Dolce Vita | domingo, 3 de janeiro de 2021

Todas as luzes para Juliana Lima. Foto: Edy Fernandes

Bom dia novo!

Primeiro domingo do ano novo. Apesar de 2020, feliz 2021 a todos. A palavra chave não é recomeçar, mas continuar. Persistir, lutar, sobreviver, de preferência com luta, humor, tolerância, paciência e resiliência. Cabe também no caldeirão, um quilo de sorte e uma tonelada de solidariedade e generosidade. Esperamos que, como no Natal, todos tenham tido um tempo ou momento, no mínimo, calmo. Outro bom ingrediente para o ano novo funcionar: tranquilidade.

Bom texto

Nada como começar o ano com um texto do último “normal” em que vivemos. É do site “Seu Amigo Guru” e assinado por Cristiane Soares Galdino, em 22 de fevereiro de 2019. Como poderão ler, a reflexão não envelheceu um só segundo. “A triste geração que se estressa e se frustra por tudo”. Vamos a ele, aproveitando o clima de ano novo, pelo menos no calendário. Dois dias de 2021 já se foram, ufa!

Bom toque

“Me deixa! Estou estressado!” A geração que se considera eternamente infeliz. “O que buscam esses meninos? O que lhes prometeram? Que o importante é ser feliz? Que ele pode ser o que quiser, no lugar que quiser? Que se cursar a faculdade X vai se realizar, que se estudar na escola Y vai passar direto e depois é só correr para o abraço? Jovens que vão aos consultórios com demandas frágeis e de muito sofrimento”.

Bom empurrão

“É a dor da falta do ‘não faltar’. Sensação de não pertencimento, de estar perdido, de não saber o que quer da vida, nem saber se quer alguma coisa. Geração de poucos adjetivos. O show das três bandas foi ‘top’, a viagem à Disney foi legal. O aniversário no bufê foi normal. O casamento da melhor amiga foi chato. E se sentem frustrados, mas não identificam o que lhes faltam. Choram pelo golfinho ferido, mas não tiram seu prato da mesa do shopping”.

Toda a paz para Lara Cabral. Foto: Edy Fernandes

Bom atualizar

Pausa para atualizar a reflexão. Tudo isso, no tempo em que os jovens tinham shows, viagens à Disney, aniversários legais - e não ilegais como agora - e casamentos como nunca. No lugar disso, devem estar achando o confinamento insuportável, isso, quando respeitam o distanciamento. No mais devem ser as 24h teclando o celular, o isolamento no quarto, reclamando que o golfinho foi para o brejo. Trabalhar, ler, ajudar em casa que é bom, nada.

Bom voltar

“Colaborar em casa é ‘favor’, arcar com despesas? Nem pensar! Participar de tarefas, seja para fazer compras no supermercado, alimentar os cachorros, ir ao banco, cartório, farmácia… Tudo é postergado, é exaustivo”. E lembrem-se que, com máscara, álcool em gel e devidos cuidados, é possível fazer isso e muito mais. “Geração das polpas de frutas; não descasca laranja, não chupa caroço de manga”.

Bom continuar

Vive de sonhos áureos, mas não quer pisar no chão quente para alcançar estas e outras frutas, com a banana que merece. “Começar a trabalhar sem muito ganhar, nem pensar. Quem marca suas consultas, médicos, dentistas? Não visita avós (agora com ótima desculpa, a Covid-19), não sai de seus quartos vivendo no mundo irreal do Instagram. Aponta defeitos com comentários maldosos nas redes sociais”.

Tudo de novo no ano novo para Lili Miarelli. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

Sem esquecermos que o texto é anterior à pandemia, Cristiane Soares Galdino continua: “Eles não elogiam. Acreditam que todos exigem muito deles. Não oferecem seus préstimos”.

“Reclamam do mínimo obstáculo. Culpam os pais por forçarem a barra. Na escola, solucionaram problemas matemáticos em turmas avançadas e não conseguem solucionar problemas reais”.

Problemas enormes “como tirar segunda via de boletos, ir à repartição pública e lidar com burocracias…”. E pensar como seriam bons e úteis neste “novo normal”, cada vez mais digital!

“Querem respostas rápidas, fáceis e ficam aborrecidos sempre, mesmo quando essa resposta vem. Entediam-se”.

“Trocam de escola, de curso, de emprego, de parceiros, de amigos, nada e nem ninguém os compreende”.

“Nada os preenche. Culpam o sistema, a família, o amigo difícil, o porteiro chato, a coordenadora do curso, a lei, o chefe que exige”.

“Reclamam do almoço, de não ter roupa pra sair, de não ter dinheiro. Passam o dia no ar-condicionado, consumindo o salário dos pais”.

“Andam de carro, Uber, táxi… Não lavam suas cuecas, nem suas calcinhas. Não buscam conhecimento. Nem espiritualidade”.

“Não se encantam com decorações natalinas, nem com um ipê florido no meio da avenida. Reivindicam direitos de expressão e não oferecem nada em troca. Nenhuma atitude”.

“Consideram-se vítimas dos pais. Julgam. Juízes duros! Impiedosos! Condenam. Choram pelo cachorro maltratado e desejam que o homem seja esquartejado”.

“Compaixão duvidosa. Amorosidade mínima. ‘Preciso disso! Tem que ser aquilo!’ E haja insatisfação! Infelicidade. Descontentamento. Adoecimento. Depressão. Suicídio…”.

“Geração estragada. Inconformada. Presa em suas desculpas. Acomodada em suas gaiolas de ouro. Inertes, não assumem a responsabilidade de viver, de se mexer”.

“De traçar seu caminho, de enfrentar o que está fora da caverna de Platão. Postam sorrisos, praias paradisíacas, mas não se banham no mar curador”.

“Limpam o lixo na praia com os amigos e não arrumam a própria cama. Em casa, estampam tristeza, sofrimento, dor… a dor de ter que crescer sem fazer por onde… merecer”.

Agora aqui entre nós. O texto de Cristiane pode ter envelhecido, mas só um pouco. 2020 ensinou-nos muito, inclusive à esta geração.

Mas o problema vai além de 2020 e de 2021. Precisamos sempre é de aprender e de crescer.

De nada adiantarão as lições obrigatórias da Covid-19 e 20, se as cabeças continuam em 2019, 2018 ou voltarem ao “normal”, depois de tudo. Em 2022?