Dolce Vita | domingo, 7 de junho de 2020
Todo o glamour e elegância da super Júlia Garcia
Foto: Edy Fernandes
Liquidando charme, a beldade Priscila Moura
Foto: Edy Fernandes
Colorindo a coluna, a gata Mariana Amaral
Foto: Edy Fernandes
Luxo no lixo
Parece e é um luxo falar de luxo, quando milhões tentam sobreviver no e ao dia a dia, mas, falemos porque, no fundo, é economia e acaba refletindo em todos os setores do trabalho e da produção. Para variar, muitas perguntas e muitas respostas que não respondem. Por exemplo, a indústria do luxo se recuperará até 2022, 2025 ou mais? O eterno apetite (além da pirataria) do mercado chinês pelo setor do luxo será fundamental na retomada ou na tomada da economia do mundo?
Luxo torrado
Pelo que lemos no mar de notícias pessimistas, o mercado de bens de consumo luxuosos deve fechar o ano com uma queda de 35% em vendas, se comparado a 2019. “O setor deve alcançar o patamar de 2019 apenas em 2022 ou talvez em 2023 e só depois retomar o crescimento”. O ponto fundamental para a queda está no congelamento do turismo – menos viajantes significa menos consumidores entrando em lojas e “torrando” milhões.
Luxo chinês
Tudo dependerá do caixa e da habilidade das marcas em responder aos novos tempos, das tendências econômicas e do turismo. A China, segundo o estudo, mantém posição de peso, responderá por metade das compras em 2025, contra 35% em 2019. Mesmo depois da falência de gigantes, como as varejistas de luxo americanas Neiman Marcus, J. Crew e Lord & Taylor.
Luxo restrito
São prognósticos sombrios da consultora Bain & Company. O confinamento global, apesar da frágil abertura, mesmo nos países mais afetados, e as restrições às viagens turísticas nos principais mercados, têm um impacto muito significativo para esta indústria. A China, sempre ela, exibe sinais de recuperação e, segundo a Bain, os consumidores do monstro asiático deverão consolidar a sua importância no segmento do luxo, estimando-se que representem quase 50% do mercado mundial em 2025.
Luxo online
Também os canais online ganharam protagonismo. A Bain prevê que este canal valha 30% das vendas da indústria em 2025. “O mercado do luxo vai se recuperar, mas a indústria sofrerá profundas transformações”, avalia Claudia D’Arpizio, “partner” da Bain e principal autora do estudo. “A crise do coronavírus vai obrigar a indústria a pensar de forma mais criativa e inovar ainda mais rapidamente”, acrescenta.
Luxo de sempre
A Bain afirma que a quebra estimada de 25% no mercado de bens de luxo foi atenuada pelo “forte arranque do ano” em todas as principais regiões. “À medida que os consumidores começam lentamente a sair dos ‘lockdowns’, a forma como veem o mundo mudou e as marcas de luxo têm de se adaptar”, sublinha Federica Levato, “partner” da Bain e coautora do estudo.
Luxo criativo
“A segurança nas lojas é obrigatória, mas acompanhada da magia da experiência do luxo: formas criativas de atrair os clientes às lojas ou de levar os produtos aos consumidores farão a diferença”, defende. A Bain estima que o mercado do luxo contraia 20% a 35% neste ano, dependendo da rapidez da recuperação. E antecipa que o regresso aos níveis registrados no ano passado apenas ocorrerá em 2022 ou 2023. A partir daí, o crescimento será gradual, devendo atingir um valor entre os 320 e os 330 “mil milhões” de euros em 2025.
Viagem ao fundo
Do outro lado da moeda, o CEO do Airbnb, Brian Chesky, está convicto de que “viagens a negócios poderão ser coisa do passado. No pós-pandemia e com a adoção massiva de plataformas digitais de teletrabalho, “vamos fazer as malas mais por lazer que por obrigação”. O lado positivo disso é mostrar e provar a enorme quantidade de viagens inúteis, para reuniões ainda mais inúteis, dispensáveis e dispendiosas.
