Dolce Vita | domingo, 30 de agosto de 2020

A natureza e a naturalidade de Gislaine Ferreira

Foto: Edy Fernandes

Pronta e querendo mais futuro, Mônica Gonçalves

Foto: Edy Fernandes

A dupla mais que dinâmica e charmosa, Renata Bernardes e Ângela Dariva

Foto: Edy Fernandes

Tudo azul e perfeito para Sâmara Merrighi

Foto: Arquivo Pessoal

Velho uma ova!

Pra começar e rimar, a máxima “velho é uma ova” tem nada de nova. É expressão tão velha quanto o “Tempo do onça”. E com certeza, quem fala “velho é uma ova” é um Matusalém que pisou na lama do Dilúvio, foi garçom da Última Ceia ou aeromoça do 14 Bis. Mas, sem mais delongas, passemos ao texto anônimo, “Velho é uma ova!”, que começa assim: “Extenso estudo nos EUA revelou que a idade mais produtiva da vida humana é entre 60 e 70 anos”.

Velho novo

Há controvérsias também na continuação do texto: “A segunda etapa mais produtiva do ser humano é entre 70 e 80 anos. A terceira mais produtiva é 50 e 60 anos. Antes disso o ser humano ainda não chegou no seu auge”. Parece até Nelson Rodrigues dando seu melhor conselho aos jovens: “Envelheçam, envelheçam!”. Voltemos ao texto: “A idade média dos vencedores do Prêmio Nobel é de 62 anos”.

Velho ideal

“A idade média dos presidentes das 100 maiores empresas do mundo é de 63 anos. A idade média dos pastores das 100 maiores igrejas dos EUA é de 71 anos. A idade média dos papas é de 76 anos”. Até aí, quer dizer nada. A idade, nestes casos, é experiência e em outros, literalmente uma lei. “Isso nos confirma que os melhores e mais produtivos anos do ser humano estão entre os 60 e 80 anos de idade”.

Velho otimista

Esse estudo foi publicado por uma equipe de médicos e psicólogos no “New England Journal of Medicine”. Eles constataram que aos 60 anos você atinge o topo do seu potencial emocional e mental e isso continua até os 80 anos. Portanto, se você tem 60, 70 ou 80 anos, você está no melhor nível da sua vida”.

Velho desinformado

A verdade, o que acontece, é muitas vezes, o contrário. Pessoas no auge da capacidade, aos 50 e poucos anos, querem mais é se aposentar. Quem quer trabalhar, quem precisa trabalhar, com esta mesma idade, não consegue emprego porque, para as empresas, estas mesmas pessoas estão velhas demais e logo serão menos produtivas e esbanjando problemas de saúde, entre outros defeitos da idade, validade e de fabricação. Vida besta!

Velho antigo

O texto termina com esta recomendação: “Envie essas informações para que seus familiares e amigos sessentões, setentões e oitentões possam ter orgulho de sua idade. Esse ‘passeio’ chamado vida, começa bem mais tarde do que você imaginava!”. OK, combinado. Mas só uma “coisinha”. A maioria dos setentões e oitentões nem sabe usar internet, WhatsApp e outros meios que, a cada seis meses, ficam velhos.

 

Diário da crise

Esta coluna, natural e voluntariamente, assim como muitas outras, em outras mídias, está um diário de bordo da crise, da pandemia, do confinamento, da quarentena; destes tempos sombrios, cheios de túneis e algumas débeis luzes no fundo. Acabamos, até sem querer, registrando pequenas e grandes mudanças, como um assunto já tratado e ora enfatizado. A necessidade com oportunidade de muita gente aproveitar este tempo “ocioso” para cirurgias plásticas e/ou intervenções estéticas. Muita mulher e muito homem aproveitando o recolhimento e mandado ver nos retoques.

Diário da vida

Paralelamente, lembramos que, além das “reformas” em rostos e corpos, quem pode também reforma a casa, o sítio, o jardim, escritório etc. O comércio de materiais de construção, seus donos, funcionários e famílias agradecem. Hoje, anotamos mais uma triste e ao mesmo tempo alegre mudança. Triste para quem é abandonado, alegria para quem encontra um novo horizonte. Estamos falando dos bairros de Belo Horizonte; auge e decadência.

