Dolce Vita | sábado, 2 de dezembro de 2023
A cara de Clara Senra provando que teve um lindo 2023. Foto: Edy Fernandes
Adeus Ano Velho
Não tem jeito que dê jeito. Já no final de janeiro alguém comenta: “Nossa! O mês já acabou!”. Em julho vem outro e diz: “O ano está voando, estamos no meio dele”. Em outubro e novembro cai a ficha: “Gente, 2023 acabou, olha dezembro aí”. Os mais chatos repetem a ladainha em forma de pergunta: “E aí? Onde você vai passar o Réveillon?”. Aí vem outro janeiro e logo depois outro dezembro, nem sempre de um ano dourado. Assim, a vida passa e acaba.
Feliz Ano Novo
Deve ser por isso que o poeta Vinicius de Moraes já avisava: “A gente mal nasce, começa a morrer”. E como dói! Quantas idolatradas e queridos perdemos neste ano! E no ano passado? E em 2024? Daí o tema de hoje que recebemos, como sugestão de entrevista, por e-mail. Basicamente é isso e começa com a indefectível pergunta: “Síndrome do fim de ano: Por que o mês de dezembro pode piorar sintomas de ansiedade? Especialista explica”.
Feliz hoje
“Sintomas de ansiedade e depressão podem piorar nas festas de fim de ano por diversos fatores”, destaca o psiquiatra Dr. Flávio H. Nascimento. Bom, pelo menos o homem se chama Nascimento, um começo, um bom indício que nem tudo é fim, principalmente em 2024. Mas, continua nosso psiquiatra: “O mês de dezembro é um dos mais movimentados do ano marcado por diversas mudanças de rotina, com feriados, recessos de trabalho”.
O astral de Cláudia Resende, mostrando que 2023 foi uma grande festa como a Paris de Hemingway. Foto: Edy Fernandes
Feliz agora
E é claro: “festas de fim de ano, reencontro com familiares, lista de promessas para o novo ano, viagens, etc., mas toda essa movimentação pode contribuir para o que muitos chamam de ‘síndrome do fim de ano’”. Que nada mais é que a sensação do tempo que foge, do tempo perdido, do tempo que passou e não volta mais. Sensação de fim, de algo incompleto e, como diria outro poeta, Manuel Bandeira, a sensação da “vida inteira que podia ter sido e que não foi”.
Feliz aqui
Além dos queridos “desparecidos”, ainda faltam-nos os desaparecidos. Aquelas pessoas que, por um milhão de motivos, sumiram de nossas vidas. Do emprego ou chance que perdemos, de mais um ano sem férias, do bar ou loja que fechou para sempre, das promessas feitas em 2023 e nem de longe foram cumpridas em 2024 e, principalmente pela consciência de que viver é perder, o que faz da vida algo tão belo e fascinante.
Feliz síndrome
Mas voltemos ao Dr. Nascimento. “A síndrome do fim de ano não é um transtorno reconhecido, mas sim, refere-se ao agravamento de sintomas como ansiedade, depressão, estresse, falta de foco, e tensão durante o mês de dezembro. Na pesquisa rdaIsma-Brasil (International Stress Management Association - Brasil), o nível de estresse do brasileiro sofre um aumento médio de 75% no período próximo às festas de fim de ano”.
Grazi Coelho exibindo seu 2023 e cantando: "Venha 2024". Foto: Edy Fernandes
Lança Perfume
“O aumento desse tipo de sintoma pode estar relacionado à pressão por resultados e confronto com a realidade”.
“As causas desse aumento de ansiedade em dezembro não é totalmente definido e pode estar relacionado a uma infinidade de fatores, no entanto, um dos principais é a pressão social”.
“Festas de fim de ano são marcadas por encontros com familiares e amigos, o que pode gerar pressão para apresentar resultados obtidos durante o ano, uma expectativa que muitas vezes não condiz com a realidade”.
“Além disso, a atmosfera criada em torno do fim de ano, como um período mágico, associado a vitórias, conquistas, à felicidade” é garantia de nada.
Pelo contrário, “pode gerar uma expectativa não correspondida, o que, associado a tradicional lista de metas para o ano novo, pode gerar um confronto”.
Confronto ou encontro “com a realidade e uma quebra de expectativa capaz de aumentar o nível de estresse e ansiedade”.
Para curiosos, Dr. Nascimento é formado em medicina pela Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba.
Diagnosticado com superdotação, tem 131 pontos de QI o que equivale a 98 de percentil.
No mais, aqui entre nós, esta depressão de ano novo pode ter uma explicação muito mais simples, como aquela sensação cantada por Marina Lima: “Eu espero / Acontecimentos / Só que quando anoitece / É festa no outro apartamento”.
Ou ainda triste. É quando você gostaria de estar num lugar lindo, numa enorme festa, como todos os amigos e familiares e percebe que está sozinho, bebendo cerveja vagabunda, em frente ao deprimente Réveillon de Copacabana, na TV.