Dolce Vita | sábado, 25 de junho de 2022
O sábado mais colorido, com Aline Matos. Foto: Edy Fernandes
Ouro de bobo
Semana passada “baixou o Raul Seixas” e cantamos “Ouro de Tolo”, música muito triste e engraçada: “Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo, pra ir com a família no Jardim Zoológico, dar pipoca aos macacos”. Sim, fomos ao Jardim Zoológico de BH. Isso, depois de reler notícia de maio, aqui, em O TEMPO: “PBH vai conceder zoológico, jardim botânico, aquário e parque da Pampulha.
Ouro ecológico
"A prefeitura de Belo Horizonte quer conceder uma série de equipamentos culturais públicos na região da Pampulha à iniciativa privada. O pacote inclui Jardim Zoológico, Jardim Botânico, Aquário do Rio São Francisco e Parque Ecológico da Pampulha, todos administrados pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica”.
Ouro de BH
Um mês antes, em abril, sempre em O TEMPO, descobrimos que “o Zoológico de Belo Horizonte poderá ser administrado pela iniciativa privada. Uma parceria público-privada (PPP), assim como já ocorre em outras capitais. O objetivo seria garantir a modernização do espaço que recebe, em média, até oito mil visitantes nos fins de semana”.
Ouro de plástico
“Quem frequenta o Zoológico reclama das condições encontradas, mas a administração garante que a manutenção está em dia”. Verdade. Apesar de tudo, depois de cinco horas de zoológico, percebe-se o potencial gigantesco e democrático do local. Fila para entrar e uma primeira constatação sobre a necessidade da PPP: o restaurante.
Ouro rasgado
Restaurante fechado durante a pandemia. Hoje, o espaço está remediado, com barraquinhas disponibilizando cachorro quente, hambúrguer e biscoitos. Mais um desperdício para a coleção de Belo Horizonte. Desperdício de um espaço nobre, rico, interessante e ao mesmo tempo, popular. Está tudo pronto, só falta o principal, a infraestrutura.
Ouro selvagem
Sim, infraestrutura porque está na hora também de repensar o zoológico. Coisa mais fora de moda e cruel! Já passou o tempo de vermos graça em bichos selvagens presos em jaulas e espaços artificiais. Lugar de animais é na selva ou em reservas. Ou alguém aqui ainda acha graça e charme em passarinhos, com asas atrofiadas, presos em gaiolas?
Ouro de chumbo
Pouca gente sabe que o Partido Nazista, na Alemanha, entre 1933 e 1945, que cometeu tantos crimes contra a humanidade, atuava em defesa aos animais. Sim, enquanto davam nota zero para o ser humano, davam 10 para os animais, principalmente os “legitimamente” alemães. Mesmo assim, até hoje, bichos e seres humanos continuam sofrendo.
Ouro de pobre
Na maioria dos circos decentes, a exibição de animais está proibida ou em extinção. Mesmo porque, o Brasil, por vocação, se identifica com palhaços e mágicos, bêbados e equilibristas. Elefante aqui, agora, só aqueles do tipo Faustão, “elefante de circo pobre”, gente que faz dieta ou cirurgia para emagrecer, mas continua parecendo elefante que passa fome. O Circo tem que ser politicamente correto, como o do Marcos Frota.
Ouro mágico
Do Marcos Frota ou do Jorge Ben Jor, com “anão gigante; a mulher barbada; o homem avestruz; o homem foguete, que entra em órbita a qualquer hora; a linda e sexy bailarina dançando ao som da escaldante banda do seu Tião Brilhantina e claro, a maior atração: a vidente, a grande cartomante, a internacional Deise, a mulher do homem que come raio-laser”.
O sábado mais verde, com Aline Leal. Foto: Edy Fernandes
Lança Perfume
*Então tá! Passarinho em gaiola, elefante em circo e leão em zoológico são “hábitos culturais”, como as touradas?
Sim, são! Podem ser, mas não deveriam mais. Como leões e gladiadores do Coliseu. Passou! Não há cristão que aguente. Só no cinema.
Bichos presos e explorados continuam hábitos covardes e sádicos.
Na Espanha, os “machos toureiros”, vestidos como bonecas, matam os touros, em outros países não.
Picasso adorava touradas que viraram até marchinha de carnaval no Brasil, conhecendo o auge da fama, na Copa de 1950, no Maracanã, quando o Brasil goleou a Espanha por 6X1.
Isso, antes de perder ridícula e tragicamente, a mesma copa para o Uruguai e repetir o vexame, em 2014, no Mineirão, tomando 7x1 da Alemanha.
O Brasil, para variar, “grande, bobo” e pobre, em vez de touradas, se vira com a “farra do boi”, ilegal, sangrenta, “babaca” e ridícula diversão em Santa Catarina.
O sábado mais dominical, com Bel Santos. Foto: Edy Fernandes
Bom, mas voltando à humilde, mas nossa opinião: zoológico é o “ó”, o fim da picada.
Os animais lá deveriam viver e morrer ao ar livre, como nasceram ou deveriam ter nascido, jamais em cativeiro.
O Zoológico de BH deveria aposentar seus animais e viver do Jardim Botânico.
Deveria ser um local para viver o verde, tomar sol e fazer piquenique.