Coluna Dolce Vita

Linda e inteligente, Cris Carneiro. Foto: Edy Fernandes

O elogio da Burrice

Nelson Rodrigues (1912-1980) era, foi e é, além de nosso maior dramaturgo, um pensador e filósofo. Como nenhum outro escritor penetrou e desvendou as misérias e as riquezas do povo brasileiro. Dizem que, escrevesse em inglês, seria um dos mestres da literatura mundial. Nelson tinha obsessões e ódio à burrice, irmã do egoísmo e mãe de todos os males.

O elogio do idiota

Dizia ser repetitivo de propósito porque “o que não é repetido, continua inédito, novo, desconhecido”. Por isso, hoje, algumas de suas melhores frases sobre a burrice, cada vez mais enaltecida e poderosa no Brasil. Por exemplo: “A burrice é diferente da ignorância. A ignorância é o desconhecimento dos fatos e das possibilidades. A burrice é uma força da natureza”.

A inveja do idiota

“Invejo a burrice, porque ela é como a Pedra da Gávea, eterna”. "Na batalha entre o gênio e a burrice, o gênio rosna de impotência e frustração, enquanto o cretino arde como um sol desvairado”. “De gente burra, só quero as vaias”. “Não há ninguém mais bobo que um esquerdista sincero. Ele não sabe nada. Apenas aceita o que meia dúzia de imbecis lhe dão para dizer”. “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade, são muitos”.

A casa do idiota

Por que tanta burrice hoje? Porque o mais novo exemplo alastra-se pelo Brasil, que voltou a ser um campo fértil para toda ignomínia. O exemplo está num texto campeão de audiência nas redes sociais. “Professora de Português dando aula: vamos conversar. Não sou homofóbica, transfóbica, gordofóbica. Sou professora de português”.

A casa de tolerância

“Fui chamada de desrespeitosa porque explicava não fazer diferença nenhuma mudar a vogal temática de substantivos e adjetivos pra ser ‘neutre’. A vogal temática, na maioria das vezes, não define gênero. Gênero é definido pelo artigo que acompanha a palavra”.

A casa da intolerância

“O poeta termina em A e não é feminino. Ação, depressão, ficção. Todas são femininas, embora terminem com O. Boa parte dos adjetivos pode ser tanto masculina quanto feminina, independentemente da letra final: feliz, triste, alerta, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável, etc.”.

A casa da indigência

“Terminar uma palavra com E não faz com que ela seja neutra. Alface e elefante terminam em E, sendo que uma é feminina e a outra masculina. Como o gênero em português é determinado muito mais pelos artigos do que pelas vogais temáticas, se vocês querem uma língua neutra, precisam criar um artigo neutro, não encher um texto de X, @ e E”.

Inteligente e linda, Luciana Castro. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*A professora continua: “O Português não aceita gênero neutro. Vocês teriam que mudar um idioma inteiro pra combater o preconceito".

“Em vez de insistir na questão do gênero, entendam que gênero não existe, é uma coisa socialmente construída”.

“O que existe é sexo. Gênero linguístico, gênero literário, gênero musical, são coisas totalmente diferentes de gênero".

“Faz diferença nenhuma mudar gêneros de palavras. Isso não torna o mundo mais acolhedor”.

“Parem de falar bobagem e engajem-se em algo que realmente faz o mundo melhor, ao invés de discussões sem sentido”.

“Tenham atitude - palavra que termina em E, e é feminina.  E parem de ficar militando no sofá - palavra que termina em A, e é masculina”.

“Armas! Quando um tipo de direita não gosta de armas, não as compra. Quando um tipo de esquerda não gosta de armas, quer proibi-las”.

“Quando um tipo de direita é vegetariano, não come carne. Quando um tipo de esquerda é vegetariano, quer fazer campanha contra os produtos à base de proteínas animais”.

“Quando um tipo de direita é homossexual, vive tranquilamente sua vida”.

Linda, inteligente e linda, Thaiane Nejm. Foto: Edy Fernandes

“Quando um tipo de esquerda é homossexual, faz um auê e inventa que está sofrendo de homofobia”.

“Quando um tipo de direita é ateu, não vai à igreja, nem à sinagoga, nem à mesquita”.

“Quando um tipo de esquerda é ateu, quer que nenhuma alusão a Deus ou à uma religião seja feita na esfera pública”.

“Quando a economia vai mal, o tipo de direita diz que é necessário arregaçar as mangas e trabalhar mais”.

“Quando a economia vai mal, o tipo de esquerda diz que os malvados patrões são os responsáveis e param o país”.

“Quando um tipo de direita lê este texto, ele ri, concorda que infelizmente é uma realidade e até compartilha”.

“Quando um tipo de esquerda lê este texto, te insulta e te rotula de fascista, nazista, genocida, etc.”.

Bom dia a todas e todos!