Diário da estultice

Savassi e Mangabeiras já foram “os tais”. Hoje, agonizam, mas não morrem. Como o centro da cidade, sempre desperdiçado e jogado no lixo, nadando contra a corrente mundial, onde o centro das grandes cidades costuma ser o local mais rico em história, tradição, arquitetura e infinidade de qualidades. Aqui, em Belo Horizonte e no Brasil, é mais fácil largar, esquecer e jogar fora que restaurar, cuidar, recuperar e revalorizar.

Diário da realidade

A bola da vez, a bela abandonada da vez, é Lourdes. O bairro de Lourdes que havia destronado a Savassi e outros ícones da zona sul de BH. Lourdes que concentrava não só o comércio de rua mais chique, fino; como os bares e restaurantes da moda. O bairro que parecia inaugurar uma dúzia de prédios de luxo por semana. O bairro verde, bem cuidado, recheado de gente rica e bonita. Aparentemente, este paraíso está desfalcado. Parece que todos seus tesouros mudaram ou estão de mudança para o Belvedere. Triste!

Diário da hora

Em Lourdes, restam os prédios suntuosos, mas mais do que os restaurantes fechados temporária ou definitivamente, as lojas de grifes de moda são as que mais migram para a “praia” de Belvedere/Nova Lima. Moda que usa e abusa do casual e da onda esportiva que não se restringe às academias, mas que segue em supermercados, bancos, drogarias. Pena que a Lagoa Seca, onde desfilam as charmosas com seus cachorrinhos, não tenha água salgada nem doce, só a das enchentes.

Lança-Perfume

* Ainda sobre Lourdes X Belvedere e Nova Lima. É o “dinheiro velho” que ficou e o “dinheiro novo/reciclado” que voou.

Fenômeno que confirma outro assunto recente da coluna, o de que Nova Lima é a cidade/região com a maior concentração de ricos do Brasil. Ricos confinados num oásis, numa Ilha da Fantasia.

Ricos que conseguem viver em cativeiro, indiferentes e cercados por decadência e miséria, por todos os lados. Muito triste de novo. Muito desperdício e egoísmo.

* Deu no site do Uol, mais precisamente na coluna de Julián Fuks: “Sobre a tristeza das crianças e a urgência de priorizar as escolas”.

Um resumo nosso: “É imenso, um dia saberemos, o que estamos exigindo das crianças para nossos próprios fins, em nome da nossa segurança. Que permaneçam vários meses trancadas em suas casas, relegadas a espaços às vezes sombrios, às vezes esquálidos”.

“Que percam quase todo contato com pessoas queridas, avós, tios, professores, pessoas com as quais travavam relações profundas e diárias. Que percam de vista umas às outras e já não existam numa comunidade de crianças, de iguais – que se façam seres solitários em diálogo inevitavelmente vertical com os pais”.

“Sei que basta dizer essas palavras prévias para que o texto provoque aversão. O debate sobre o retorno ou não das escolas tem se dado com alarmismo e irritação generalizada, impossibilitando o aprofundamento, turvando a precisão do olhar”.

“Mas continuo porque é preciso continuar, porque é preciso romper os silêncios que impomos a nós mesmos por temor à incompreensão. Pesquisas do mundo inteiro têm demonstrado que as crianças se contagiam menos e com menor gravidade, que também infectam menos”.

“Os argumentos não são meus, claro: tomo-os de revistas científicas, de pesquisadores de Harvard, da Academia Americana de Pediatria, entre outras instâncias autorizadas. E, no entanto, continua a haver forte pressão para que as escolas permaneçam fechadas pelo tempo máximo”.

“Parecem se esquecer que assim se perpetra indefinidamente a ‘catástrofe geracional que pode desperdiçar um potencial humano incalculável’ – nas palavras do secretário-geral da ONU. Se os adultos já estão abatidos e desnorteados, o que pensar das crianças”.

“O resultado, reportam psicanalistas, é uma longa enumeração de quadros sintomáticos, marcados pela ansiedade, pela irritabilidade, pela depressão. Apela-se como nunca à televisão, a qualquer ficção que distraia a criança de sua clausura, que a afaste de sua tristeza, cansaço, frustração e também de um precoce medo da morte”.

“A função da escola vai muito além do ensino ou da transmissão de informação. Tem a função de oferecer por algumas horas ‘uma atmosfera emocional menos densamente carregada que a do lar’, efetuando uma espécie de higiene mental”.

E cita Françoise Dolto: “Uma criança tem necessidade de outras crianças para vacinar-se contra a agressividade da vida em comunidade, e para estruturar-se. É hora de aceitarmos que as crianças são os nossos iguais e que devem ser respeitadas em seus direitos inalienáveis”.