Dolce Vita | sábado, 12 de agosto de 2023
Para esquecermos o desempenho do Turismo no Brasil, um pingo da nossa exuberante natureza, com Júlia Dunley. Foto: Edy Fernandes
Ouro português
Semana passada publicamos o sucesso do Turismo em Minas, lembrando que, no Brasil, acontece o oposto. Para comprovar, nota de Luiz Tito, aqui mesmo, em O TEMPO, dia 31 de julho: “Portugal, pequeno país com 10 milhões de habitantes, foi visitado em 2022 por mais de 22,3 milhões de turistas não residentes no país”.
Ouro falso
Já o “Brasil foi visitado por 3,6 milhões de estrangeiros, apesar das nossas dimensões continentais e diversidade turística. Tem que haver alguma explicação para tamanha discrepância, além da pouca importância que os governos, historicamente, dão à pasta. Na cabeça da maioria, turista não dá voto”.
Ouro no ralo
“Visão tosca de politicagem tupiniquim, pois em Portugal, por causa do incremento do turismo ano a ano, falta mão de obra para o excesso de empregos; hotéis e restaurantes vivem seus melhores dias. Bilionários como Jeff Bezos e astros como George Clooney acenam com investimentos imobiliários extraordinários”.
Ouro no lixo
E só piora. Matéria, da BBC News Brasil, de novembro de 2022, já explicava que fatores impedem o Brasil de virar uma potência no Turismo. Nossas belezas naturais, a grande diversidade cultural, o calendário rico em festas nacionais e regionais valem ouro em qualquer roteiro de viagem.
Ouro de tolo
Mas este grande potencial não se traduz em números no mercado mundial. Mesmo no “boom” internacional na década passada, o Brasil estacionou em pouco mais de seis milhões de visitantes estrangeiros por ano. A Torre Eiffel, em Paris, sozinha, atrai mais de sete milhões de turistas.
Mais verde do Brasil, agora, com Kátia Constâncio. Foto: Edy Fernandes
Ouro francês
A catedral de Notre Dame, também em Paris e sozinha, antes do incêndio, tinha 12 milhões de visitantes por ano. E vai voltar com mais força, ano que vem nas Olimpíadas. O Brasil teve a rara oportunidade de sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, mas o crescimento entre 2014 e 2019 foi ridículo: de 6,31 milhões para 6,35 milhões.
Ouro vietnamita
O Brasil não figura nem na lista dos 50 países com mais turistas. Os dados são de antes da pandemia. Todo o mundo sofreu, mas ensaia uma recuperação. No Vietnã, a Baía de Ha Long recebeu quase o total do Brasil: 6,2 milhões. O Vietnã atrai 18 milhões de turistas anualmente.
Ouro mexicano
E o México? 45 milhões de turistas. Além da proximidade com os Estados Unidos, os mexicanos priorizaram o Turismo em sua estratégia econômica. O Brasil com Rio de Janeiro, Cataratas do Iguaçu e dezenas de paraísos, patina e cai. “No Brasil 93% dos visitantes são locais. Em 2019, a participação no PIB era de 7,7% e com crescimento estagnado".
Ouro de plástico
Velhos e novos problemas jogam esta fonte limpa de renda e empregos, no ralo. Falta uma política séria de Estado. Mas por que este desperdício? São quatro fatores. O primeiro é a imagem ruim no exterior, com os vilões de sempre: violência, corrupção, ambiente hostil para mulheres e público LGBTQ+, somados à deterioração da imagem do país no meio ambiente e na gestão da pandemia.
Ouro envenenado
Entre os países mais perigosos para mulheres que viajam sozinhas, o Brasil está em segundo lugar, atrás da África do Sul. “Se tem corrupção, é destino inseguro”. Países com a mesma “fama de mau”, como México e Turquia, contornam a questão pela proximidade a grandes mercados consumidores e a criação de ilhas de excelência turística.
Mais flores do Brasil, com Priscila Metzker. Foto: Edy Fernandes
Lança Perfume
*O segundo fator é a falta de políticas e planejamento. O Ministério do Turismo e a Embratur precisam de grande qualidade técnica, com planejamento de longo prazo.
Bonito, no Mato Grosso do Sul, melhorou, com a diversidade ecológica e turismo de alto nível, trabalho de mais de 30 anos.
Mas problemas com a conservação ambiental derivados do desmatamento impactam o ecoturismo da região.
E precisamos identificar oportunidades no mercado latino-americano.
“É preciso se preparar para receber o argentino, uruguaio, chileno, peruano, boliviano, paraguaio etc.”.
Terceiro fator: a falta de maior profissionalização na parte de serviços é algo constantemente apontado como problemático.
E mais: “a dificuldade de crédito para o investimento em empreendimentos turísticos pequenos é imensa".
Quarto fator: transporte aéreo e deslocamento. O acesso regional ainda é caro e insatisfatório.
O transporte aéreo é muito caro, as estradas são péssimas e, se as rodovias são boas, os pedágios são caros.
O tamanho do Brasil, uma vantagem, vira um problema.