 2024, com entrada gratuita. Sinônimo e pioneiro da publicidade em Minas Gerais, Hélio Faria também foi um gigante, um gentil gigante, como escritor e, claro, artista plástico. 

Hélio Faz

Essa última e literal paixão está explícita na exposição “É noite de Natal: pinturas do artista Hélio Faria”. O nome explica muito, mas não o espírito. Na arte de Hélio Faria, Jesus nasceu e cresceu entre as montanhas e os campos de Minas. São nove obras, em óleo sobre tela, pertencentes ao acervo do próprio Palácio da Liberdade, com curadoria da Fundação Clóvis Salgado, recriando o nascimento de Jesus, em Belém, Cisjordânia, nas paisagens de Minas. 

Hélio Traz

Como se ele tivesse nascido em uma singela manjedoura em Tiradentes que, há muito, é uma cidade chamada de presépio, por sua simplicidade e delicadeza. Simplicidade e delicadeza definem bem a arte de Hélio Faria. “Naif” também, não para diminuir sua arte, mas para situá-la exatamente onde Hélio a concebeu, na ingenuidade que o aproxima não apenas do menino Jesus, mas de todas as crianças e adultos que são antigas crianças.

Hélio Paz

Por “Naif”, o preconceito ou pré-conceito entende como arte crua, primitiva, infantil, autodidata, espontânea, nua e crua. Como a do francês, Henri Rousseau; Djanira, Heitor dos Prazeres, Mestre Vitalino e, ousemos! Até mesmo o gênio russo, Marc Chagall? Enormes artistas dedicados à religião, à fé, à paixão e ao amor. No caso, Hélio Faria, à natalidade da mineiridade.

Hélio Apraz

Hélio Faria consagrou-se na publicidade, a arte de vender, mas em sua segunda paixão, digamos, não por acaso, sobressaiu-se também na literatura infantojuvenil, escrevendo e ilustrando. Com pinturas praticamente de “ontem”, de 1990 a 1996, a magia da exposição “É noite de Natal: pinturas do artista Hélio Faria” reflete e multiplica, muito além do jardim do protagonista, “pão de queijo, cachaça, hóstia, animais, veredas, montanhas, serras, igrejas de Minas e o ‘estábulo’ do Palácio da Liberdade”.

Também brilhando com a Chilli Beans, Giovanna Lacerotte. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Hélio Faria não usava apenas as mãos, pincéis e tintas, mas o coração.

Sem mais delongas, nessa falsa elegia em forma de sincero elogio, terminamos com quem sabe muito mais, em feitio de oração e cumplicidade, Hélio Faria, o publicitário.

Não o homenageado, mas seu filho, Hélio Marques de Faria, o Helinho Faria, como carinhosamente o tratam seus milhões de amigos.

“A dedicação à pintura sacra, expondo os principais fatos da Bíblia como se acontecidos em Minas, deixa clara sua proximidade com o divino”.

“E Deus foi muito generoso com meu pai. A pintura, os livros, suas atitudes e suas ações demonstram essa generosidade. E ele nos deixou esse lindo legado”.

Fechando o evento da Chilli Beans, com muita pimenta, Sarah Gomes. Foto: Edy Fernandes

Nenhum nome nasce impunemente. Na Química, Hélio é o primeiro da lista dos Gases Nobres, possui símbolo He, massa atômica 4 u, número atômico 2 (2 prótons e 2 elétrons).

Mas definições técnicas podem enganar, dizendo que, à temperatura ambiente, o Hélio encontra-se na forma de um gás monoatômico, incolor e inodoro. Mentira!

Na verdade, o gás Hélio é usado para o enchimento de balões e utilizado por mergulhadores de grande profundidade.

Pronto. Hélio Faria é isso: voa alto, leve, colorido e, ao mesmo tempo, mergulha abissalmente, em Minas.

Feliz e mineiro Natal!