Dolce Vita | domingo, 7 de julho de 2019
Domingo é dia de mulher bonita: Lígia Jardim na mostra Modernos Eternos BH
Foto: Edy Fernandes
No mesmo evento, fazendo e acontecendo, Natália Vasconcelos e Cícera Gontijo
Foto: Edy Fernandes
O mito Walduck Wanderley, emoldurado pelas corujas filhas, Kitty e Andrea
Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
Os novos alquimistas
Recentemente, comentamos a diferença entre nossas novas autoridades políticas e as nem assim tão antigas. A começar pelo presidente Jair Bolsonaro, tão amado e odiado, ao mesmo tempo. Quem não gosta de Bolsonaro o acusa de tudo, só falta dizer que ele vira lobisomem. Por outro lado, é nítida sua simpatia com o povo, crianças, gente humilde. Até mesmo com a imprensa, que tanto o persegue, ele faz brincadeiras, claro, também criticadas.
Os novos protagonistas
É aquela verdade, nem Jesus Cristo agradou todos. Ainda mais no Brasil ondem pedem a “Pilatos”, sem lavar as mãos, a prisão do ministro Sérgio Moro, enquanto mandam soltar “bons” e maus ladrões. O prefeito de BH, Alexandre Kalil, também difere em muito dos tradicionais políticos, principalmente no seu jeito Bolsonaro de falar e quando anda de moto pelas ruas de BH e estradas de Minas, como já o encontramos em Tiradentes.
Os novos artistas
Dos outros governadores não podemos falar, por falta de intimidade e mais informações. Mas principalmente o governador Wilson Witzel, no Rio de Janeiro, e João Dória, em São Paulo, também governam de forma bem original, bem diferente de seus antecessores. Aqui em Minas, a diferença é gritante. Com exceção de Antonio Anastasia, mais acessível, Zema tem nada de Fernando Pimentel e de Aécio Neves, sempre cercados de pompa, circunstâncias e seguranças. A definição ideal para Zema é despojado, a começar por sua informalidade.
Os novos atores
Romeu Zema nunca foi político profissional. Muito pelo contrário, é um empresário. Não é apenas seu sotaque que é diferente; vocabulário, entonação, ritmo e sem lero-lero. Zema raramente é visto vestindo terno e gravata. Pelo jeito, tem horror ao traje típico dos políticos e só o usa quando a liturgia do cargo exige. Não à toa é que não quer a dele: tem pavor da famosa foto oficial dos governadores que, por tradição, “decora e apavora” as paredes oficiais; quase um culto à personalidade, muito caro a ditadores.
Os novos diretores
Romeu Zema já foi visto chegar, completamente sozinho, simples mortal, a um espetáculo do Cirque du Soleil. Claro, não pode nem deve dar “bobeira”, chance ao “acaso”, mas não exagera, como se fosse um rei. Bolsonaro, de quando em vez, vai comer seus pastéis, quebra protocolos para apreciar um cachorro-quente, caminha a pé pelas ruas, arrisca um quiosque na praia; mas lamenta não mais poder ir a um shopping center. No caso dele, é bom tomar cuidado. Vai que aparece outro “louco” como Adélio, de faca na mão.
Diário de vida
Já chega a 200 páginas o “diário de bordo” do saudoso empresário Walduck Wanderley, assinado pela biógrafa Clarice Laender von Sperling. Projeto encabeçado pela filha Kit Wanderley, há quatro anos, lado a lado com a historiadora. Ambas desvendando uma admirável história, através de depoimentos de amigos e pessoas que cruzaram sua vida.
Diário de histórias
Para a filha coruja, foi esse o viés para levantamento de dados do pai, pois, segundo ela, apesar da fama, o mítico Walduck não deixou rastros na internet. Segundo Kit, a ideia do livro surgiu da intenção de passar aos netos um pouco da história de seu pai, já que os mesmos, em tenra idade, tiveram pouco convívio com ele. Walduck morreu há 15 anos, aos 72. Kit confessa que, diante das conversas e entrevistas, ganhou histórias fantásticas do paizão. “Emocionei-me demais. Não sabia, independentemente da família, quão bondoso ele era, generoso, quanto fazia para ajudar outras pessoas”.
Lança-Perfume
* Ao titular da coluna, amigo e admirador de Walduck, Kit contou que o livro será lançado no fim do ano, com histórias de sua intensa trajetória profissional, familiar e social; muitos casos para rir e chorar.
O livro não será comercializado: “Será um presente aos que o conheceram e com ele desfrutaram bons momentos, como também aos interessados em conhecer uma história incrível e encantadora”.
O “documento” passa pela origem do avô paterno, Flammarion Wanderley, saindo de sua Paraíba natal para Montes Claros, onde criou raízes e deu origem ao clã Wanderley.
Depoimentos sobre o pai e conselheiro familiar completam a edição, como também sua performance empresarial à frente da gigantesca empreiteira Cowan, que chegou a ter 6.000 funcionários, fez e aconteceu Brasil afora.
Algumas vezes, Walduck foi foco de publicações sobre sua intimidade. Uma delas, tida como polêmica, apresenta seu lado mulherengo.
Sobre conduzir sua Mercedes S-600, a 20 km por hora, na avenida Afonso Pena, confessaria: “Ando devagar porque faço questão de ver e me mostrar, especialmente para as mulheres. Não basta ter dinheiro, é preciso mostrar que tem”.
Hoje, certamente, Walduck seria crucificado como machista. Mas o homem dizia o que pensava, nem um pouco incomodado com a possibilidade de o taxarem como troglodita.
Sua Cowan atravessou tempos duríssimos. Mesmo assim, ainda é lembrado por seus 25 automóveis (dez Mercedes-Benz) espalhados por suas casas: “São apartamentos de solteiro”, dizia.
“Nas minhas casas, mulher não entra com mala. Tudo que ela traz é bolsa, que leva embora no dia seguinte”.
A mesma publicação enfatizava que Walduck vivia, respirava e transpirava mulher.
Reza a lenda, que mantinha mais de 30 namoradas, mas ele corrigia: “Na verdade, só dez são fixas”.
E mais: boa parte dos US$ 200 mil que gastava por mês se transformava em automóveis, apartamentos e joias caras para suas namoradas.
“É uma troca justa”, dizia. “Elas me emprestam a sua juventude, e eu retribuo com um pouco do que tenho”.