Dolce Vita | domingo, 31 de maio de 2020
A bela produtora musical e consultora de imagem, em parceria com o estúdio @dez8um, Patrícia Scalabrini
Foto: Paulo Navarro/Divulgação
O empresário Cristiano Parreiras ao lado de sua esposa, a competente dermatologista Caroline Botelho
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Com a esposa, Natália, o médico e presidente da Rede Mater Dei de Saúde, Henrique Salvador
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Infindável situação
Sobre a pandemia sem fim, uma análise lúcida, sensata, mais que bem-vinda e pertinente, do médico e presidente da Rede Mater Dei de Saúde, Henrique Moraes Salvador Silva: “Esta é uma crise que pegou a todos nós desprevenidos. Não havia como se preparar inteiramente para um evento desta natureza. E isto se aplica aos indivíduos, países, estados, cidades e empresas”.
Infindável problema
“Ela entrou pela porta da saúde, através de um sério problema sanitário, mas tem repercussões desastrosas para a economia global, com risco de enfrentamento de uma depressão econômica como há muito não se via. No Brasil, o problema está agravado por um enfrentamento político entre poderes e dentro de poderes, que complica ainda mais um quadro muito complexo”.
Infindável e inédita
“Esta é uma doença nova e que, portanto, ainda é pouco conhecida. Contra ela, neste momento, não há prevenção (vacina) nem tratamento medicamentoso específico. O que implica, para os casos mais graves, a necessidade da utilização de intensivos recursos hospitalares para evitar que o doente morra”.
Infindável e mundial
“O que se busca é evitar que muitas pessoas necessitem das unidades de terapia intensiva hospitalares ao mesmo tempo, o que invariavelmente tem causado um grande estresse e sobrecarga dos sistemas de saúde ao redor do mundo. Foi assim na China, Itália, Espanha, Estados Unidos (principalmente em Nova Iorque) e tem sido assim em alguns estados do Brasil”.
Infindável humanismo
“Desta maneira é preciso que estados e municípios se preparem para esta situação de sobrecarga dos sistemas de saúde. A construção de hospitais de campanha é uma tentativa de minimizar este mesmo estresse, fornecendo melhores condições de atendimento à população. Mas nem tudo é um desastre nesta crise. Assim como em outros momentos semelhantes da humanidade, a solidariedade e a contribuição da sociedade têm sido impressionantes”.
Infindável humanidade
“Nós mesmos, aqui na Rede Mater Dei, emprestamos três andares do nosso recém-inaugurado Hospital Mater Dei Betim-Contagem. Isso, para que a Central de Leitos do SUS possa atender no âmbito do hospital de campanha do Governo de Minas os pacientes que necessitarem de terapia intensiva para o tratamento da Covid-19. Serão 180 leitos de UTI, uma iniciativa em parceria com a Fiemg e empresas mineiras”.
Infindável ciência
“Além disto, apoiamos tecnicamente um movimento para a aquisição de EPIs para hospitais públicos e também para o desenvolvimento de alguns projetos, visando a produção de respiradores mecânicos pela indústria mineira. O grande desafio do momento é a busca do equilíbrio entre o relaxamento do distanciamento social e as medidas mais radicais de fechamento das atividades econômicas nas cidades”.
Infindável renascimento
“A economia precisa retomar seu curso normal, mas, ao mesmo tempo, não podemos colocar muitas pessoas em risco de contaminação por uma doença que muitas vezes se manifesta de maneira fatal e que não tem como ser tratada especificamente. Para isto, acredito que viveremos a chamada ‘quarentena intermitente’, em que vamos alternar períodos de maior relaxamento do distanciamento social, com períodos de menor tolerância, por parte dos governantes, permitindo um gradual retorno às atividades”.
Lança-perfume
* Continua Henrique Salvador: “É importante fazer um alerta à população. Diversos estudos mostram o risco que a população corre pelo abandono do acompanhamento e tratamento de outras doenças crônicas e até mesmo agudas”.
* “Em todos os países acontece um aumento significativo de casos de internações complicadas na esteira de doenças do aparelho cardiocirculatório (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, entre outros). “Abdômen agudo (apendicites complicadas, por exemplo) e diagnósticos retardados de vários cânceres”.
* “A medicina investiu durante anos em medidas preventivas e de promoção da saúde, mas o dano que será causado pelo afastamento da população dos seus serviços médicos de referência é um alerta social da mais alta relevância. Fato que não pode ser negligenciado”.
* “Os hospitais de referência criaram fluxos muito diferenciados para atender aos pacientes portadores de sintomas respiratórios e com suspeita de portar a Covid-19. E esses pacientes não se misturam com os demais que necessitam de cuidados médicos e hospitalares. Existem áreas isoladas e dedicadas nos prontos socorros, CTIs, andares de internação e demais áreas".
* “Nos hospitais da Rede Mater Dei, as pessoas já são submetidas a protocolos seguros desde a entrada dos hospitais, com medida da temperatura corporal. E também respondendo a questões que indicam sobre a necessidade ou não de seguirem um fluxo especifico”.
* “Digo com toda a certeza que ir a um hospital de alta qualidade é mais seguro que frequentar a maioria dos ambientes de convívio social no momento. É importante que a população não se esqueça de medidas simples e muito importantes que precisam ser observadas neste momento”.
* “É necessário lavar adequadamente as mãos várias vezes ao dia. Usar máscaras, álcool em gel e manter uma distância entre as pessoas, mesmo neste retorno gradativo e no relaxamento do isolamento social. Na minha avaliação, esta crise vai passar, mas os impactos sociais que ela vai trazer serão duradouros”.
* “As pessoas aprenderam novas maneiras de se relacionar, de utilizar serviços e de interagir com fornecedores e clientes. Finalmente, estamos vivendo uma transformação na maneira como nos relacionamos em diversas esferas, e a minha expectativa é que viveremos a partir de agora um mundo menos desigual e melhor”.
* “Esta crise mostra à sociedade que pessoas, empresas e governos precisam priorizar e melhorar o saneamento básico e as estruturas adequadas de saúde pública. Isso, no mínimo, entre várias outras medidas que visam a segurança das pessoas”.
* Provavelmente, vamos precisar conviver com outras crises desta natureza no futuro. Espero que consigamos aprender com as lições que a atual pandemia está nos trazendo”.