Dolce Vita | sábado, 26 de março de 2022
Uma ode à vida, Ângela Dariva. Foto: Edy Fernandes
Pedra no caminho
Hoje, um texto de Téta Barbosa, “jornalista, publicitária, em Recife”. Na crônica que recebemos, ela tem 50 anos. No Google, em 2013, ela tinha 37 anos. Quem conta um conto aumenta um ponto e vários anos. O nome é “O caminho de volta”, que começa assim, impactante. "Já estou voltando. Só tenho 50 anos e já estou fazendo o caminho de volta”.
Pérola no caminho
“Até o ano passado eu ainda estava indo... Indo morar no apartamento mais alto, do prédio mais alto, do bairro mais nobre. Indo comprar o carro do ano, a bolsa de marca, a roupa da moda. Claro que, para isso, durante o caminho de ida eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fins de semana eternas segundas-feiras”.
Placa do caminho
“Até que um dia, meu filho quase chamou a babá de mãe! Mas, com quase cinquenta, eu estava chegando lá”. (Depois desta babá, com certeza, o texto é de uma mulher de 37 anos e, certamente foi, adulterado). Continuemos: “Onde mesmo eu estava chegando? No que ninguém conseguiu responder. Eu imaginei que quando chegasse lá, ia ter uma placa com a palavra ‘fim’”.
Retorno do caminho
“Antes dela, avistei a placa de ‘retorno’ e, nela mesma, dei meia volta. Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo). É longe que só a gota serena! Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe. Agora tenho menos dinheiro e mais filho. Menos marca e mais tempo”.
Mapa do caminho
“E não é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram quatro vezes, em quatro anos), agora vêm pra cá todo fim de semana? E meu filho anda de bicicleta, eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou). Por aqui, quando chove, a Internet não chega. Fico torcendo que chova, porque é quando meu filho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo), abre um livro e, pasmem, lê”.
Mina do caminho
“E no que alguém diz: ‘a internet voltou!’, já é tarde demais, porque o livro já está melhor que o Facebook, o Instagram e o Snapchat juntos. Aqui se chama ‘aldeia’ e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chuva, o chá com a planta, a rede de cama. Aos domingos, converso com os vizinhos. Nas segundas, vou trabalhar, contando as horas para voltar...”.
Fim do caminho
“Aí eu me lembro da placa ‘retorno’ e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz assim: ‘retorno – última chance de você salvar sua vida!’. Você, provavelmente, ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: ‘Compre um e leve dois’. Nós, da banda de cá, esperamos sua visita. Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta...".
Uma ode à qualidade de vida, com Luciana Mussi. Foto: Edy Fernandes
Lança Perfume
*O texto termina com uma aviso, quase uma ameaça do bem: Cuide do seu tempo, cuide da sua família.
Que possamos encontrar a “placa de retorno” e valorizar o que realmente é importante!
*E o humor, o bom humor, a piada e a brincadeira também são ótimos antídotos contra todos os fins e desperdícios.
Uma pitada, então, para reflexão.
O inventor da esteira morreu aos 54 anos. O inventor da ginástica morreu aos 57 anos. O campeão mundial de fisiculturismo morreu aos 41 anos.
Maradona, grande jogador de futebol, faleceu aos 60 anos. Mark Huggues fundador da Herbalife morreu aos 44 anos.
Uma ode ao bem viver, com Mayara Ávilla. Foto: Edy Fernandes
Na outra banda, o criador do frango frito KFC (“infarto frito”) morreu aos 94 anos.
O criador da Nutella morreu aos 88. Imagine! O dono dos cigarros Winston morreu aos 102 anos.
Aquele que se encarregou de industrializar o ópio? Morreu aos 116 anos, em um terremoto.
O fundador dos conhaques Hennessy morreu aos 98 anos. Então, responda.
Como os médicos concluíram que exercícios prolongam a vida?
Por que o coelho está sempre pulando, mas vive apenas dois anos e a tartaruga, que faz nenhum exercício, vive até 200 anos?
Receita. Vá com calma, descanse um pouco, ame muito, coma bem, tome seu vinho, sua cervejinha.
Beba um whisky ou uma caninha de vez em quando, com moderação, e aproveite a sua vida com prazer, sem nenhuma moderação.
Não exagere, estrague-se com moderação!