Dolce Vita | sábado, 23 de julho de 2022

Sábado, com Ana Livia Werdine, é feriado nacional. Foto: Edy Fernandes

Ainda não

Dia 13, pelo Dia da Gastronomia Mineira, em 5 de julho, escrevemos: “vários pratos típicos foram eleitos Patrimônios Culturais Imateriais da Humanidade, como os queijos Canastra e do Serro. Para celebrar e exaltar a culinária mineira, a cerveja Stella Artois realiza ações que colocam em evidência a tão aclamada gastronomia”. Não é bem assim.

Ainda é cedo

Na verdade, a Cozinha Mineira ainda tenta emplacar suas delícias como Patrimônios Culturais Imateriais da Humanidade. Para isso, muita água precisa rolar, levando com ela a enorme burocracia que reina na UNESCO; em Minas e no Brasil, via IEPHA-MG e IPHAN. Até chegar lá, temos um longo caminho, cujos primeiros centímetros passam por um interminável e misterioso “Inventário da Cozinha Mineira”.

Ainda vai

Agradecemos o “toque, com puxão de orelha”, dado pelo amigo, jornalista e especialista no assunto, Sérgio Augusto Carvalho que indagou: “de onde veio essa informação de que vários pratos mineiros foram eleitos Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade?”. Ora bolas! Da Stella Artois.

Ainda pode

Sim, nossos queijos são premiados até no Reino dos Queijos, França, mas ainda não são patrimônios da humanidade. Para começar, nem pratos eles são. São produtos, nobres, mas produtos. O assunto é complexo e delicado, por isso, pedimos paciência e compreensão. Não dominamos o assunto como o amigo Sérgio Augusto.

Ainda anda

E o mesmo Sérgio continua seu calvário: “Estou tentando isso há mais de 10 anos: a última tentativa foi no governo Fernando Pimentel com o Angelo Oswaldo (Secretário da Cultura), pois esta proposição precisa ter nível governamental para que a UNESCO aceite e avalie. E eles não tiveram a menor boa vontade para levar em frente…”. O inventário é do atual governo.

Ainda rasteja

Continua Sérgio: “Minha proposta é para uma ‘Cozinha de Minas Gerais’, e não ‘pratos’ isoladamente. Isso, depois de uma pesquisa que fiz no Facebook sobre ‘o melhor prato da Cozinha Mineira’, título levado pelo ‘feijão de tropeiro’. Foram tantos pratos indicados que resolvi fazer essa indicação mais ampla à UNESCO, que esbarrou na burocracia estatal!”.

Ainda bem

“A Itália tem vários projetos na UNESCO para eleger suas comidinhas tradicionais. Tipo ‘bucattini all’Amatriciana’. Por que Minas não pode ter?!”. Aí, caro amigo Sérgio, respondemos com outra pergunta: “O que é que a Bahia tem?”. O que a Itália e Minas não? Um mundo e milênios de tradição, cultura, história, arte e culinária.

Sábado, com Luciana Avelino, Angélica Appelt, Maria Thereza Casale, é carnaval. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Renovando os “mil perdões” e a audácia; a seguir, nossa humilde e amadora opinião sobre tudo que poderia ser, mas ainda não é.

Com uma prosaica pesquisa no Facebook, Sérgio Augusto Carvalho descobriu o rei “Feijão Tropeiro”.

Ora bolas! Ninguém precisa de grandes estudos para descobrir o óbvio.

Por exemplo, sem UNESCO e sem inventário, o mundo inteiro conhece nossa caipirinha e feijoada. Precisa nem de propaganda.

Quem precisa de publicidade, no Brasil e no exterior, é o turismo brasileiro em geral, um de nossas maiores e mais desperdiçadas riquezas.

E na esteira do turismo, a descoberta da rica gastronomia brasileira, incluindo, claro, a mineira.

A comida ou cozinha mineira tem origem paulista com os bandeirantes. Ou vocês acham que o feijão tropeiro nasceu das tropas romanas?

Primeiro, como isca, deveríamos atrair turistas brasileiros e estrangeiros para nosso arcabouço turístico, material e imaterial.

Ninguém vai sair de São Paulo ou Paris para comer pão de queijo em Belo Horizonte. Mesmo porque, o pão de queijo já está até nos Estados Unidos!

Sábado, com Magda Carvalho, é semana santa. Foto: Edy Fernandes

“Comida mineira” existe em São Paulo e no Rio, assim como a moqueca e a mesma feijoada existem em todo o Brasil.

O que vai atrair turistas para Minas, como acontece em todo o mundo, é nosso diferencial. O que só Minas tem!

Agora, o que Minas têm? Eis a questão.

Temos Tiradentes, Ouro Preto e aí, como cantaria Caetano Veloso, “muito é muito pouco”.

Por que não preservamos e restauramos o que restou da burrice destruidora de 300 anos?

Depois viriam, naturalmente, a famosa hospitalidade mineira e a “bóia de Titanic”: a Cozinha Mineira.

O que falta para isso? Talvez, ressuscitar Juscelino Kubitscheck, o último político de Minas visionário.