Dolce Vita | sábado, 22 de abril de 2023

Miami é linda, mas não tem Ana Laura Machado. Foto: Edy Fernandes

Lição de anatomia

Pode-se conhecer mais sobre uma pessoa analisando sua biblioteca – ou a falta dela – e revirando seu lixo. Detetives, interessados e curiosos fazem isso, no cinema e na vida. Pelo lixo também é possível analisar a situação econômica de um país: lixo rico, país próspero e adepto do desperdício. Na sociedade de consumo e em tempos de “vacas gordas”, as pessoas jogam fora o que ainda funciona, tem utilidade.

Lição de lixão

Mas um país e uma sociedade têm outros termômetros. Peguemos, por exemplo, a França, com fama de ser um dos países mais ricos e poderosos do mundo. E, no mesmo exemplo, as aparências enganam ou explicitam uma crise. Voltando ao lixo, de novo, o país de Macron conhece, de novo, uma das piores greves: a dos lixeiros.

Lição de francês

Imaginem uma cidade como Paris que não recolhe suas toneladas de lixo diário. O prejuízo é enorme. Com ruas sujas e cheirando muito, muito mal, “au revoir” turistas. Cancelam viagens, programas e hotéis. Os restaurantes ficam vazios e os milhões de ratos invadem a cidade. Isso, fora as manifestações, cada vez mais violentas.

Lição de revolução

Manifestações e greves porque Macron – com certa razão – aumentou a idade para o francês aposentar-se, dos 62 anos atuais, para 64. Mas essa é outra e longa discussão, lembrando que a Dinamarca prepara-se, aos poucos e a cada ano, para uma aposentadoria, aos 70. Mas, como dizíamos, os termômetros da crise são vários e outro deles é o aumento da violência e do crime.

Miami é maravilhosa, mas não tem Anna Paola Frade Pimenta da Veiga. Foto: Edy Fernandes

Lição moderna

A mais nova “moda”, não só em Paris, mas na França, é o que eles chamam de “roubo por pirataria eletrônica”. Roubo de carros caros e modernos. Em 2022, aproximadamente 134 mil veículos foram roubados na França. E não é arrombando, quebrando vidros ou fazendo ligação direta, mas pondo em prática a “pirataria eletrônica”.

Lição de ratos

Segundo a revista Auto Plus, mais de 70% dos meliantes usam ferramentas eletrônicas, cada vez mais perfeitas e modernas, permitindo o roubo de um automóvel em menos de três minutos. Certos modelos em apenas 40 segundos. A técnica ficou conhecida em inglês: “mouse jacking”, especialmente criada para a chave “sem contato”, de carros de última geração.

Lição antiga

Os ladrões usam um sistema que replica, repete, capta, copia as ondas da chave, desde que elas estejam perto do carro. No Brasil isso seria mais difícil porque temos garagens. Mas, na França, elas são raras e caras. Por isso, muitos carros, mesmo os mais chiques, dormem na rua. Pasmem! A polícia francesa recomenda estacionar o carro longe de casa ou usar aquela velha e horrível tranca com cadeado no volante.

Miami tem tudo, mas não tem Tânia Bulhões. Foto: Edy Fernandes

Curtas & Finas

*Os ladrões agem em dupla. Um perto da casa para captar as ondas da chave a poucos metros e outro, ao lado do carro, para captar o sinal ampliado pelo cúmplice, com um “tablet”.

O automóvel “inteligente pensa” que a chave está próxima dele e abre a porta.

Dentro do carro, os “piratas” colocam seu sistema próximo da zona de contato sem fio e pronto!

“Voilà!”. Uma chave falsa acaba de ser reproduzida em minutos, sem força, tranquilamente.

Para piorar por um lado e melhorar pelo outro, o material utilizado nesta técnica é facilmente achado na Internet.

“O problema é que grande parte destes carros são equipados com chaves eletrônicas, sem contato”.

“Esta chave procura, permanentemente, comunicar-se com o carro, o que facilita ao ladrão, captar este sinal”, diz um dono de concessionária.

E ele continua: “Aconselho meus clientes a voltarem com a chave tradicional, é menos prático, mas menos arriscado”.

Vamos pensar isso, no Brasil? Como poderia ser possível? Aqui, além de garagens, temos portões.

Mas imagine se a pessoa estaciona o carrão em frente ao restaurante, pega um lugar perto da rua e deixa a chave sobre a mesa!

Que sobremesa, não!