Dolce Vita | sábado, 4 de fevereiro de 2023

Em BH e clima de pré-carnaval, com feijoada, na Casa Outono, Marina Diniz. Foto: Bárbara Dutra

Ai que doideira

Ainda dá tempo. “Tire sua roupa ‘Aí que Loucura’ do armário e venha curtir um badalo no Fairmont” é o convite para quem quer uma noite com a deliciosa Narcisa Tamborindeguy. O evento, hoje, celebra o pré-Carnaval do Fairmont. Seis horas de festa e uma estação de massas, do chef executivo do hotel Jérôme Dardillac, liberada. 

Ai que maluquice

O baile começa às 21h, com a escola campeã do Carnaval de 2022, Grande Rio. E mais os DJs Caio e Gutto Sax, além da DJ Marisa D´Amato, na madrugada. “Narcisa é leve, divertida, alto astral, alegria; a cara do Rio. É apenas o começo. Tenho certeza de que ficará para a história”, comemora Netto Moreira, diretor-geral do Fairmont Rio.

Ai que insanidade

“Não tinha outro lugar para a estreia do Baile da Narcisa, o Fairmont Rio! Preparamos o badalo mais animado que já aconteceu nesta cidade. Narcisa merece essa homenagem em um evento para chamar de seu. Ela é gigante”, diz Bruno Chateaubriand, idealizador do evento. Fala Narcisa: “Será inesquecível com direito a muita loucura e felicidade!”.

Mais uma bela foliona, na Casa Outono, Sílvia Ladeira. Foto: Bárbara Dutra

Sanatório Geral

Eis o País do Carnaval. Enquanto uns choram, outros vendem lágrimas, máscaras e lenços “Made in China”. Sinceramente, tem clima para festa e Carnaval neste tão conturbado e triste Brasil de 2023? Ou vamos confirmar a máxima da Antiguidade que pregava para os dias de folia: “uma vez por ano é permitido enlouquecer”? Uma vez por ano? A loucura de Narcisa e a loucura do Brasil já são cotidianas, ou não?

Sanatório recreativo

Ou então, mais que nunca, no Brasil, o Carnaval é catarse ao pé da letra e do Google: do grego kátharsis, é uma “purificação do espírito humano. Um método de expulsão, pois coloca para fora do corpo aquilo que é anormal à natureza. Diversas expressões artísticas são capazes de gerar catarse, como a pintura, a música, o cinema e o teatro”.

Sanatório criativo

“Sanatório Geral” é aquele samba do Chico Buarque que definia o Brasil como um hospício, vocês lembram? Hora de o feitiço voltar contra o feiticeiro: “Num tempo, página infeliz da nossa História, passagem desbotada na memória das nossas novas gerações, dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída, em tenebrosas transações”.

Sanatório Brasil

“Seus filhos erravam cegos pelo continente, levavam pedras feito penitentes, erguendo estranhas catedrais. E um dia, afinal, tinham direito a uma alegria fugaz, uma ofegante epidemia, que se chamava Carnaval. Palmas pra ala dos barões famintos, o bloco dos Napoleões retintos e os pigmeus do bulevar. Meu Deus vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar, a evolução da liberdade, até o dia clarear”.

Carnaval de Fogo, na Casa Outono, com a linda de vermelho, Ana Bahia. Foto: Bárbara Dutra

Lança Perfume

*Não é por falta de motivo, motivação e inspiração que o Carnaval vai acabar, principalmente depois da pandemia de sinistra memória, concordam?

E além da catarse, como tema, podemos emprestar uma “impecável descrição do escritor francês Jean d’Ormesson”.

Descrição da palavra inventada por ele próprio, “Ineptocracia”.

Olha a “Ineptocracia” aíííííííííííí, gente!

Palavra que descreve a democracia de vários países e cai como luva no Brasil porque rima com a volta por cima da “cleptocracia”.

“A Ineptocracia é o sistema de governo no qual os menos preparados para governar são eleitos pelos menos preparados para produzir”.

“E no qual os menos capazes de se auto-sustentar, são agraciados com bens e serviços pagos com os impostos e confiscos”.

“Impostos e confiscos sobre o trabalho e riqueza de um número decrescente de produtores”.

Resumindo este texto que invadiu as redes sociais, “os que nada sabem e pouco produzem, põe no poder os que pouco sabem e nada produzem”.

“Para que estes administrem as riquezas, os bens e os serviços confiscados daqueles que algo sabem e algo produzem”.

Parabéns e Bravo, Jean Bruno Wladimir François-de-Paule Lefèvre d’Ormesson (Paris, 16 de Junho de 1925 – Neuilly-sur-Seine, 5 de Dezembro de 2017).

E para terminar, com outro feitiço, contra o feiticeiro Chico Buarque, cantemos como uma ameaça ou aviso de amigo:

“Quem me vê sempre parado, distante, garante que eu não sei sambar. Tô me guardando pra quando o carnaval chegar”.

“Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar”.

“E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar”.

“E quem me vê apanhando da vida, duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar”.