Dolce Vita | sábado, 19 de novembro de 2022
Sábado para um show de lindas duplas, a começar por Fabíola Araújo e Mariana Vasconcelos. Foto: Edy Fernandes
Saturnália e Catilinárias
Deixemos a Saturnália para o dia 25 de dezembro. Urgente é lembrar “as Catilinárias”, os quatro discursos do cônsul romano, Marco Túlio Cícero, em 63 a.C. São um ato de denúncia contra a conspiração pretendida pelo senador Lúcio Sérgio Catilina e começam sem papas e mamas na língua: "Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? (...) Não vês que tua conspiração foi dominada pelos que a conhecem?".
Catilina e nós
Apelando para o Google, “o primeiro e o último destes discursos foram dirigidos ao Senado Romano, os outros dois foram proferidos diretamente ao povo romano. Todos quatro foram compostos para denunciar explicitamente Lúcio Sérgio Catilina, no contexto da Segunda Conspiração Catilinária. Falido, Catilina, de família nobre e seguidores subversivos, planejavam derrubar o governo republicano”.
Catilina e o Brasil
Claro, de olho em dinheiro e poder. No entanto, após o confronto aberto por Cícero no senado, Catilina resolveu afastar-se, indo juntar-se a seu exército ilícito para armar a defesa. Após o quarto discurso, Catilina estava condenado à morte, mas recusou-se a entregar-se e foi morto em um campo de batalha no ano seguinte. Final feliz!
Brasil estranho
Fica muito fácil comparar aquela Roma a este Brasil, cheio de corrupção, fraudes, golpes, impunidade e, principalmente, de abusadores da nossa paciência. Até quando vão abusar da nossa? Teremos ou não um final feliz, com a vitória dos bons e justos? Já tivemos muitos discursos e protestos, e as manifestações pacíficas continuam, dentro e fora do Brasil. Que país é este e onde vamos parar? E vamos parar?
Corpo estranho
Por falar nas gigantescas manifestações “invisíveis” na “velha imprensa”, mesmo vivendo seu ano mais perigoso, o Brasil não perde a piada. Piada louca com carradas de razão: Nela está o famoso Kung Fu, consultando seu guru: “Mestre, por que os milhões de eleitores do L não saem para defendê-lo?”. E a resposta: “Gafanhoto, porque elas só existem nas urnas do TSE”.
Corpo esquisito
Sim, porque há quatro anos e, principalmente, durantes as eleições, enquanto o presidente Bolsonaro arrastava milhões de simpatizantes e patriotas em todo o Brasil, o candidato L fazia comícios quase clandestinos, para gatos militantes e pingados. E para tal, fechava até praças. Isso está registrado para qualquer pessoa que quis e quer, viu e vê. Mais um motivo para perguntarmos, indignados e revoltados, até quando abusarão de nossa nada santa paciência?
O espetáculo continua com Isabela Beato e Giulia Ohana. Foto: Edy Fernandes
Curtas & Finas
*Até cegos, que querem enxergar, estão vendo o que acontece no Brasil. O barulho é tão grande que, mesmo amordaçado, nosso grito de independência ou morte chega ao exterior.
Impossível tapar o sol com a peneira. Os principais alvos são aqueles que tudo começaram e provocaram: os ministros do STF.
Mesmo no exterior, de vez em quando vemos vídeos de brasileiros insultando estes ministros, sem a segurança que eles têm no Brasil.
*Num dos mais recentes, vemos Gilmar Mendes, todo fagueiro, flanando em Lisboa e perseguido por celulares raivosos.
Esta semana, vimos a recepção que Gilmar e seus colegas, principalmente Alexandre de Moraes, tiveram nos Estados Unidos.
E, em Nova York, mais um tapa na cara de nossa paciência.
Os ministros brasileiros em um congresso sobre “democracia e liberdade no Brasil”, patrocinado sim, por ele, o “calça justa”, João Dória.
E fechamos com mais uma dupla beleza, Renata Bello e Lilian Tunes. Foto: Edy Fernandes
Isso, com brasileiros filmando, protestando e injuriando os ministros e Michel Temer, em frente ao hotel em que estavam, na mesma Nova York.
E os gritos mundiais no Grande Prêmio de Fórmula 1, em São Paulo?
E o candidato L, reunindo-se e confraternizando, com todos os ministros do STF, aqueles que um dia, o colocaram e soltaram da prisão?
E os quatro anos de prosperidade, mesmo com pandemia, derretendo em poucos dias?
"Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?”, precisamos repetir 22 mil vezes.
É um show, um misto quente de impotência, esperança e resiliência, o que estamos assistindo no Brasil, pela primeira vez, em nossa história recente.
O que vai acabar primeiro, nossa coragem ou nossa paciência?
Como será o Natal este ano, em um Brasil dividido, cheio de famílias e amigos ainda mais divididos?
E, principalmente, o que e quem veremos, dia 1º de janeiro de 2023, subindo a rampa em Brasília ou cantando, “lá vem o Brasil, descendo a ladeira”?