Dolce Vita | sábado, 10 de setembro de 2022
7 de Setembro, no Clube dos Marimbás, Copacabana, Rio de Janeiro, o belo casal, Miriam e Guilherme Campos, festejando o Bicentenário da Independência do Brasil. Foto: Arquivo Pessoal
Pra frente Brasil
“Noventa milhões em ação. Pra frente Brasil, no meu coração. Todos juntos, vamos pra frente Brasil. Salve a nação! De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão! Todos ligados na mesma emoção, Tudo é um só coração!”. 7 de Setembro! Em Brasília, pela manhã, mesmo longe do Ipiranga, tsunami de pessoas aplaudindo “a onça” e os Dragões da Independência.
Pra frente Brasília
Mesmo sem o fantasma do Coronavírus, mas com outras pragas ameaçando o país, o desfile foi uma beleza de ordem, festa e amor ao Brasil, nos 200 anos de Independência. Inominável a ausência dos outros dois Poderes da República, no palanque do presidente Bolsonaro, onde, pela TV, percebemos apenas o vice, General Mourão; o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa e o governador do DF, Ibaneis Rocha. Mas, o povo estava lá.
Pra frente Rio
No Rio de Janeiro, as comemorações começaram na véspera. Mais precisamente no lindo, seleto e quase centenário Clube dos Marimbás, entre o Forte de Copacabana e o palanque oficial do mesmo presidente Bolsonaro, montado no Posto 6, Copacabana. Lá, encontraram-se os primos Walter, Lilian e Mônica Navarro, com o sócio do clube, o primo carioca, Guilherme Campos e sua encantadora Miriam. Lá mesmo, a “Família Bolsonavarro” combinou novo encontro para o dia 7 de setembro.
Pra frente Ipiranga
Antes de Copacabana, pela TV e celular, outras multidões patrióticas e festivas em grandes capitais, como BH, São Paulo, Salvador e até mesmo em Londres e no emblemático Times Square, Nova York. Na chuvosa São Paulo, terra do Grito do Ipiranga, um “mimo” a mais: a reabertura do Museu do Ipiranga. Mas, voltemos “ao vivo”, no esquentar dos tamborins, em Copacabana, Rio.
Pra frente Copacabana
Pronto! Mas, a esta altura do campeonato, só não viu o que aconteceu em Copacabana quem não quis. O céu limpo era dos aviões solitários, da Esquadrilha da Fumaça, dos paraquedas, gaivotas e pombos. Nas areias e calçadas uma multidão nunca vista, unida em torno de muito patriotismo e bom humor. Tudo tranquilo, com música, cerveja, água (que faltou), caras pintadas, bandeiras e uma maré de camisas verdes e amarelas.
Depois da "aventura" e do mar de emoções, em Copacabana, as lindas irmãs, Lilian e Mônica Navarro Nogueira da Silva, em Ipanema. Foto: Arquivo Pessoal
Pra frente mundo
Quantas pessoas estavam em Copacabana? Impossível saber, calcular. Difícil de andar, de mudar de lugar. Gente de todas as idades e classes sociais. Nenhuma ocorrência. Só festa e expectativa pela chegada do presidente Bolsonaro. Carteiras perdidas eram devolvidas e o gaiato no carro de som anunciava o nome do dono: “Alô, Eduardo X. Achamos tua carteira, venha pegá-la. Se fosse encontro do PT, tchau carteira, celular, peruca e dentadura”.
Pra frente futuro
Uma criatura sem “noção e loção” estendeu uma bandeira com a cara do Lula, no terceiro andar de um prédio na Avenida Atlântica, em frente à festa. Sua janela não foi apedrejada, mas a incauta tomou tanta vaia que, dez minutos depois recolheu a mortalha e fechou a janela. No calçadão, muito hino nacional, gritos de guerra e até “funk” em homenagem ao presidente.
No calor da luta e da festa, na praia de Copacabana, os primos e cúmplices, Walter e Mônica Navarro. Foto: Arquivo Pessoal
Lança Perfume
*Quando Bolsonaro chegou a multidão foi ao delírio e gritos de “Mito, Mito, Mito”.
Políticos e outros pegando carona no presidente, tentando discursar, mas o povo continuava a pedir “Lula na cadeia” e o “Mito, Mito, Mito”.
Bolsonaro, provavelmente por motivos de segurança, para enganar “snipers e Adélios”, trocou, na última hora, o palanque oficial, prontinho, por um dos trios elétricos.
Trios elétricos cercados por dois guindastes gigantes, os “guindastões”, tremulando duas imensas bandeiras do Brasil.
Mas ninguém abandonava o posto, pelo contrário, apenas procurava um lugar melhor.
Bolsonaro praticamente repetiu o discurso proferido horas antes em Brasília.
Ao contrário de 2021, foi quase um diplomata e se conteve. O máximo que disse foi: “falo errado, falo palavrão, mas não sou ladrão”. Mais multidão em delírio e “Mito, Mito, Mito”.
Ah! Falou também que, se reeleito, todos devem se preparar para andar entre as quatro linhas da Constituição.
E que o povo conhece, sabe o que fazem o Executivo, o Legislativo e o STF: “Mito, Mito, Mito”.
Resumo da ópera sem fim: a multidão era tamanha, que foi difícil até para sair do calçadão, todo mundo embaralhado e feliz.
Para completar o clima de “decisão”, Bolsonaro convocou o povo para a eleição, a reeleição, o Maracanã e o jogo do Flamengo, mais tarde, pela Libertadores: “Mito, Mito, Mito”.
Resultado óbvio: trânsito indecente e mais caótico que nunca. Uber, impossível; metrô lotado, táxis em extinção; todos os bares e restaurantes em Copacabana, Ipanema e Leblon lotados.
Próxima parada: 2 de outubro.