Dolce Vita | sábado, 28 de maio de 2022

Ainda na “Agéo Prime Fest”, dia 21, Fazenda Agéo, Paraopeba, o esplendor de Cris Carneiro. Foto: Edy Fernandes / Cris Carneiro

Brasil baiano

O tema de hoje é uma velha canção nos olhos dos leitores. Já escrevemos sobre o assunto umas mil vezes, em infinitos pontos de vista, incontáveis outros exemplos. Mas, como santo de casa não faz milagre, hoje, apelamos para um “santo” da Bahia de Todos os Santos, o publicitário Nizan Guanaes, num texto para o RG.

Brasil brasileiro

Definindo-se como farol do estilo de vida e do comportamento, “RG é o registro geral de tudo o que é tendência”. Vamos ao texto de Nizan: “Procura-se uma nova classe alta. O que os americanos e ingleses mais sofisticados têm em comum? Cultura. Livros e dinheiro são uma mistura perfeita para elegância, ‘savoir faire’ e bom gosto”.

Brasil pobre

“Infelizmente o Brasil, que copia tanta coisa destes dois grandes países, não aprendeu a copiar essa ainda. A pobreza do rapaz rico dos camarotes, estampada na capa da Vejinha, mostra uma classe alta inculta que beira as raias do constrangimento num país cheio de desigualdades”.

Brasil caipira

“Ninguém que tenha aberto um livro será capaz de, num mundo desigual como o nosso, abrir champanhes magnum a rufar de tambores e piscar de luzes. Dinheiro sem livro faz garotos ruidosos e meninas caladas. Gente mal vestida com as melhores grifes. E que não sabe se comportar no mundo. Gente caipira”.

Brasil analfabeto

“A começar, não sabem falar inglês, inaceitável num mundo global. O mais lamentável ainda é que falam mal português também. A vida social em Nova York e Londres se passa dentro de universidades e museus, misturando caridade, diversão e cultura. Quando você conversa com pessoas como Tina Brown e Arianna Huffington, elas não são apenas locomotivas sociais, elas são enciclopédias vivas”.

Brasil inculto

“Sem cultura e sem refinamento intelectual, seremos sempre sinhozinhos e sinhazinhas caipiras mesmo que a gente compre todas as roupas, relógios, fivelas, todos os aviões e carros do mundo. Este país, apesar de todos os desafios que tem, já é um gigante global. E além de uma nova classe média, ele precisa de uma nova classe alta”.

Brasil estrangeiro

“Harvard, Yale, Stanford, Oxford, Cambridge… são centros sociais desse mundo moderno. É lá nessas escolas que se formam o establishment social que vai influir no mundo. No Brasil, nós ainda achamos que esse establishment se forma em Nammos, em Mikonos, ou no Club 55, em St.-Tropez”.

Brasil americano

“Nasci no Pelourinho. Fui à uma universidade bem mais ou menos. Mas em vez de dar uma Ferrari pro meu filho, coloquei-o na melhor escola que São Paulo tem: a Graded. E ele, por conta própria, escolheu fazer o colegial em uma das melhores ‘prep schools’ dos Estados Unidos. A escola Exeter, fundada em 1781”.

Brasil latino

“Lá estudou Mark Zuckerberg. A biblioteca tem 250 mil livros. E Antonio está estudando latim, fazendo remo e sofrendo pra burro pra entrar na disciplina da escola. Mas isso sim é uma herança. Meu filho leu mais do que eu, sabe mais do que eu. Está se tornando um homem melhor por dentro e por fora”.

Continuando o capítulo Mulheres Lindas, na Fazenda Agéo, Luiza Géo. Foto: Edy Fernandes / Luiza Géo

Lança Perfume

*Continua Nizan: “Eu acredito que desse jeito construo não só um futuro pra ele, mas construo um futuro melhor pro país. Eu me dedico pessoalmente à educação de minhas crianças”.

“Cada uma tem seu caminho e seu estilo. Passei, por exemplo, uma semana mostrando a Antonio o que era Istambul. E três horas jantando com Zeca, eu e ele, num restaurante três estrelas Michelin, em Osaka”.

“Os brasileiros melhores, que nós formamos, são a maior contribuição que podemos dar ao futuro desse país. Claro que o caminho não é fácil”.

“Antonio, por exemplo, acostumado à boa vida de um menino em sua idade em São Paulo, luta para se enquadrar à vida espartana e focada em Exeter”.

“Ao acompanhar meu filho e sua luta na tradicional escola, vejo de posição privilegiada como os Estados Unidos e a Inglaterra fabricam grandes mentes a ferro e fogo”.

“Estudantes de história que viram fotógrafos ou vão fazer moda, ou simplesmente serão grandes anfitriões”.

Sempre no tema Mulheres Lindas e Elegantes, na Fazenda Agéo, Thaiane Nejm. Foto: Edy Fernandes / Thaiane Nejm

“Mas em tudo que forem fazer terão a marca indelével da boa educação. E é isso, educação, que nós, a elite, desejamos e cobramos tanto para os pobres que eu cobro para os ricos”.

“Porque é elite estudada, culta e sensível, um dos maiores luxos que este país mais precisa”.

Nizan deixou-nos este cantinho para nossas considerações complementares e redundantes.

Nossas elites, por falta de cultura e educação, não leem, não conhecem o Brasil, muito menos o que o Brasil teve de melhor, da arte à ciência.

Nossa classe alta, aí incluindo nossos governantes, são ignorantes. Do vereador aos mais altos cargos. Todos são a cara feia do Brasil.

Ignoram e desconhecem tudo. E este pecado contamina, destruindo o patrimônio na arquitetura, na cultura, no meio ambiente, em tudo. Destruindo o futuro do Brasil.

“Viva” a Vanguarda do Atraso e do Retrocesso de um Brasil cronicamente inviável.