Dolce Vita | domingo, 6 de dezembro de 2020
No domingo de vinhos, drinques e musas, Cristiane Araújo
Foto: Edy Fernandes
No domingo de belas safras, sabores e divas, Marcele Viana
Foto: Edy Fernandes
No domingo de festas inebriantes e contemplação, Renata Botelho
Foto: Edy Fernandes
Honório Gonçalves “imperador e alquimista” do Lobby Bar do Fasano Belo Horizonte
Foto: Victor Schwaner
Filme de arte
Entrada do Hotel Fasano Belo Horizonte. Pé direito imponente e iluminação natural destacam o “lobby”, coração do empreendimento e motor de sua vida social. Área central, dando acesso aos demais ambientes, garantindo a integração entre eles, sem perder a atmosfera discreta e aconchegante com o bar em destaque. O clássico happy hour, ao final da tarde, ou um drinque antes do jantar, são momentos de descontração elegante.
Filme sofisticado
A coquetelaria reúne clássicos como: Dry Martini, Cosmopolitan, Gin & Tonic, Caipirinha, entre outros, além das seletas cachaças. Depois de BH, Havaí e Nova Iorque, Honório Gonçalves retornou ao Brasil em 2017 para ser chefe de bar no Ginger Bar, na Casacor, o primeiro especializado em gin na cidade. Agora, chega ao Lobby Bar do Fasano trazendo frescor e leveza, somados à sua expertise, para agregar ainda mais personalidade à carta de drinques e ao serviço da casa.
Filme clássico
Conversando com o Honório, “descobrimos a América”. É crescente o interesse pelos drinques de coquetelaria. O brasileiro tem se mostrado cada vez mais aberto a provar novos sabores e descobrir bebidas que, por muito tempo, ficaram desaparecidas do cardápio dos bares. O que se preza verdadeiramente é um serviço de alta qualidade, técnicas e atendimento. O vermute é uma dessas bebidas que, para muitos de nós, é considerada desconhecida, mas indispensável em vários e clássicos drinques.
Filme nostálgico
A novidade dessa vez é o Amaro Ramazotti. Trata-se de um blend de ervas, frutas e flores, como hibisco e flor de laranjeira. É levemente adocicado e floral. São consumidos tradicionalmente apenas com gelo, mas, assim como o Aperol, a proposta é misturá-los em coquetéis, com espumante, por exemplo. O gin chegou para ficar. Principalmente os saborizados.
Filme eterno
Os “soft drinks”, menos alcóolicos, também estão em alta e são desejados. A taça “dry”, a taça “coupé”, dos anos 1930, com referência em art déco é o vintage valorizado e em voga, a nova tendência. Sem falar que os drinques incontornáveis permanecem, com os amadeirados e a grande aposta naqueles à base de whisky.
Ela sabe tudo sobre os melhores vinhos do Brasil, Ludmila Tamietti, proprietária do Topo do Mundo, restaurante na Torre Alta Vila, Vila da Serra
Foto: Divulgação/Topo do Mundo
Voz do Brasil
Ludmila Tamietti é filha de Barbacena e, como dona do restaurante Topo do Mundo, comercializa e representa vinhos nacionais. “Sou leitora assídua da sua coluna em O TEMPO; preciso endossar e compartilhar de sua indignação manifestada na coluna de 18 de novembro, tratando o aumento dos impostos sobre os vinhos importados no nosso estado. Esse aumento é inadmissível e traz nenhum benefício como possível ‘reserva de mercado’”.
Voz de Baco
“O universo dos vinhos pressupõe acesso, conhecimento e avaliação. E isso só é possível com políticas de consumo acessíveis, honestas e equilibradas, proporcionando aos consumidores avaliar e apreciar o que é bom, seja importado ou brasileiro. Seguindo esse raciocínio, preciso corrigi-lo, se me permite, quanto à observação efetuada na matéria, de que (...) ‘o vinho brasileiro, com exceção dos espumantes, não é bom’ (...) e completando com ‘não consegue competir com nossos vizinhos chilenos ou argentinos e uruguaios...’”.
