Dolce Vita | domingo, 9 de agosto de 2020

Linda e toda de branco, Amanda Diniz

Foto: Edy Fernandes

Deslumbrante e retumbante em jeans, com J, de Joiciane Pereira

Foto: Edy Fernandes

A beleza líquida e certa de Juliana Brasil

Foto: Edy Fernandes

A dupla dinâmica e atômica, Marcela Bartolomeo e Mariana Lasmar

Foto: Edy Fernandes

Ângela Diniz, a socialite conhecida como a "Pantera de Minas"

O filme da Pantera

Semana passada, recuperamos para as idolatradas leitoras e os queridos leitores a história de Pedro “Pedrinho” Aguinaga, comemorando os 50 anos de seu merecido título de “O Homem Mais Bonito do Brasil”. Hoje é a vez de resgatarmos outra ilustre, mas trágica, personagem da mesma época, a mineira Ângela Diniz (1944-1976), que fez, aconteceu e morreu aos 32 anos, povoando o imaginário do Brasil que era completamente outro, há meio século.

A Ângela da Pantera

Em 2019, aqui mesmo, escrevemos: o filme “Ângela”, de Hugo Prata, finalmente vai contar a “história de Ângela Diniz, a socialite conhecida como a ‘Pantera de Minas’, que teve sua intensa vida social no Rio interrompida em 1976, quando foi brutalmente assassinada, aos 32 anos, pelo playboy Doca Street, em Búzios”. Doca até escreveu um livro, “Mea Culpa”, sua versão sobre o crime. Mas não passou disso.

A Prata da Pantera

Em 2017, Cristiana Villas Boas, filha de Ângela, cedeu os direitos da história de sua mãe a Hugo Prata, diretor de “Elis”, sobre a cantora Elis Regina (1945-1982). “Uma honra contar a história dessa mulher que viveu tão à frente de seu tempo com um notável espírito de liberdade, e que mudou a atitude e o comportamento femininos”, disse o cineasta. Além de “Elis”, Prata assinou as séries “Elis – Viver é Melhor que Sonhar”, tendo também Rita Lee como personagem, e a série “Coisa Mais Linda”, já em segunda temporada na Netflix, deste 2020.

O vírus da Pantera

Pois bem, recebemos notícias atualizadas de Cristiana. A realização do filme está parada, claro, por conta do coronavírus. A produção é de Fábio Zavala, adequando-se ao novo protocolo da Ancine e, até hoje, captando recursos. Então, neste Brasil sem eira, beira e memória, assim como fizemos com Pedro Aguinaga, faremos com Ângela. Contaremos às novas gerações quem foi a “Pantera” e por que vai virar filme.

A história da Pantera

Desta feita, pedimos “ajuda” ao site “AH – Aventuras na História”, onde Paola Churchill conta o “Caso Ângela Diniz: o triste episódio que abalou o país. A socialite que queria ser livre teve a vida interrompida pela pessoa que mais amava”. Ângela era linda e tinha tudo para ser feliz, do jeito que escolheu, mas o destino quis outro fim, como logo veremos. Já brilhava na alta sociedade de Belo Horizonte, onde nasceu.

A sina da Pantera

Uma bonequinha de luxo parisiense. Em seus 15 anos, ganhou grande festa, quando conheceu o engenheiro Milton Villas Boas, seu futuro marido, três anos depois. Mas a “Pantera” tinha acordado e muito longe dos moldes da Tradicional Família Mineira. Ângela queria bem mais do que a entediante e moralista Belo Horizonte. Depois de nove anos, pediu o divórcio e se mandou para o Rio de Janeiro, onde apaixonou-se pelo empreiteiro Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street.

O tapa na Pantera

O milionário Doca era casado e pediu o divórcio para poder viver com Ângela uma história de amor, com muito glamour, “loucuras”, ciúme e violência. Era a gata manhosa e o rato ciumento. Brigas platônicas e homéricas, entre idas furiosas e voltas de perdão. “Na antevéspera do ano novo de 1976, os dois estavam na casa de praia da mulher, na Praia dos Ossos, Búzios. Após a pior briga que os dois tiveram, Diniz expulsou o homem de casa, terminando toda a relação”.

Os tiros na Pantera

“Ao cair da noite, o empreiteiro implorou para que o relacionamento não acabasse, disse que queria fazer as coisas darem certo. Compadecida, Ângela afirmou que eles poderiam voltar a ficar juntos sim, mas teriam um relacionamento aberto. Doca Street, furioso, esbravejou que se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém. Sacou de sua Beretta e descarregou as quatro balas, o que resultou na morte imediata de Diniz”.

A injustiça na Pantera

Doca Street fugiu para a casa de seus pais, no interior de Minas. O julgamento de Doca foi “campeão de audiência”. A família Street não poupou esforços para conseguir o melhor advogado e contrataram um dos mais eficientes: Evandro Lins e Silva. Naquela época, em vez de “empoderamento” e “feminicídio”, Evandro sacou uma lei típica de Minas e dos personagens de Jorge Amado na Bahia: “Legítima Defesa da Honra”. Honra lavada com sangue.

O coelhinho da Pantera

No tribunal, Evandro pintou “Doca como um homem bom que fora enfeitiçado por uma ‘mulher fatal’ que o seduziu e o desvirtuou, que fez por merecer seu infeliz fim. Ao desenrolar dos episódios, o homem foi sentenciado a apenas dois anos de prisão, que pôde cumprir em liberdade.  O que causou enorme comoção contra a violência doméstica. Nascia o slogan ‘Quem ama não mata’”.

A justiça da Pantera

“Os episódios resultaram numa grande pressão para que um novo julgamento fosse feito e o ex-companheiro pagasse pelo crime. Após uma forte mobilização social, o milionário passou por um segundo julgamento e pegou 15 anos de prisão, cumprindo apenas três desses anos. Doca lançou o livro ‘Mea Culpa’, em 2006, para contar sua versão dos fatos. Ângela Diniz, no entanto, não teve essa oportunidade”.

As garras da Pantera

No Google, completamos com este detalhe sinistro: “Além do envolvimento que culminou em sua morte, Ângela Diniz se viu envolta em três outros crimes. Em junho de 1973, assumiu a autoria da morte do caseiro José Avelino (vulgo Zé Pretinho), para tentar proteger o verdadeiro culpado, seu amante Tuca Mendes. Em 1975, foi acusada de consumir e guardar drogas e, logo depois, de sequestrar sua filha”.

A maldição da Pantera

A vida de Ângela chegou a ser cogitada como tema de um filme dirigido por Roberto Farias, tendo Déborah “Surfistinha” Secco como protagonista. Mas o filme nunca foi realizado. Será que agora vai? O mais terrível, depois de tanto tempo, é que a “Legítima Defesa da Honra” virou piada, mas a violência contra as mulheres só faz aumentar.