Dolce Vita | sábado, 8 de julho de 2023

Longe demais da capital do Japão, Flávia Cabido. Foto: Edy Fernandes

Império dos Sentidos

Há seis anos, a francesa Vanessa Montalbano comprou uma passagem só de ida para Tóquio. Lá, ela trabalha em um pequeno restaurante e conhece o frenesi da vida na capital japonesa. Conhece também o outro lado da moeda, a solidão. Para aperfeiçoar-se na língua local, ela mergulha nos aplicativos de encontros e descobre o infinito potencial do Tinder oriental.

Sem sentido

No Japão, as pessoas se encontram para qualquer e toda coisa: achar o grande amor, companhia por uma noite, tomar banho juntos e até a pessoa que tenha o mesmo grupo sanguíneo. No labirinto da sedução, ela descobre os “hosts”, homens para companhia, de comportamento muito rígido, cheio de códigos.

Sem noção

Vanessa frequenta os “love hotels”, para casais efêmeros. E escreveu “Tokyo Crush”. Um mergulho inédito no mundo das relações entre homens e mulheres no Japão, a história de uma francesa em busca não do tempo, mas da liberdade. Perdida?

Sem loção

Para rimar, um texto do site “MeuPatrocínio”: a sociedade japonesa enfrenta baixa taxa de natalidade, pela falta de interesse em relacionamentos românticos e a “síndrome do celibato”, o que pode afetar negativamente o futuro do país. Quem nunca ouviu falar sobre japoneses que “namoram” mulheres de borracha e compram calcinhas usadas por estudantes?

Sem solução

O especialista em relacionamentos do site, Caio Bittencourt, enfatiza como é importante ter alguém ao seu lado e como isso pode aumentar suas chances de sucesso também no aspecto financeiro. “Muitos jovens japoneses estão optando por permanecer solteiros e dedicar seu tempo a outras atividades, como carreira e ‘hobbies’”.

Com solução

“Além disso, a pressão social e a expectativa de casamento e filhos podem ser vistas como um fardo, o que desencoraja o envolvimento romântico. E alegam que se relacionar, casar e constituir família exige muito dinheiro”. Aqui também. “Relacionamentos amorosos são importantes para o bem-estar individual e social; apoio emocional, crescimento pessoal e uma conexão íntima com outra pessoa”.

Provando que Tóquio não é aqui, Sandrelli Rois. Foto: Edy Fernandes

Boa solução

“Um casal que está em um relacionamento saudável se apoia e cresce junto, melhorando assim o desempenho no trabalho e nas demais atividades”, diz Bittencourt. Existem casos em que o relacionamento não só ajuda, mas também é um investimento na vida financeira.

Única solução

Assim, cada vez mais homens procuram mulheres que promovem esse tipo de cuidado, que possam ser o apoio que eles precisam. “E elas procuram por homens mais maduros e experientes, conhecidos com ‘Sugar Daddies’”, finaliza Caio.

Solução sem pressão

No Japão, 20% dos homens e 18% das mulheres não sabem conversar com o sexo oposto, consequentemente fazendo com que as pessoas procurem mais por plataformas “online” onde possam se conhecer melhor sem a pressão de não saber como falar ou reagir.

Solução e extinção

“Realização e satisfação pessoal, novas formas de agir e pensar a relação com o outro, a noção do que é o amor e do que é intimidade; a ideia do amor romântico e monogâmico dando lugar a relações fluidas, lembram a psicanalista Regina Navarro Lins e seu livro ‘A cama na varanda’, mostrando que nossas instituições mais tradicionais vêm se transformando continuamente, admitindo regras mais flexíveis.

Japão e Haiti não são aqui, Valéria de Souza e Silva. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Voltemos ao livro “Tokyo Crush”. Mais que um diário de viagem, a história de encontros amicais e amorosos.

Neles, os hábitos e costumes de um país muito distante do Ocidente.

Por exemplo, aprendemos que as pessoas podem ter rostos em forma de condimentos, de açúcar ou de sal.

Que o sexo é onipresente na cidade, nas vitrines, nas revistas “mangás”, nas distrações noturnas propostas a todos, assim que saem do trabalho.

Na verdade, os japoneses são muito recatados e puritanos e não fazem mais sexo, preferem uma companhia para um caraoquê.

Palmas para Vanessa. Pegar um voo sem volta e sem conhecer a língua do país não é para qualquer um.

No mais, o Japão é o país mais diferente da França, culturalmente falando.

Viver lá, conviver e resolver as exigências administrativas, fazer amigos, é nada fácil.

Vanessa entra em território desconhecido. É encontrando homens e tentando seduzi-los que vai aprender a língua no sentido mais amplo e íntimo.

Como dizem os próprios japoneses: eles pensam muito. Enquanto isso, a vida passa e acaba. Lá, mas aqui também.