Dolce Vita | sábado, 30 de julho de 2022
E por falar em lindas italianas, as descendentes, Bruna Gontijo e Camila Chiari. Foto: Arquivo Pessoal
O poderoso paraíso
Que tal um pouco de sonho eterno de sábado? Que tal viajarmos para a Itália, com um cicerone bem pitoresco, um amador apaixonado por um dos países mais ricos e lindos; único no mundo? Mas antes, um pouco de coincidência, que ninguém é de ferro. Há uma semana, em conversa de bar, um amigo sugeriu a série “The Offer”, no canal de filmes, “Paramount”.
O Poderoso Coppola
“The Offert” trata da produção dos bastidores por trás da obra prima, trilogia incontornável de Francis Ford Coppola, “O Poderoso Chefão”, estrelado por Marlon Brando e adaptado do livro de Mario Puzo. Infelizmente, adiamos o programa, por falta de assinatura, o que já estamos providenciando. Felizmente, nestes canais, uma série puxa outra, uma variação sobre o mesmo tema.
O poderoso James
“The Offer” nos levou a “uma série relacionada”: “James May – Nosso Homem Pelo Mundo”, no Amazon Prime. Na primeira temporada, May esteve no Japão. Mas o que nos seduziu foi a segunda, “Nosso Homem na Itália”. Pausa para apresentarmos o apresentador. Aos 59 anos, o cara é uma peça, uma figura! A começar pelo delicioso sotaque e principalmente pelo humor 100% britânico. Um gozador, sutil, “ma non troppo”.
O Poderoso May
E James May não poderia começar sua viagem melhor. Pela Sicília, “Ilha Misteriosa, da Fantasia e dos Tesouros”, no extremo sul do corpo e da “bota” da Itália. Ele começa desmistificando a Máfia, em Palermo, capital da Sicília. De cara mostra que, para um inglês como ele, a Itália é quase Marte. Em seguida vai para a vulcânica Catânia. Outra grande beleza.
O Poderoso Etna
Vejam que delícia de Catânia! Ela fica no sopé do vulcão Etna, um dos mais ativos e perigosos do mundo. Menos famoso que o Vesúvio, que soterrou Pompéia e Herculano, ainda ameaçando a mágica Nápoles – o que May descobrirá em seguida – o Etna deu uma lição da “Dolce Vita”, procurada pelo inglês: “Beber vinho e não se preocupar com os vulcões que podem explodir no meio do primeiro gole”.
O poderoso boné
Agora vem a “coincidência” com a série “The Offert” e o diretor Francis Ford Coppola. James May, querendo se vestir como um siciliano e impressionar sua guia, Cláudia, descobre que “coppola” é também o nome da boina, melhor, do típico boné siciliano. Ele até comprou um, mas, em vez de impressionar Claudia, desperta suas risadas. Nossas também.
O poderoso “dolce”
Sempre buscando os segredos da “Dolce Vita” italiana, sempre de bom humor e curioso, não tem medo de comer e provar várias emoções, como passar vergonha arriscando-se na pesca ou jogando pólo aquático em caiaque. Sua ideia fixa é a lambreta Vespa, o café Capuccino, a pizza, o sorvete e claro, o vinho, evidente inspiração.
O poderoso vinho
May, degustando vinhos, fica à vontade para citar e recitar o poeta persa dos Séculos 11 e 12, notório correligionário de Baco, Omar Khayyam, “apressando a caravana’ da vida: “Vinho, pois todo o resto é fútil, porque vamos morrer”. Ou seja: “beba vinho, é tudo o que a juventude lhe proporcionará. É tempo de vinho, flores e amigos bêbados. Seja feliz nesse momento. Este momento é a sua vida”.
Provavelmente, mais uma bela descendente da Itália, Rejane de Paula. Foto: Arquivo Pessoal
Lança Perfume
*Ainda inebriado de tanta Itália e “Dolce Vita”, James May lembra e ensina: “O álcool é o pedido de desculpas de Deus por nos fazer conscientes”.
A sensação que fica, já no primeiro capítulo da série, é que James May tem a melhor profissão do mundo, aos 59 anos.
Outra clara sensação é que a Sicília, sozinha, renderia vários outros capítulos, tal a riqueza da história, tradições e paisagens. Por exemplo, faltou a esplêndida Siracusa!
Mas, navegar é preciso! Assim, da Sicília, May volta ao continente para novas aventuras e descobertas inolvidáveis.
Na pouco conhecida – infeliz e injustamente - Puglia, May aprende a ordenhar a cabra Betina e a fazer queijo. Ou pelo menos tenta. E claro, faz piadas quase pornográficas com a ordenha.
Próxima parada e estação: Nápoles e suas trágicas vizinhas, Pompeia e Herculano. Faltou Capri, outra ilha de sonho, a favorita da saudosa Danuza Leão.
O sobrenome pode não ser italiano, mas Verônica Nunes é perfeito exemplo de "Dolce Vita". Foto: Edy Fernandes
Ainda bem que não fizemos anotações porque, só de memória, este espaço já chega ao fim. Mas fica a dica. A série é uma delícia sem fim, principalmente através do olhar de May, um velho menino encantado.
Deixamos James May despedindo-se, sempre com certa melancolia, da região de Nápoles.
O terceiro capítulo é Roma que promete ser um dos melhores. Principalmente se May ousar fazer “em Roma, como os romanos”.
Quem tem boca vai a Roma. E May fala demais.
Será que o louco inglês, depois de lembrar que todos os caminhos levam a Roma, cismar com outra máxima: “ir à Roma e ver o Papa”.
Sorte de Francisco não morar em Roma, mas no Vaticano.