Viagem ao futuro
“Costumávamos viajar muito a trabalho e buscar entretenimento em telas. Isto vai se inverter. Vamos trabalhar muito mais digitalmente e nos entreter no mundo real”. Infelizmente – para ele e ainda mais para seus milhares de funcionários – Chesky é autoridade no assunto. Poucas startups foram tão afetadas pela Covid-19 como o site de hospedagem Airbnb. A empresa demitiu 1,9 mil funcionários, 25% de seu contingente.
Viagem ao desconhecido
A previsão de receita neste 2020 é de “menos da metade” de 2019, coisa de US$ 4,8 bilhões. “As viagens serão curtas, mais baratas, flexíveis e higiênicas. Perto é o novo longe. Quando você não sai de casa por alguns meses, qualquer lugar parece longe. Até cruzar a cidade pode ser uma jornada”. Pela primeira vez no Airbnb, as viagens domésticas correspondem a maior parte dos negócios da empresa.
Viagem à crise
“Na esteira dessa mudança, o empreendedor reconhece que o preço é outro fator que vai pesar na escolha dos turistas. Nossas opções de US$ 50 ou menos correspondem agora a um terço das negociações da plataforma. Essa crise teve efeito devastador na economia e milhões de empregos foram ceifados”, ressalta Chesky. O próximo passo do Airbnb é uma ferramenta para ajudar os anfitriões a higienizar melhor as áreas que alugam pelo site. A ideia é desenvolver uma espécie de “check list” de como limpar determinados ambientes.
Viagem ao improvável
O Airbnb tinha planos de abrir o capital, como fez o Spotify. Mas o coronavírus também contaminou, matou e sepultou essa estratégia. Antes da pandemia, a companhia era avaliada em US$ 31 bilhões e estima-se que poderia valer mais de US$ 50 bilhões. Em vez disso, acaba de buscar US$ 2 bilhões para manter suas operações. E, no meio desta crise, está pagando taxas de juros bem altas. A avaliação do Airbnb agora é estimada em US$ 18 bilhões.
Viagem ao novo
E mudanças estranhas, inovadoras, inimagináveis para amenizar o prejuízo são para quem pode e quem chegar primeiro. O Japão, por exemplo, anunciou fundo bilionário para bancar metade da viagem dos turistas. Com número de visitantes 99% menor em abril, comparado ao mesmo período do ano passado, o Japão agora planeja fundo de R$ 69,9 bilhões para “este luxo generoso”. Abril foi a primeira vez que o número mensal de visitantes caiu abaixo da marca de 10.000. A baixa anterior para visitantes estrangeiros mensais era de 17.543, em 1964.
Viagem ao incerto
E não esqueçamos que o Japão perdeu a mina de ouro do ano, as Olimpíadas! O programa dos R$ 69,9 bilhões poderá começar em julho, se novas infecções por coronavírus desaparecerem em breve. As restrições de viagem atingiram todo o planeta. “O número de visitantes da China caiu para 200 (sim, 200 pessoas) em abril, ante 726.132 no ano anterior. Os da Coréia do Sul caíram de 566.624 para 300. O número de visitantes de Taiwan e dos Estados Unidos também diminuiu de 403.467 e 170.247, respectivamente, em abril do ano passado, para cerca de 300 cada um”.
Viagem à esperança
Esta ajuda mostra-se uma alternativa para lugares altamente dependentes do setor turístico. “A ilha da Sicília, Itália, anunciou um plano similar para cobrir os custos de viagem dos seus visitantes. A verdade, porém, é que ninguém sabe exatamente quando a situação irá melhorar”.
O que vocês, leitores, aqui na modesta Minas Gerais, acham dessa ideia? Já imaginaram viajar para o Japão com metade das suas despesas pagas? Ou nem que pagassem tudo poderíamos viajar?