Voz e literatura
“Como alguém que lida com o produto vinho há mais de 16 anos, posso afirmar e te convidar a vivenciar uma opinião diferente quanto aos vinhos brasileiros. Nossos vinhos, atualmente, muitos, muitos mesmo, são surpreendentes em estrutura e qualidade, o que tem sido endossado por publicações e avaliações internacionais como a britânica Adega, entre outras”.
Voz e cultura
“E com um detalhe: em nosso país, essa cultura é muito recente e é surpreendente o que tem sido apresentado. Vinhos que, em degustações às cegas, não deixam nada a desejar a regiões produtoras tradicionais e que investem pesado como Europa e o próprio vizinho Chile. O mercado interno cresceu mais de 125% no período da pandemia. O dado triste é que aqui em Minas os impostos sobre os vinhos brasileiros ainda são altos”.
Voz e sabedoria
“A minha ‘correção’, na verdade, uma observação, é para que você possa, assim como eu, se aventurar e se maravilhar com o que tem sido produzido pelas mais de mil vinícolas espalhadas Brasil afora. O Brasil vitivinícola vive, hoje, um momento muito especial. Regiões tradicionalmente reconhecidas, como a Serra Gaúcha e Vale dos Vinhedos, aprimoraram ainda mais a gama de excelentes produtos já ofertados, inspirando novas regiões produtoras”.
Lança-Perfume
* Continua Ludmila Tamietti: “Novas indicações geográficas reconhecidas recentemente como a Campanha Gaúcha, além de Campos de Cima da Serra, Serra Catarinense. Regiões produtoras no Sul e Leste de São Paulo, Paraná, Sul e Cerrado de Minas Gerais (cerca de 12 produtores em Diamantina). Serra Fluminense, Espírito Santo, Goiás e no Nordeste, no Vale do São Francisco, nos fazem um convite a conhecer esse novo Brasil. Essa nova face da produção de bons vinhos”.
“Digo por mim, que mergulhei nessa fascinante viagem aos vinhedos e estâncias, fazendas, quintas e parcelas produtoras nas mais diversas regiões Brasil afora. E digo que nos encantamos diante de tudo o que temos descoberto, de tudo o que nos tem sido apresentado. Sonhos e histórias engarrafadas, tradições, respeito à terra, amor às raízes, carinho em forma de produtos, pessoas apaixonadas pelo que fazem…”.
“Nessa descoberta, criei uma carta para o Topo do Mundo contemplando muitos bons rótulos brasileiros, possibilitando que nossos clientes conheçam um pouco desse novo universo. E criei um novo ‘negócio’, a Enoteca Brasileira (@enotecabrasileira), onde indico e compartilho excelentes rótulos. Na verdade, é uma tendência nacional. E, em uma breve busca por sites, lojas e pessoas, conseguimos entender que, na verdade, não conhecíamos o que realmente estava sendo produzido de bom por aqui”.
“Acredito que com a pandemia as vinícolas se aproximaram dos consumidores além das fronteiras estaduais e vemos um crescimento da divulgação, do número de fãs dos bons vinhos brasileiros e não é à toa. Tem muito produto bom, com preços bons no mercado brasileiro, vale a pena conferir. E vinícolas (estruturas) também que são um espetáculo de se visitar. Só pra ilustrar aqui, Luiz Argenta, Don Guerino, Guatambu, Estância Paraizo, Casa Valduga, Guaspari, Casa Geraldo, Vila Santa Maria, entre tantas outras”.
“Perfis no Instagram e na web interessantes e divertidos, como @ochorodavideira (um médico de São Paulo); @sommelierdemerda (perfil bem divertido e de memes, mas com um excelente conhecedor) e, aqui em BH, as queridas do @naminhataca e @adegabrasileira. Feitas essas considerações, venha tomar um vinho brasileiro comigo! Saúde! E esperamos que o governador reveja essa questão absurda quanto à tributação”.