Dolce Vita | sábado, 25 de novembro de 2023

Chris Vallias não precisa e nunca precisou da Ducal. Graças a Deus! Foto: Edy Fernandes

Está na Wikipédia

A Ducal Roupas foi uma rede de lojas de vestimentas masculinas brasileira de muito sucesso nas décadas de 1950 e 1960. Seu nome, além de referência ao nobre título de duque, juntava as sílabas das palavras "duas calças". Quem comprava um paletó e uma calça ganhava outra mais barata. A promoção deu fama à empresa junto ao sistema de crédito.

Estava na moda

A Ducal Roupas era sinônimo de moda masculina na metade do século passado. Seus ternos vestiram vários brasileiros anônimos e famosos. A Ducal tinha lojas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas. Washington Olivetto, 72, é um ícone da publicidade em todo o mundo. Um dos publicitários mais premiados de todos os tempos. Sua agência WBrasil virou até música de Jorge Benjor.

Está na memória

Um recente texto de Olivetto, em O Globo, sobre a Ducal, merece uma releitura e um resumo aqui. Com Licença! “Quando eu era criança, e meu pai, muito de vez em quando, usava um paletó de uma cor diferente da calça, eu ficava surpreso, mas não tinha a mínima ideia do que seria um blazer e de como essa roupa havia entrado para o vestuário do brasileiro”.

Está história

“Nos anos 1970, aprendi que o blazer surgiu no Brasil nos anos 1950. Só fui descobrir como ele surgiu no mundo recentemente, numa reportagem de Sarah Hyde. O nome blazer veio das jaquetas usadas pela tripulação do barco inglês HMS Blazer, no século 19. O termo veio em 1850 para uma jaqueta leve, vermelha e brilhante, usada pelos remadores do Christ Church College de Cambridge nas competições”.

Estava estabelecida

“As jaquetas garantiam que os espectadores identificassem a equipe à distância. Os atletas optaram por usá-las também fora das competições, para serem reconhecidos publicamente. Em 1890, o termo blazer virou comum na Inglaterra. Logo depois, o rei Eduardo VII transformou o blazer numa roupa de lazer e verão adequada a playboys de qualquer idade”.

Juliana Brandão não precisa de duas calças. Graças aos Céus! Foto: Edy Fernandes

Estava esquecida

“Durante a Era do Jazz, o blazer foi adotado nos Estados Unidos como roupa para o dia a dia;  um estilo de vida casual e elegante. E o que era bom para os meninos começou a ser também para as meninas. Gabrielle Chanel feminilizou o blazer no início da década de 1920, ao criar roupas para mulheres emancipadas”.

Está reaquecida

A moda, profetizada por Chanel, se apropriava de itens clássicos do guarda-roupa masculino. “Esses elementos já consagrados, devidamente simplificados, viraram símbolo de elegância e bom gosto. Chanel ensinou as clientes a estilizar suas criações e a misturar bijuterias com joias de verdade, acrescentando personalidade e luxo a suas roupas e, particularmente, a seus blazers de cortes perfeitos”.

Está eternizada

Yves Saint Laurent, inspirado em Chanel, criou o smoking feminino. “A genialidade de Saint Laurent foi desenhar estilos masculinos de forma que embelezassem a figura feminina. Essa alfaiataria sensual do famoso terninho de Saint Laurent levou as mulheres para o século 21 e completa a história do blazer no mundo, tão bem contada por Sarah”.

Está definitiva

Agora, o Brasil. “Nos anos 1950, a maioria dos brasileiros não fazia a barba todos os dias, mantendo uma aparência de sujos ou desleixados. Esses mesmos homens tinham no máximo um terno preto e um terno cinza, o que fazia com que parecessem estar sempre vestidos com a mesma roupa, igualzinho ao meu pai no seu cotidiano”.

Marina Cançado não precisa de dois paletós. Graças a Darwin! Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*“À época, a multinacional Gillette iniciou a mudança do hábito de barbear dos brasileiros com a campanha ‘Faça a barba todo dia com Gillette Azul’”.

Enquanto isso, o jovem empresário José Vasconcelos de Carvalho, com menos de 30 anos de idade, recém-chegado dos Estados Unidos, percebeu que poderia construir um império mudando o jeito do brasileiro de se vestir.

Imaginou criar uma rede de lojas de roupas no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais que vendesse ternos com uma calça a mais.

Uma calça de outra cor, que pudesse ser usada com o mesmo paletó.

Assim surgiu a bem-sucedida Ducal, nome que resumidamente queria dizer um paletó e duas calças. Foi assim que apareceu o blazer no Brasil.

Na próxima semana, vou mandar essa história para Sarah Hyde. Quem sabe ela continua sua excelente reportagem sobre o blazer no mundo?

Aqui entre nós, ainda bem que escolheram Ducal para duas calças e não Dupal, para dois paletós. Concordam?