Dolce Vita | sábado, 2 de julho de 2022

Ludmila Rangel, que merecia ser retratada por Portinari. Foto: Edy Fernandes

Ano ímpar

Dia 6 de fevereiro de 1962, no Rio de Janeiro, morre o pintor paulista, Cândido Portinari, com apenas 58 anos. Dia 17 de junho de 1962, o Brasil foi bicampeão mundial de futebol na Copa do Chile. Dia 25 do mesmo junho e do mesmo 1962, morria, em BH, o pintor fluminense, Alberto da Veiga Guignard, 66 anos. Em 4 de agosto, 1962, Los Angeles, morreu Marilyn Monroe, 36. Em 5 de outubro de 1962, The Beatles lançaram o primeiro “single”, o primeiro sucesso, “Love Me Do”. Estas cinco efemérides completam 60 anos.

Ano único

Mui provavelmente, Guignard não gostava de futebol, pintaria Marilyn nua se pudesse e não conhecia The Beatles. Mas era muito amigo de Portinari. Por isso, custaram a dar-lhe a notícia da morte de Portinari. Mas ao tomar conhecimento, Guignard teria dito: “Agora, eu sou o maior pintor do Brasil”. E ele, sem falsa modéstia, mas no fundo, humildemente, estava certo. Um dos maiores artistas brasileiros, que merece mais reconhecimento. Como Emeric Marcier.

Ano milenar

É a maldição do grande artista pobre que faz colecionadores ricos. Viveu e morreu na penúria, vivia de favores, trocava uma tela por um prato de comida, mas e daí? Ele só pensava em pintura, deixando bem mais de mil telas entre achadas, guardadas e perdidas. Mestre das paisagens de Ouro Preto, cidade amada, musa e adotada; retratos e autorretratos. Quem quiser diminuir o prejuízo da santa ignorância tem agora a exposição “Coleção Brasileira”.

Ano sessentão

Coleção de Alberto e Priscila Freire, até 29 de agosto, no Centro Cultural Banco do Brasil BH, com 20 obras de Guignard, que ganhou uma sala, dentro da mostra. Priscila é especialista em Guignard, foi sua aluna e, entre obras importantes, tem um retrato seu feito pelo mestre. Por falar nisso, a moderna pintura mineira é filha de Guignard e seus alunos já devem estar na terceira geração.

Ano eterno

Detalhe muito interessante é saber como Guignard virou mineiro. Nasceu em Nova Friburgo, Rio de Janeiro em 1896. Passou anos na Europa, até voltar para o Brasil, sozinho, sem família e sem dinheiro. Em 1944, veio para Minas, a convite do prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, este, aconselhado por dois “mineirocas”, Rodrigo Melo Franco e Gustavo Capanema.

Ano fértil

Dirigiu a Escola de Artes de Belo Horizonte, hoje Escola Guignard. Merece o panteão “apenas” por ter sido professor de mestres como Amílcar de Castro, Iberê Camargo, Farnese de Andrade, Lygia Clark, entre outros. Voltando a honra ao mérito, voltando a JK, foi o único prefeito, governador e presidente visionário que o Brasil já teve.

Ano imortal

Podem falar tudo de JK, mas os belorizontinos nunca tiveram um prefeito como ele; os mineiros, um governador como ele e os brasileiros uma presidente como ele. Via JK, BH foi laboratório de Oscar Niemeyer, do mesmo Portinari e de Burle Marx para construir Brasília e nossa melhor arte. JK! E como vemos, ele também “inventou” Guignard e o Brasil Moderno.  Que saudade de um político como Juscelino!

Marina Lenk, que merecia ser retratada por Guignard. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Esta notícia vai interessar e mexer com muita gente. E muito bicho!

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça - STJ adiou o julgamento de peculiar recurso.

Recurso que definirá se um homem terá de pagar pensão à ex-companheira por causa de quatro cães que eles adquiriram quando estavam juntos.

O julgamento foi interrompido porque a ministra Nancy Andrighi disse que o assunto demandava “meditação”.

Sim. E a favor dos cachorros. Amar é cuidar e ter responsabilidade, na saúde e na doença. No casamento e na separação. É a nossa opinião.

O relator, ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, já havia votado contra o recurso apresentado pelo homem, mantendo o pagamento da pensão.

O ministro Marco Aurélio Bellizze votou a favor do recurso, revertendo a decisão do TJ-SP.

No entendimento de Bellizze, ficou “claro que não houve mancomunhão, copropriedade entre os companheiros”.

O homem recorre da decisão que o condenou a pagar quase R$20 mil como ressarcimento de despesas com os animais.

Verônica Romano, que merecia ser retratada por Portinari ou Guignard. Foto: Edy Fernandes

O TJ-SP também o condenou a pagar R$500 mensais até a morte ou alienação dos cachorros.

Para o tribunal, ao adquirir os cães com a ex-companheira, ele também adquiriu o dever de prover-lhes uma existência digna.

O homem argumenta que não é mais o tutor dos cães e nem tem interesse neles, que ficaram com a mulher.